terça-feira, 31 de julho de 2012

Volta, de Ana Cañas


Décima sexta colocada na lista das 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos da MPB, Ana Cañas merece todos os títulos de uma grande cantora e mereceu o destaque na cena musical devido a sua estrutura na forma de compor, na arte de cantar e na elaboração de seus discos (excelentes, por sinal). Ana é o sinônimo de uma estrela em ascensão, que adora jazz e consegue flertar maravilhosamente bem por sons que captam sua forma de cantar e sua diferenciação sobre o estilo de suas canções. Formadora de opinião através da música, Ana Cañas lança um disco difícil e que entra para a galeria dos discos consagrados na nova MPB.

Terceiro disco de Ana Cañas
Gestado e gravado em sítio de Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), o terceiro CD da cantora e compositora paulista Ana Cañas, Volta, foi lançado no dia 15 de junho de 2012. Produzido por Cañas, o disco abre o selo da artista, Guela Records, e chega às lojas com distribuição da gravadora Som Livre.  A capa do sucessor de Amor e Caos (2007) e Hein? (2009) - discos editados pela Sony Music - expõe autorretrato de Cañas, que volta ao disco com parcerias com o baixista e compositor Dadi Carvalho. Com Dadi, Ana assina Todas as Cores, Será que Você me Ama? e a bossa-novista Amar Amor - músicas alocadas em Volta entre releituras de sucessos da cantora francesa Edith Piaf (1915 - 1963) (La Vie en Rose, 1946), do grupo britânico Led Zeppelin (Rock'n'Roll, 1971) e dos standards norte-americanos My Baby Just Cares For me (Walter Donaldson e Gus Kahn, 1930) e Stormy Weather (Harold Arlen e Ted Koehler, 1933). De sua lavra solitária, Cañas apresenta o reggae Difícil, o blues Diabo, o r & b de toque spiritual Urubu Rei e baladas como Feito pra Mim. Masterizado no Metropolis Studios de Londres, Volta teve várias músicas registradas já no primeiro take, no clima de gravação ao vivo.



 Eis as 16 músicas (e seus respectivos autores) do álbum Volta:



 1. Será que Você me Ama? (Dadi e Ana Cañas)

 2. Difícil (Ana Cañas)

 3. Urubu Rei (Ana Cañas)

 4. No Quiero Tus Besos (Natalia Lafourcade e Ana Cañas)

 5. Diabo (Ana Cañas)

 6. La Vie en Rose (Louiguy e Edith Piaf)

 7. My Baby Just Cares For Me (Walter Donaldson e Gus Kahn)

 8. Feito pra Mim (Ana Cañas)

 9. Todas as Cores (Dadi e Ana Cañas)

 10. Volta (Ana Cañas)

 11. Rock and Roll (Jimmy Page, John Paul Jones, John Bonham e Robert Plant)

 12. Foi Embora (Ana Cañas)

 13. L'Amour (Ana Cañas)

 14. Falta (Ana Cañas)

 15. Amar Amor (Ana Cañas e Dadi)

 16. Stormy Weather (Harold Arlen e Ted Koehler)



Volta / Ana Cañas

Nota 10

Marcelo Teixeira

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Diário de Um Dia, de Roberta Campos: maravilhoso




A cantora mineira Roberta Campos: reservada
À primeira audição, a cantora, violonista e compositora mineira Roberta Campos, natural de Caetanópolis (MG), pode parecer apenas mais uma das dezenas de vozes suaves femininas que apareceram nos últimos anos. É só impressão. Além de compositora de boa parte das faixas do recém-lançado segundo álbum, Diário de Um Dia, ela recupera o estilo dos menestréis, se cerca de ótimos parceiros e músicos, e escolhe boas canções de outros autores para criar um disco conceitual e consistente. Produzido e mixado por Rafael Ramos, o trabalho destaca-se também pela riqueza dos arranjos.

A proposta de aconchego proposta pela cantora fica explícita logo na faixa-título, composta por ela e que abre o trabalho: Deita do meu lado / Passo o feriado / Todo com você / Toda minha vida / Numa tela colorida / Vejo o sol nascer. Ela é sucedida por Rio Sem Água, marcada por uma grandiosidade orquestral, proporcionada pela percussão de Marcos Suzano, baixo de Dunga, Fender Rhodes de Humberto Barros, os teclados de Fabrizio Iorio e Mellotron do produtor Rafael Ramos.

A balada Meu Nome é Saudade de Você, de Paulinho Moska, que faz backing e toca violão, é romântica, sem ser piegas, e confirma o tom do álbum, marcado pela interpretação que cria uma intimidade com o ouvinte, marcada até por certa infantilidade tonal, e apresenta uma grande profusão de cores, combinando com uma sonoridade que remete ao grupo mineiro 14 Bis: Vem me matar / Que o meu nome é saudade de você / Vem me amar / Nunca some a vontade de te ver / Tento tanto entender / E continuo sem saber.

Uma pegada pop eletrônica marca Quem Me Dera, de Zélia Duncan, que conta com a guitarra preciosa de Davi Moraes, a viola de Christiane Springel, o violino spalla de Bernardo Bessler, o violoncelo de Marcos Ribeiro, os violinos de Ruda Issa, Rogerio Rosa, Marco Catto, Pedro Mibielli e Carol Panesi, e os arranjos de cordas do craque Lincoln Olivetti. O mesmo clima segue na triste Sete Dias, parceria com Danilo Oliveira, e no hit nato Carne da Boca, de Mauro Sta. Cecília, Frejat e Guto Goffi, e que traz a Lap Steel e o Mandolim de Christiaan Oyens, conhecido pelo trabalho com a mesma Zélia Duncan: Agora descubra quem diz a verdade / A carne da boca, teus beijos que ardem.

O clima delicado da menestrel Roberta Campos retorna na doce Pedaço do Céu e nas parcerias com Carolina Zocoli, A Suave Volta e De Você Pra Mim. Se elas se aproximam no pop romântico, pontuado por batidas eletrônicas, as três canções possuem letras que tratam da saudade do amado, que provoca uma paixão cada vez mais avassaladora, e são marcadas até por certa pieguice, cujo clímax vem em De Você Pra Mim: Minha fortaleza é você / Suas palavras me deixam tão feliz / Toda vez que te encontro não me sinto só.

Com ares Beatles psicodélicos, marcados pelos samplers de cordas de Humberto Barros e pelo Mellotron de Fabrizio Iorio e Rafael Ramos, Só Para Depois, marca o momento de sofrimento e crise amorosa. Mas para chegar de sofrimento, em seguida, vem o rock E Eu Fico e depois o romance é retomado no country delicioso, com ares de Clube da Esquina, Vida Prática do Tempo: Nós dois num barco a remo / Passo a passo / Nós dois e um manual / Da vida prática e do tempo / Mais fácil te dizer / Do que esconder o meu amor / Preencho as páginas em branco / Pontuo os nossos desenganos.

Diário de Um Dia destaca-se, portanto, por dois aspectos principais. A unidade temática das canções que se unem umas as outras tematicamente, como um diário que retrata um amor que chega avassalador, com potência máxima, atinge seu ápice e entra em crise, com a narradora sofrendo inicialmente e depois se recompondo, demonstrando ter forças e vontade para começar tudo de novo. Tudo marcado pela doce, mas segura, interpretação da menestrel pop roqueira Roberta Campos.



Diário de Um Dia / Roberta Campos

Nota 10

Marcelo Teixeira




sábado, 28 de julho de 2012

Tudo Tanto, pré lançamento do novo disco de Tulipa Ruiz





Pré lançamento do aguardo CD de Tulipa
No próximo dia 30 de julho, está programado o lançamento do segundo e esperado CD é a cantora Tulipa Ruiz. Dois anos depois de Efêmera ter ganhado prêmios e de ter sido eleito o melhor trabalho do ano em diversas listas, colocando a artista como uma das maiores promessas de sua geração, o futuro chegou para Tulipa. Selecionado no edital nacional 2011 da Natura Musical, o espetáculo de estreia da turnê de lançamento está marcado para 30 de agosto, no teatro Castro Alves, em Salvador. Depois, os shows passam por São Paulo, Rio, Curitiba, Porto Alegre, Belém e Brasília. No novo trabalho, das 11 faixas, Tulipa compôs 2 sozinha. A de abertura, É, e a de encerramento, Cada Voz, apresentada anteriormente em shows e agora interpretada pelo São Paulo Underground, de Mauricio Takara (synth), Guilherme Granado (marimba), Richard Ribeiro (bateria) e Rob Mazurek (trompete). Outras sete são assinadas por Tulipa e seu irmão, Gustavo Ruiz, produtor do disco. Das parcerias com Gustavo, destaque para Ok, Quando Eu Achar, Script, Expectativa e Bom. Ao lado de Gustavo, Tulipa também compôs o tema com maior potencial de hit de Tudo Tanto, a pop Dois Cafés, com vocais e guitarra de Lulu Santos. Tudo Tanto ainda traz duas parcerias inéditas de Tulipa. Uma delas, Like This, com Ilham Ersahin, da banda americana Wax Poetic. A outra, Desinibida, com Tomás Cunha Ferreira, do grupo português Os Quais.



Marcelo Teixeira


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sou, de Marcelo Camelo: Genial


Sou (2008), um ótimo disco solo de Camelo
Fim de domingo depressivo. É quando eu escrevo os textos para os posts de segunda-feira, sabendo que esse metrô cheio de gente (sim, iniciei este artigo num vagão de metrô), mas vazio de sentimentos, me aguarda mecanicamente frio e esnobe, transformando qualquer esperança de transportar-me decentemente nessa cidade em uma realidade bruta, barulhenta e amarga. A trilha sonora para a viagem da segunda-feira sempre é mais especial. Preciso do equilíbrio entre algo novo que estou começando a escutar e algo que eu já ouvi muito, mas que não me canso de dar play de novo. E se tem um álbum que eu não canso de escutar é o Sou do Marcelo Camelo. Assim como o Sweet Jardim da Tiê, o Sou é o CD que naquele momento de não sei o que ouvir agora, preciso de algo que me distraia o suficiente e não me faça querer pular nenhuma música, ele sempre é uma das primeiras opções.

Estaria sendo presunçoso demais se eu falasse que Marcelo Camelo é um dos maiores gênios nacionais da atualidade. Mas é difícil algo me fazer mudar de ideia quanto a isso. Claro que existem outros artistas geniais por aí, mas nada que particularmente me faça ter a mesma sensação de quando ouço Los Hermanos/Marcelo Camelo. Um cara qualquer, sem apelo midiático, que dispensa o status de famoso pra ser reconhecido pela música que faz; um cara que, antes de qualquer outra coisa, transmite sentimento e emoção nas músicas. Interpretação da dor sem exageros, a saudade transformada em música. Genial.

Ouvir o Sou me faz esquecer quem está a minha volta, ao mesmo tempo em que fico tentando imaginar o que cada uma daquelas pessoas no metrô está sentindo no momento. Será que elas estão felizes porque o time delas ganhou no domingo? Será que estão tristes porque já é segunda-feira e as vidas delas continuam a mesma merda? Envolto nesses pensamentos está o som calmo de músicas como Téo e a Gaivota dizendo que Toda dor repousa na vontade, todo amor encontra sempre a solidão e Doce Solidão, que associa a solidão à liberdade nos primeiros versos Posso estar só, mas sou de todo mundo.

Não faltam elogios nem palavras pra falar sobre esse CD. E ultimamente as músicas desse disco se tornaram tão especiais na minha vida, que me trazem boas e más lembranças. As músicas Liberdade e Santa Chuva (música gravada com grande emoção por Maria Rita em seu disco de estreia) carregam uma força emocional muito grande, meus olhos ficam marejados toda vez que as ouço. Choro todas as noites de saudade.



“É Deus, parece que vai ser nós dois até o final


 Eu vou ver o jogo se realizar de um lugar seguro”.




Marcelo Camelo lançou nesse ano o segundo álbum solo dele, Toque Dela. Tem ótimas músicas e futuramente quero escrever sobre ele também. Mas novamente associando ao Sweet Jardim da Tiê, o Sou (lançado originalmente em 2008) é outro álbum de estreia que eu gosto muito mais do que o segundo CD. Só de pensar que estão juntas as músicas Tudo Passa, Janta (com a mulher Mallu Magalhães), Menina Bordada, Copacabana, Vida Doce, além das que eu citei acima e outras, não tem como pular uma faixa sequer do CD, não tem como não gostar ou não se emocionar.

O álbum tem algumas participações, como a de Dominguinhos no acordeom, duas músicas no fim somente no piano, letras croniqueiras, de amor, de saudade, e claro, o violão contagiante do Camelo em todas as composições. Não perca tempo, não morra sem ouvir esse CD. O metrô se tornará um ínfimo problema enquanto você estiver ouvindo-o.



Sou / Marcelo Camelo

Nota 10

Marcelo Teixeira


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Márcia Tauil e o ótimo CD Sementes no Vento




Um dos mais belos discos da MPB
Márcia Tauil é uma dessas cantoras raras, com sensibilidade, refinamento, encantamento e uma voz cristalina. Não existem comparações entre Márcia e outra cantora qualquer, porque não existe uma cantora que seja igual a ela ou que seja parecido com seu estilo. Conheci seu trabalho meio que por querer: estava indo a procura do novo disco de Fabiana Cozza, em 2003, quando me deparei, por entre outros discos de MPB, com uma capa simples, singela, com sementes ao vento. A cantora em questão eu não conhecia, mas o compositor Eduardo Gudin, sim. Olhei as músicas: algumas conhecidas, outras nem tanto. Pensei: seria uma grande surpresa conhecer as músicas de Gudin que eu jamais tinha ouvido e, de tacada, conheceria a cantora Márcia Tauil. Foi um achado e tanto. Márcia me pegou pelo ouvido e pela excelente voz e seu disco era uma alegria para mim, para a MPB, para a cultura brasileira.

Dona de uma voz com potencial, Márcia Tauil é um nome que merece maior destaque entre as grandes cantoras da nova MPB. Sementes no Vento teve repercussão direta de quem ouviu e ainda hoje é o disco que mais ouço. Por quê? Porque é um disco lindo, maravilhoso, sensível, agradável, único. Márcia abrilhantou as canções de Gudin e Costa Netto com uma perfeição capaz de transformar músicas antigas como Verde e Paulista (cantadas por Leila Pinheiro e Vânia Bastos) em um dos achados mais harmoniosos do disco.



“Amor dedicado e cruel

Estranho papel que vivi

De tanto tentar ser fiel

Te trai”

Trecho da música Nossos Caminhos, da dupla Gudin / Costa Netto



Ouvir Márcia Tauil é uma das maiores maravilhas do mundo. A sensibilidade afetiva que encontramos em Sementes no Vento é tão visceral, tão presente e tão arquitetônica, que nos deixa a sensação de que a MPB está salva por artistas como ela. Criadora de um estilo que serve de inspiração a muitas cantoras novas, Márcia Tauil é o oposto das cantoras de sucesso rápido e sem poesia. Sua musicalidade é tão viva e tão rica, que sou obrigado a dizer, desde o lançamento do Mais Cultura!, em novembro de 2011, que ela é uma cantora que exala musicalidade, transpira energia positiva, canta maravilhosamente bem, emite sons característicos e é uma das grandes cantoras que este País já conheceu.

Sementes no Vento é uma obra-prima. A começar pelas canções escolhidas a dedo e pela bela voz de Márcia, o disco merece todos os destaques que um artista necessita. Músicas de excelente gabarito, sambas em grande estilo e homenagens a Chico Buarque na canção Poeta Maior, o disco é um achado e tanto e merece o respeito de todos os verdadeiros amantes da MPB e que precisa ser descoberto, devorado, engolido, mastigado, venerado e apresentado a amigos, familiares e cantarolado aos quatro ventos. Ser obra-prima não basta. Márcia Tauil é um troféu digno de estandarte e louvor.


O disco abre com a bela canção Antigos Sinais, já cantada pela cantora Beth Nazar e, de quebra, arremata ouvidos salientes de musicalidade, tamanha a perfeição na doçura de sua voz e nas belas frases de efeito que a dupla de compositores fizeram. Seguindo por Mensagem, já cantada por Vânia Bastos (esposa de Gudin), cujo tem versos brilhantes, capaz de nos apegar à música na primeira audição. Indo um pouco mais atrás no tempo, Ensaio do Dia foi composta em 1984 e cantada por Leila Pinheiro e aqui a mensagem é tão rica e deslumbrante que mais parece que a canção fora feito nos dias de hoje. Contando com a participação do cantor José Renato Fressa, a música rende um brilho confortante, regado às belas interpretações dos dois artistas.



“Vem olhar

O mau tempo se dispersou

O meu pranto eu já enxuguei

O meu sonho não desbotou”

Trecho de Sementes no Vento, da dupla Gudin / Costa Netto





Mas o que são as tais sementes no vento? As sementes que Márcia Tauil canta são aquelas deixadas pelo monstro sagrado compositor Eduardo Gudin em parceria com o também sensacional compositor Costa Netto, formando assim, em um disco aonde as sementes foram muito bem plantadas a começar pela bela e rica interpretação da cantora. Uma responsabilidade e tanta da dupla em convidar para beneficiar e agraciar suas canções com uma cantora desconhecida (até então) do grande público. Geralmente este feito é carregado por derrotas e tristezas, tendo em vista que sementes plantadas em terras novas não dão o fruto esperado. Mas Márcia Tauil prova e comprova que sua musicalidade estava acima de tudo e de qualquer suspeita. O disco é, sem sombra de vestígios, um dos mais belos de toda a MPB dos últimos anos.

Se as sementes que Eduardo Gudin e Costa Netto jogaram ao vento e espalharam-se no ar, Márcia Tauil foi autêntica em poder junta-las e canta-las em um disco sensacional, virtuoso de aplausos efusivos para todo o sempre. Esperemos que no baú de Gudin ainda existam mais sementes e que Márcia possa grava-los em um disco futuro ou, quem sabe, pincelar uma ou outra canção da dupla, para a nossa plena felicidade.

Tímido, resguardado por trás de retinas capazes de apreender – e compreender – o mundo dos afetos e suas sublimações, Eduardo Gudin compôs uma obra repleta de sambas, canções e peças instrumentais, prova de seu amplo desdobramento como compositor, letrista, cancionista, arranjador, produtor de discos e musicais e, antes de tudo, um criador efetivamente atrelado a uma estética própria, capaz de conciliar beleza, refinamento e sofisticação em suas melodias.



“O carnaval de cada dia

Alegoria de um amor

Onde passa sempre disfarça a nossa dor”

Trecho da música O Carnaval de Cada Dia, da dupla Gudin / Costa Netto



Com destaques para Conciliar, Mensagem, Samba de Verdade e O Carnaval de Cada Dia, o disco é, para mim, um dos melhores que tenho em casa e na minha coleção. Ouvir Márcia Tauil, ouvir Sementes no Vento, ouvir canções emaranhadas de entusiasmos e eufemismos e parábolas de Eduardo Gudin e Costa Netto em um momento em que a Cultura Brasileira exige cuidados para não tropeçar, é um grande remédio. Remédio para não pouparmos elogios a um grande time de compositores, a um grande disco e a uma grande cantora chamada Márcia Tauil.



Faixas



·       01 Antigos sinais (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       02 Mensagem (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       03 Ensaio do dia (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       04 Poeta maior (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       05 Samba de verdade (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       06 Conciliar (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       07 Nossos caminhos (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       08 Paulista (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       09 Verões virão (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       10 Verde (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       11 Coração aberto (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       12 O carnaval de cada dia (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)

·       13 Sementes no vento (Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto)



Sementes No Vento / Marcia Tauil

Nota 10

Marcelo Teixeira

quarta-feira, 25 de julho de 2012

João Bosco - 40 Anos Depois


João Bosco em sua plena forma
Se Elis Regina estivesse viva, na certa gravaria Papel Marchê, música composta por João Bosco e Aldir Blanc nos anos 90 e que foi a música mais executada e gravada por grandes nomes da MPB. Se João Bosco tivesse composto a canção nos anos 70, certamente Elis a gravaria e com estrondoso sucesso. Zizi Possi, que fora cogitada como a sucessora de Elis após sua morte precoce, gravou a canção lindamente, que não precisaria de retoques ou outra grande interprete para canta-la. Assim como Milton Nascimento, as músicas de João Bosco foram feitas para Elis, mesmo as compostas nos anos 90 e no início do século vinte e um. As músicas do disco Na Esquina remete ao disco Elis 1973, tamanha a bela conjuntura de jogos de palavras. Isso acontece com o disco Os Malabaristas do Sinal Vermelho (2003), em que algumas faixas nos dão a dimensão de que Elis está ali, captando o som, administrando as palavras, sentindo a letra da canção.

Se 40 minutos são uma eternidade, 40 horas são demoradas e podem-se produzir maravilhas, imagina o que se pode fazer em 40 anos! São tantos se, que João Bosco, completando 40 anos de sucesso e carreira, pode se dar ao luxo de dizer que fez muito pela música, pela MPB, pela cultura brasileira e por todos nós. Cantado por ilustres bambas da MPB, de Clementina de Jesus a Caetano Veloso, Ana Carolina, Céu, Maria Rita, Chico Buarque, Clara Nunes e Rebecca Matta, João Bosco é um ícone a ser respeitado no cenário musical de todos os tempos e seu legado é de extrema competência.

Aos 65 anos, o cantor e compositor de Ponte Nova, cidade da zona da mata mineira, retorna para onde tudo começou: a canção Agnus Sei, parceria dele com Aldir Blanc, lançada em 1972, num disco de bolso comercializado pelo jornal O Pasquim. Com forte influência da arte barroca mineira, o cantor dá nova roupagem à canção ao contar com a participação especial dos também mineiros Milton Nascimento e Toninho Horta. Faces sob o sol, os olhos na cruz / Os heróis do bem prosseguem na brisa da manhã / Vão levar ao reino dos minaretes / A paz na ponta dos arietes / A conversão para os infiéis.

Os tais mestres da tradição e de geração escolhidos por João Bosco são Tom Jobim, presente com Fotografia; o cubano Ernesto Grenet, com a charmosa Drume Negrita; Paulinho da Viola, com Tudo Se Transformou; Noel Rosa, na parceria com Vadico, Pra Que Mentir; e Milton Nascimento, com a parceria com Márcio Borges, Tarde (um dos símbolos do Clube da Esquina) e instrumental Julia (ironicamente o nome de sua filha, a também cantora Julia Bosco), que conta com a participação do amigo de longa data e pianista Cristóvão Bastos. Chico Buarque é o autor de Bom Tempo, a qual interpreta com João Bosco e que termina como se fosse um poderoso samba-enredo.

Chico Buarque faz outro dueto com João Bosco num dos maiores sucessos deste, O Mestre-Sala dos Mares, parceria com Aldir Blanc lançada no álbum Caça a Raposa, de 1975. Do mesmo trabalho, vem outras três parcerias com Blanc – a faixa-título, “Bodas de Prata, que conta com Toninho Horta e Cristóvão Bastos; e De Frente Pro Crime, com a cantora Roberta Sá e o instrumental Trio Madeira Brasil. Esse trio também está presente em Plataforma, outra composição de Blanc-Bosco, originalmente do álbum Tiro de Misericórdia, de 1977.

Da safra mais recente, aparecem Tanajura, do disco Não vou pro céu, mas já não vivo no chão, de 2009; Jimbo no Jazz, parceria com Nei Lopes, do mesmo trabalho; e a maravilhosa Eu Não Sei Seu Nome Inteiro, do disco Os Malabaristas do Sinal Vermelho composta com o filho Francisco Bosco e o eterno amigo João Donato, que participa tocando piano.

João Bosco é acompanhado de músicos que já estiveram com ele nas estradas da vida. São eles: Ricardo Silveira (guitarra), Nelson Faria (guitarra), Jorge Helder (baixo acústico), João Baptista (baixo elétrico), Armando Marçal (percussão) e Kiko Freitas (bateria). E, desse modo, o artista estabelece, mesmo que sem se valer das músicas mais conhecidas do grande público, um intenso diálogo com seu passado e com o futuro.



João Bosco – 40 Anos Depois

Nota 10

Marcelo Teixeira

terça-feira, 24 de julho de 2012

As excluídas da lista das 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos


Maria Rita canta bem, mas perdeu-se muito
Ser a maior ou a melhor cantora dos últimos 10 anos no cenário musical brasileiro é de uma responsabilidade enorme, gigantesca e que exige uma disciplina espetacular. Muitas poderiam figurar o topo da lista, muitas inclusive das que estão na seleta lista, mas alguns critérios me fizeram crer que algumas cantoras boas ou medianas não poderiam jamais entrar para o rol das 20 melhores cantoras dos últimos 10 anos. Ou por falta de critérios ou por falta de simbolismos ou simplesmente por faltar alguma característica importante em suas carreiras, limitei-as de pôr em contraste com grandes nomes que me foram surgindo à mente e pondo numericamente na lista. Como eu havia dito no artigo que antecedia a primeira colocada, alguns critérios foram pensados e os prós e contras foram arremessados contra o ventilador na esperança de que futuramente este artigo pudesse ser escrito.

Recebi uma quantidade suficiente de e-mails e mensagens de leitores ávidos e antenados com o Mais Cultura! e que sugeriram cantoras maravilhosas, como foi o caso de Mariene de Castro, Fernanda Takai, Mônica Salmaso e até mesmo de Paula Lima. No caso da Mariene de Castro, que tem uma carreira brilhante, uma voz e um gingado que só ela tem, não poderia figurar na lista puramente porque ainda não é o seu momento, não é a sua hora, embora seus discos tragam a tona a Bahia de todos os santos, a naturalidade nordestina e a beleza negra, mas ainda faltam argumentos para que ela entre definitivamente para a minha lista pessoal, embora seus dois discos já tenham sido elaborados em artigos que destacaram a sua presença de palco e a sua originalidade.


Paula Fernandes: a pior
Fernanda Takai e Mônica Salmaso são cantoras já carimbadas e estão na estrada há anos, o que infelizmente não condiz com o teor que a proposta do blog sugeria. Paula Lima, que tem carisma, bons discos, boa voz, bom gingado, não poderia figurar na lista puramente porque a cantora se perdeu nas regravações que vem fazendo e na miscelânea de estilos que vem abordando. Definitivamente, as cantoras citadas não poderiam figurar na lista. Mas dentre os e-mails que recebi, muitos leitores e amigos sugeriram nomes de quatro cantoras que praticamente fiquei surpreso ao ler e ainda mais surpreso porque duas poderiam entrar (tanto que fiquei semanas penosamente pensando na possibilidade delas estarem entre as 7 melhores) e as outras duas nem passaram pela minha cabeça. Trata-se de Maria Rita, Maria Gadú, Luiza Possi e Paula Fernandes.

Vou começar pelas mais fáceis.

Luiza Possi: meio infantil, meio adolescente
Luiza Possi é um doce de cantora (sua participação no disco de Martin’lia) é fantástica, mas a sua carreira ainda não deslanchou, ou seja, suas músicas ainda não estão na medida certa, sua postura musical ainda não está ajustada, sua presença de palco ainda não é o suficiente para agradar e sua voz às vezes soa cansativa. Iniciou a carreira abraçada à mãe e teve todo o amparo do pai, mas seus discos beiram a infantilidade e a transformação da mulher, porém, uma ou outra música de seus discos vale a pena ouvir. O resto é resto. E ponto. Paula Fernandes é, pra mim, a pior cantora do cenário musical brasileiro de todos os tempos, tanto que aqui no Mais Cultura!, ela foi eleita a pior cantora do Brasil. Sua voz é fanhosa, ela canta mal, se veste mal, não tem emoção, não tem presença de palco e ainda por cima não abre a boca ao cantar. Definitivamente, Paula Fernandes não figuraria a lista nunca.

As duas cantoras que poderiam adentrar na lista são Maria Rita, que pensei seriamente em deixa-la na terceira colocação e Maria Gadú, que estaria na quarta. Maria Rita é uma excelente cantora, dessas que brota a emoção ao cantar, mas temos a Maria Rita antes o disco de estreia e a Maria Rita pós a música A Festa e Encontros e Despedidas. Antes, Maria Rita tinha mais potencial, mais estilo de cantora determinada, mais firmeza na voz e na postura. Hoje, Maria Rita se mostra frágil, cansada às vezes e literalmente a retirei da lista das 20 melhores cantoras depois de sua incursão pelo mundo musical da mãe, a grande Elis Regina.

Maria Rita ainda não se encontrou e vive de regravações que não lhe servem de nada. Todos os seus discos tem músicas de terceiros ou manjadíssimas e isso é tão irrelevante em se tratando de Maria Rita, que fica difícil, agora, imaginar um novo disco sem uma regravação qualquer. Ainda não aconteceu o grande disco da cantora e espero que um dia isso aconteça, embora seja remoto desse acontecimento vir à prova final. Maria Rita tem capacidade, tem potencial e tem o triunfo nas mãos de ser filha de uma das grandes cantoras deste País. Mas perde-se no quesito musical, engolfada por grandes estardalhaços fora de órbita.

Maria Gadú: ela precisa amadurecer
Maria Gadú nasceu como um meteoro, mas perdeu-se no fio condutor ao juntar-se a Ana Carolina, cantora que já perdeu a credibilidade há anos. A cantora tinha até um certo potencial, seu disco de estreia foi elogiadíssimo por muitos, inclusive eu mesmo fui um dos que estavam no coro, mas Maria Gadú ainda precisa amadurecer, podar raízes, sentir mais a emoção da verdadeira musicalidade que existe dentro dela, mas que ainda não percebeu e mesmo seus discos sendo de uma variante maravilhosa, seu estilo ainda é considerado pop. Um pop dançante, um pop adolescente, um pop caricato às vezes. Maria Gadú tenta, por vezes, passar a imagem de mulher madura, uma garota que nasceu pra cantar (e ela tem essa potencialidade), mas sua singularidade é atemporal para os dias de hoje. Porém, Gadú ainda é uma cantora genuinamente brasileira e espero que seus próximos discos tenham mais o sabor da verdadeira síntese que a música popular brasileira exige.

Por todos esses argumentos, espero ter sanado as expectativas de todos os leitores que exigiram Maria Rita, Maria Gadú, Luiza Possi e Paula Fernandes como as campeãs na lista das 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos.



Marcelo Teixeira.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

1º lugar: Roberta Sá - As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos




Roberta Sá, a Melhor Cantora

Roberta Sá é uma dessas cantoras que te agarram pelo ouvido, pela boca do estômago, pelo conjunto da obra, pela presença de palco, pela rica musicalidade que tem, pelo coração, pelos poros, pela cultura transversal, pela pele. Assim como as outras cantoras já citadas em artigos posicionados aqui no Mais Cultura!, Roberta é, sem sombra de imprecisões e sem argumentos, a maior e melhor cantora dos últimos 10 anos surgidas na Música Popular Brasileira. Seu estilo é único, agraciado e encanta multidões. Sua voz é cristalina, pura, sensacional e, sem resquícios, um calmante para nossa civilização. Ter Roberta Sá como produto brasileiro, como pessoa brasileira e com sua brilhante carreira em tão pouco tempo de existência profissional, é ter a nítida certeza de que ainda podemos respirar, cantar, ouvir, suspirar e festejar com a MPB. A música agradece e agradece àqueles que acompanham sua magnífica carreira.

Com discos maravilhosos e caprichados, Roberta Sá segue a linha tênue de uma das maiores estrelas da nossa música em um futuro não tão distante. Hoje ela é a maior (tanto que figura a primeiríssima colocação no Top 20) e será em poucos anos, considerada referência musical para estrangeiros. Roberta Sá é o prestígio em pessoa. Aclamada por Chico Buarque e Caetano Veloso e tendo como padrinho musical ninguém menos que Ney Matogrosso, Roberta Sá segue uma linha entre a esperança de se fazer boa música e a certeza de que vai fazer uma boa música. Prestem atenção em seus discos. Degustam com prazer sua voz. Fechem os olhos e ouçam e sintam e mastiguem Roberta Sá.



“Escute o que vou lhe dizer

Um minuto de sua atenção”

‘Samba de Um Minuto’, do disco Que Belo e Estranho Dia Pra Se Ter Alegria.


Em 2004 veio o primeiro disco, Braseiro, com produção de Rodrigo Campello e a direção de voz e coro de Felipe Abreu. O repertório é uma declaração de amor à música popular brasileira. Pelo menos a que eu conhecia até aquele momento. É um álbum de memórias musicais afetivas. Ney Matogrosso, MPB-4 e Pedro Luís e A Parede foram os convidados. Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria, o segundo disco, foi lançado em 2007. Lenine, Carlos Malta e Pife Muderno, Hamilton de Holanda Silvério Pontes e Zé da Velha foram os convidados especiais. Dois anos depois, Roberta Sá reuniu o repertório dos dois primeiros álbuns no show Pra Se Ter Alegria, que contou com a direção do cantor e compositor Pedro Luís e da jornalista Bianca Ramoneda. A apresentação resultou em um DVD dirigido pela Samba Filmes e um CD que reúne sucessos como Alô Fevereiro, Interessa?, Janeiros, Mais Alguém, Eu Sambo Mesmo e Agora Sim. Um ano após o lançamento, Roberta ganhou o prêmio de DVD de Ouro.



“Eu tô na crista da onda

Eu tô fazendo sucesso,

Tô no topo do Cristo

Sou o motor do progresso

Faço tudo pra chegar no primeiro lugar

Que eu não sei onde é, mas deve

Ser melhor do que aqui”

‘Altos e Baixos’, do disco Segunda Pele.



O projeto seguinte de Roberta Sá nasceu numa conversa na Lapa. Em 2010, ela se juntou ao Trio Madeira Brasil (de Marcello Gonçalves, Zé Paulo Becker e Ronaldo do Bandolim) e gravou Quando o Canto é Reza, homenagem ao compositor baiano Roque Ferreira. O disco tem coco, maxixe, samba carioca, maracatu, samba-de-roda e 13 canções do compositor – oito delas, inéditas. No final de 2011, Roberta ultrapassou a marca de 200 mil discos vendidos, com dois CDs e um DVD de Ouro. Apresentou, no ano passado, mais de 100 shows em vários estados brasileiros e em Portugal.

Segunda Pele, de 2012, é seu quinto disco, cujo teve um artigo postado aqui no blog, com bastante entusiasmo por mim, aonde denota a inspiração, a leveza, a estrutura musical muito bem amparada e respeitada por Roberta Sá.

Por todos esses adjetivos e por todo o respaldo que a jovem e bela Roberta Sá prestigia a MPB, a Cultura Brasileira e o Brasil, ela merecia, sem vestígios, o primeiro lugar e marcar, definitivamente, seu nome na nossa música popular brasileira.



Troféu de Ouro

Primeiro Lugar: Roberta Sá

As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos

Marcelo Teixeira


sexta-feira, 20 de julho de 2012

A Melhor Cantora dos Últimos 10 Anos



A Melhor Cantora está nas entrelinhas deste artigo
Escrever sobre a melhor cantora dos últimos 10 anos não foi uma tarefa fácil. A bem da verdade, essa ideia surgiu quando estava em viagem por João Pessoa, quando entrei em uma loja de discos em um shopping e dei de cara com cantoras pouco conhecidas e divulgadas por aqui, como foi o caso de Márcia Castro, Luisa Maita e Barbara Eugenia. Cantoras essas que tem um prestígio enorme e um talento incomum, elas não poderiam deixar de figurar a minha lista pessoal e integrarem a seleta corporação das melhores cantoras dos últimos 10 anos. Como fã absoluto da MPB num contexto geral, corri para formar uma lista que tinha apenas 10 cantoras. No avião, deparei-me com um dilema: seria injusto fazer apenas uma lista com 10 cantoras, levando em conta que em minha casa, tenho um acervo gigantesco de novas cantoras e saio desbravando as mesmas para que eu mesmo possa apresentar às pessoas. Isso aconteceu com Vanessa da Mata que, em 2002 avisei a alguns amigos que ela seria uma das líderes da MPB. Dito e acertado, Vanessa é hoje uma das queridinhas da música popular e, de quebra, salvou parte da MPB.

Tendo em vista que minha tarefa de eleger as melhores cantoras estava só no início, tive, por ventura, de acrescentar mais 10 cantoras na lista. Nomes como Márcia Tauil, Tiê, Tulipa Ruiz, Thaís Gulin, Monique Kessous e Fabiana Cozza já estavam anotados, porém, faltava mais gente importante tanto para o meu enriquecimento musical quanto para divulgação em massa. E foi pensando neste quesito que acrescentei Marina de La Riva, Isabela Taviani, Bruna Caram, entre tantas outras maravilhosas.
Mas para fazer a lista tive que pensar inúmeras vezes do porque estava fazendo aquilo. E quais seriam os critérios? E quais seriam os contras? E quais seriam os reais motivos para apresentar ao público e aos leitores do Mais Cultura!, a melhor cantora dos últimos 10 anos. Para ser a melhor cantora, obtive um estudo rápido e claro sobre a cantora: estilo, musicalidade, capacidade, performance, histórico. Não adiantava simplesmente eu chegar e colocar tal cantora e pronto. Desde o início já sabia quem seria a minha melhor cantora do Brasil e, para que ninguém pudesse desvendar antes, tive que obter o silêncio total. Até mesmo quem me conhece a fundo está dividido sobre quem é a tal cantora misteriosa que estará recebendo o Troféu de Ouro.
Para tanto, para ser a minha melhor cantora tem que ter, além de tudo o que já citei, bons discos. Discos estes que me fazem pensar, me fazem cantarolar e me despertar, fazer comentar com assiduidade, comprar seus discos, seguir seus passos mesmo que a distância. Estar atento à tudo o que ela faz, desde sua vida pessoal até sua vida musical, com certos limites, claro. De quebra, quando estava em João Pessoa já sabia quem figuraria o topo da lista. Quando estava dentro do avião, já tinha metade de seu artigo pronto em minha cabeça. Quando cheguei em São Paulo, comecei a esmiuçar pequenos textos fragmentados aqui e ali sobre ela. E muitos de vocês a conhecem.
Ser a maior cantora ou uma das maiores do Brasil nos dias de hoje é uma responsabilidade tremenda. Mas para a cantora que está prestes a ser revelada aos meus leitores é um dos argumentos pequenos para que ela possa fazer um disco melhor que o outro. Amparada por grandes personalidades, questionada por muitos jornalistas, muito bem relacionada com a imprensa e com seus fãs, tendo uma carreira marcada por visionamentos e pensamentos distantes, ela marcou uma geração, marcou um contexto geral dos acontecimentos e hoje canta, encanta e encantará ainda mais a todos nós.
Com vocês, o primeiríssimo lugar no Mais Cultura!.

Ela é...

Segunda feira vocês saberão!

As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos
Marcelo Teixeira