quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O amor e a liberdade de Olívia Gênesi em disco esplêndido

Olívia: o floral da música brasileira
Entre tantos arroubos curvados e acertos escondidos, a cantora, compositora, arranjadora, instrumentista e produtora musical Olívia Gênesi lançou seu décimo trabalho autoral em meio a chuvas de tempestades, de ciclones musicais adversos amarelados e momentos políticos arranhados. Se de um lado tivemos o ano inteiro de 2017 ao som de cantoras com vozes arrastadas como Ana Vilela e descobertas insossas como Pabllo Vittar, por outro os amantes da boa música popular brasileira puderam ter a oportunidade de desvendar certos acertos escondidos como o CD Amor e Liberdade (2017), que vêm recheadas de músicas com as características de Olívia: o amor, o folk, o jazz e o pop. Todos esses ingredientes refinados e com excelente bom gosto. E o disco veio em boa hora, pois a cantora está comemorando 17 anos de carreira com 10 discos lançados. Impossível não ouvir esse disco e não se encantar com a poesia moderna e fulminante recheadas com um lirismo pleno ao som de canções marcantes como a sensacional Amores Líquidos, que tem muito do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925 – 2017), pois esse também era o título de um de seus famosos livros – e de quem sou fã. A sintonia musical recria a sensação de que estamos a salvo das amarras venenosas musicais existentes por aí e que Olívia faz questão de se afastar totalmente com este belo CD, simples, harmonioso, sensato e amoroso. É um tiro de sensações libertas sobre a liberdade de expressão, a livre espontaneidade de circulação e a plena vontade de estar vivo. Suas músicas estão mais atuais do que nunca e a prova disso está na sensacional música O amor vai brotar, que traduz uma absorvente transposição de diferentes experimentos com a intencionalidade química do tempo. A versatilidade da cantora é impressionantemente surreal e nos capacita ao seu mundo imediatamente após as primeiras notas da abertura desse novo álbum, o que fica claro e evidente que o disco te pega de supetão já no início, sem tempo para respirar e piscar. Com uma grandiosidade enorme, a cantora surge em um momento atípico para com o Brasil e Amor e Liberdade é um balde de sensações térmicas amorosas e libertárias em pleno final de ano. Vale a pena ouvir detalhadamente essa obra prima e repetir incansavelmente faixa a faixa. Assim você terá a certeza absoluta de que está no país certo e ouvindo uma das melhores cantoras deste século. Viva a música popular brasileira!


O amor e a liberdade de Olívia Gênesi / Olívia Gênesi
Nota 10
Por Marcelo Teixeira

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Kell Smith: a cantora que nasceu errada

Kell: sucessão de erros 
Kell Smith surgiu como um desses meteoros que vem sendo preparado aos poucos e sem grandes pretensões e que quando caem no solo, eclodem com um barulho ensurdecedor.  A cantora e compositora não saiu de um desses programinhas que ficam à procura de novos (e chatos) talentos, nem foi reconhecida por um grande empresário, mas apareceu na arma mais poderosa dos últimos anos: a internet. Graças às redes sociais que sua música chegou ao topo mais elevado para uma posição considerável na mídia: o ouvinte. Mesmo sendo uma dessas cantoras surgidas aqui e ali, Kell precisa aprender uma coisa: ela não é a única e pode ser que esteja de passagem. Sua música está entre as mais tocadas nos últimos tempos e já foi gravada até por Chitãozinho e Xororó e hoje está entre as queridinhas da maior rede televisiva do Brasil. Mas se ela continuar com o pensamento de que essa sua única canção vai lhe dar todos os atributos benéficos que as redes sociais lhe deram, essas mesmas redes sociais podem lhe tirar o troféu que já fora de Maria Gadú e Ana Vilela. Maria Gadú foi descoberta por um grande diretor dessa mesma emissora, lançou os dois primeiros discos memoráveis e só. Já Ana Vilela apareceu na mesma onda de Kell: compôs uma canção manjadamente popular e apelativa e se lançou na internet. As redes sociais, grande amiga dos artistas anônimos, favoreceu com que Ana fosse uma celebridade momentânea e com apenas uma única canção, diferentemente de Gadú, que lançou outros discos, mas sem grande visibilidade da imprensa. Kell Smith está indo pelo mesmo caminho de Gadú e Vilela, mas com um tempero salgado a mais: ela tem a mesma entonação de voz de Gadú e compõe com o mesmo apelo sensacionalista e popularesco que Vilela. Isso se torna uma grande chatice e não há nada de novidade, sendo assim, a não ser que apareceu mais uma cantora nonsense e blasé para mostrar seu trabalho. Se Ana Vilela ficou meses e meses a fio com uma música que fala de sentimentos e barreiras amorosas e ganhou todas as notoriedades possíveis e imagináveis e Gadú enveredou-se inicialmente pelo mesmo caminho, mas resolveu ir para o lado esquerdo do tempo e, com isso, ganhou menos espaço, Kell Smith é a junção entre as duas outras cantoras, mas não menos talentosa. Eis aqui uma grande preocupação, pois Kell Smith quer mostrar suas canções como se essas fossem relatos de um sentimento mal resolvido. E isso causa um grande alvoroço (Ana Vilela talvez explique!). Gosto da Maria Gadú – embora eu tenha ciclos sentimentais para tal – mas não ouso gostar de Ana Vilela (e não sei explicar bem isso, talvez eu precise ouvir umas novas canções) e tenho quase que noventa cento de certeza de que não gosto e não vou gostar de Kell Smith. A começar, a cantora poderia vir com um nome e um sobrenome mais abrasileirado e, segundo, não vejo verdades em suas letras e muito menos em suas interpretações coreografadas entre mãos, boca, semblante e olhos fechados. Mesmo com uma música com apelo popular emblemática, Kell pode vir a se tornar uma Maria Gadú com semelhanças visíveis à Ana Vilela. O tropeço pode ser grande caso a cantora resolva ficar com essas semelhanças entre a divisão de atenções vocais e sentimentais entre uma cantora e outra. Mas o que se sabe de verdade é que Kell Smith está no meio entre uma cantora de verdade e uma aspirante à tal.



Kell Smith: a cantora que nasceu errada
Por Marcelo Teixeira

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Pabllo Vittar: a pior voz do Brasil

Pabllo: sem voz 
Ouvi dizer por aí que Pabllo Vittar foi considerado o artista do ano de 2017. Ouvir dizer é uma coisa tão balela quanto superficial. Difícil mesmo é ter a comprovação de que Pabllo de fato é o artista do ano de 2017, com tantos outros artistas consideravelmente melhores que ele. Sendo o tal artista do ano, presumivelmente você esquece de que Chico Buarque e Olívia Gênesi lançaram CDs tão ou mais bonitos de 2017, que Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown voltaram com os Tribalistas em um dos melhores momentos do trio, que Joyce Moreno lançou aqui no Brasil, na Europa, na América e no Japão um CD sofisticado com a cara da Nação e que Caetano Veloso relançou Verdade Tropical com um capítulo extra sobre Carmen Miranda. Mas Pabllo Vittar foi considerado o Artista do Ano de 2017 e o que isso quer dizer? Que somos otários ou que as pessoas que o ouve são estranhas? Não vou discutir aqui a questão da diversidade cultural, da pluralidade e dos gêneros (deixo isso para a minha graduação em Pedagogia e pelo meu lado educador), mas ter que aceitar que Pabllo (a repetição desse nome me causa alvoroço nos dias de hoje) é uma aberração capaz de nos ausentar das culturas musicais do país. A começar, Pabllo não canta absolutamente nada, tem uma voz anasalada, esdrúxula, tapada e é desengonçado no palco, sem ter uma potência qualquer. Virou artista para ter uma visibilidade perante as questões de luta contra o preconceito ou o movimento LGBT. Sendo meio contraditório, ainda não entendi muito bem quem esteve por trás dessas votações que o elegeram como a melhor voz do ano e muito menos quem incentivou e bancou a carreira desse pseudoartista.  Até onde se sabe, a cantora Anitta é a madrinha oficial e intangível de Pabllo, ou seja, o escroto revelando a sarjeta. De Preta Gil a Toni Garrido e passando por vários estilos musicais, Pabllo esteve notoriamente bem veiculado na mídia, bem assessorado por quem se diz entender de música e bem mal intencionado perante o público mais civilizado e/ou eclético. Não podemos discordar de que Pabllo foi a voz mais cantada e ouvida e comentada do ano, mas ser considerado o artista do ano é um pouco demais para ouvidos sensíveis e sensatos. Dá-se a impressão de que todos pararam para ouvir sua voz de pato purific ou de fazer a família brasileira entender perfeitamente que ele é um homem, mas se veste de mulher e está montado o espetáculo dos horrores das perucas coloridas. Dá-se a impressão de que em 2017 existiram apenas Anitta, Pabllo, Marília Mendonça, Luan Santana e não mais chicos, caetanos, miltons, anas, tiagos. Tiago Iorc foi tão mais aclamado e idolatrado do que Pabllo e nem por isso precisou provar que era esdrúxulo. Outros artistas dessa categoria, como Liniker e Jonny Hoocker, que mesmo eu criticando perante o excesso de vestimentas e estilos estereotipados, são muito mais artistas que Pabllo e muito menos visíveis no mercado fonográfico. Pabllo é um neocantor que foi criado para ser exemplo de vexatória para todos nós, amantes da música popular brasileira. O espaço assentido dentro de cada estilo é benéfico para todos os artistas que possam demonstrar seus atributos culturais, mas ser tão estranho e espalhafatoso como Pabllo não há igual. Se há um prêmio para receber e merecer, esse prêmio é os piores do ano de 2017 pelo conjunto da obra: Pabllo assusta vocalmente, assusta musicalmente, assusta pelo simples fato de não falar nada. Suas músicas em nada acrescentam em nossas vidas e sua postura de cantor que defende uma causa não pode ser considerada uma prova cabal de que ele lutou por esses direitos. Definitivamente, são várias causas perdidas e os fãs de Pabllo se viram protagonistas de suas caminhadas, como uma salvação de libertação das amarras do povo que queria ver a massificação de um gênero. No dia em que esse cantor receber um prêmio de qualidade cultural pelo conjunto de sua obra, poderemos nos ajoelhar e pedir sua benção. Por hora, o que podemos fazer são duas coisas: tapar os ouvidos e virarmos as costas.



Pabllo Vittar: a pior voz do Brasil
Por Marcelo Teixeira

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Anitta: vedete, cantora, medíocre

Anitta: voz do funk?
A bestialidade é a condição de quem ou daquilo que é bestial, temendo um comportamento que assemelha o homem e  mulher à besta com uma brutalidade ou imoralidade perceptível. Não podemos negar que Anitta seja um furacão estrondoso com uma potência relevância dentro da MPB, mas dizer que ela é a maior cantora com nível de voz acentuado e um pouco de sensatez dentro da música popular é incoerente aos padrões estéticos musicais vigentes. Não podemos, reitero também, menosprezar o tamanho de sua importância e valor perante seus milhões de fãs pelo agora mundo afora, mas é preciso respeitar os limites éticos e políticos que a pluralidade e a transversalidade exigem. Anitta voltou ao topo da parada de sucesso com um meteoro estilístico que marcou sua entrada no mundo das vedetes e cantoras e outras medíocres artistas que polarizam nossas mentes e reações. Anitta encabeça todas essas qualidades: é vedete, é cantora, mas também é medíocre. Seu mais recente sucesso, Vai Malandra, nada mais é que um tiro no peito do cidadão brasileiro que adere às políticas da boa vizinhança quando diz respeito aos valores morais da constituição musical. Não que a música tenha que ter um certo limite ou uma compreensão da filosofia dentro do contexto social e antropológico, mas a música e, principalmente, o clipe, são uma afrontosa negligência aos apelos civilizados de pessoas que lutaram anos e anos a fio por uma contra censura monopolizada e que hoje recebem bem na sua cara uma chuvarada de bundas e peitos e homens e mulheres pelados. Com ou sem silicone, o que mais se vê nesse clipe é a apologia ao sexo gratuito, à vulgaridade explícita, ao papel cafajeste do homem do morro e da mulher que usa cabelos estilo rastafári para poder se impor como mulher de respeito ou, em outras palavras, mulher de malandro. Está nitidamente claro e evidente que Anitta não voltou ao mundo do funk apenas por voltar: tem um contexto social e político da própria cantora acerca desse movimento. Anitta não criou o funk brasileiro e nem é detentora do estilo. Anitta não resgatou o funk e muito menos será coroada a rainha funkeira do morro e da comunidade, mas a música deixa em destaque que a mulher precisa de um empoderamento perante a sociedade para exigir respeito.O respeito por meio da bunda, dos glúteos siliconados ou não e do peitão à mostra. Enquanto Elza Soares (A Mulher do Fim do Mundo, 2016) veio com um disco sensacional em prol da luta pelas mulheres, pelos negros e pelos esfarrapados, Anitta surge com uma música que extrapola os limites da selvageria imoral ao abordar o mesmo tema. Gosto da Anitta e a respeito como cantora, como mulher e artista que és, mas não posso me curvar diante tanta insensatez imoral para poder se autorretratar perante uma canção que mostra glúteos deformados, partes pélvicas suadas e cabelos oxigenados mostrando que a periferia tem voz e vez. Lembremos que a comunidade precisa ter voz e vez, mas não com um festival de imbecilidade assistida como esse clipe de Vai Malandra. Enquanto a comunidade e o funk lutarem por uma democracia de igualdade e equidade sem mostrar seus dotes corpóreos, estaremos falando a mesma língua para uma emancipação da sociedade. Mas enquanto estiverem lutando em prol de glúteos, o movimento e a comunidade retratada perdem seus direitos pela tal igualdade e por uma tal de equidade.


Anitta: vedete, cantora, medíocre
Por Marcelo Teixeira

domingo, 10 de dezembro de 2017

A "zuera" de João Bosco é coisa séria

O bom e velho João Bosco 
Acabo de ouvir pela terceira vez o novo e arrebatador disco de inéditas de João Bosco, depois de um hiato de oito anos sem lançar nada novo. Mano que zuera (2017 / Som Livre / 26,99) é um disco composto por 11 ótimas canções (e que acaba sendo melhor e mais preparado que o tão aguardado disco de Chico BuarqueCaravanas / 2017) e entre elas estão algumas parcerias inéditas com o filho Francisco Bosco, que também assina a produção musical de todo o álbum. Dessas parcerias o single Onde Estiver, que nasceu de conversas entre pai e filho, merece destaque pela força poética e arranjo primoroso, que já toca nas principais rádios do Brasil. Além das inúmeras parcerias com o filho, o projeto conta com clássico como Sinhá, parceria com Chico Buarque e gravada no penúltimo álbum deste, Chico (2011) retomando o dueto entre ambos depois de um estrondoso espaço de tempo, quando gravaram juntos uma música em destaque para o lançamento de um disco buarquiano de 1984. Duro na queda e João do pulo (parcerias com o inesgotável Aldir Blanc) soam memoráveis, ainda mais porque esta última música conta com uma fusão sonora com a canção Clube da Esquina Numero 2. O encontro inédito com a composição de Arnaldo Antunes em Ultraleve, onde a filha Júlia Bosco (que não merece tanto destaque assim pelo conjunto da obra) faz uma participação especial com sua voz com sabor de liquidificador, como diria Cazuza. Sim, Mano que zuera é um clássico da MPB, nasceu com direito a explosão meteórico e veio para confirmar a marca tradicional de Bosco como um dos compositores e cantores mais versáteis da linha refinada da Música Popular Brasileira.


João Bosco / Mano Que Zuera (2017)
Nota 10
Por Marcelo Teixeira

sábado, 9 de dezembro de 2017

Vânia Bastos lança o clipe Lamentos (2017)

Vânia: elogiada entre as elogiadas
A cantora Vânia Bastos lança videoclipe do elogiadíssimo disco Concerto para Pixinguinha, pela VEVO Brasil e inaugura seu canal oficial no Youtube, que aconteceu no dia 7 último. Baseado na parte mais elogiada de sua turnê, Concerto para Pixinguinha foi tão aclamado que no canal recém-inaugurado da cantora o clipe já é o mais visto de todos. A canção do clipe é Lamentos, música composta por Pixinguinha que, anos depois, ganhou letra de Vinicius de Moraes e faz parte do álbum de Vânia, lançado em 2016. Destaque de público e mídia especializada, figurando nas listas de melhores discos do ano. Lamentos chega ao vídeo com a direção do premiado cineasta Pedro Jorge – autor de Diamante, O Bailarina, que percorreu uma série de festivais nacionais e internacionais, ganhando evidência na grande imprensa. O álbum foi o vencedor do Prêmio Profissionais da Música 2017, além de estar na estrada desde 2013, rodando diferentes pontos do Brasil. Foram mais de 60 apresentações de sucesso absoluto.

Link do clipe que entrou no ar na quinta-feira, 07 de dezembro, pela VEVO Brasil:


Vânia Bastos / Lamentos
Por Petterson Mello e Marcelo Teixeira



sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

A transformação de Eliana Printes em delicioso álbum de 2013

O disco: transição com o Brasil
A voz cintilante de Eliana Printes foi reconhecida nacionalmente quando ela interpretou maravilhosamente a canção Só vou gostar de quem gosta de mim, canção imortalizada na voz de Roberto Carlos nos anos 1980 e que estava no excelente álbum Pra lua tocar (2000). Transcorridos mais de quinze anos após esse lançamento, a cantora voltou a se radicar e a se dedicar ao Norte do país, onde faz festa entre seus nativos e é conclamada como rainha da música popular brasileira. Pudera: Eliana Printes é um poço de simpatia, uma riqueza em pessoa e tem uma voz cintilantemente pura, cristalina e purificada. Seus discos são tão bonitos e bem acabados, que fica impossível não elencar a sua carreira como a de uma verdadeira dama da MPB. Tudo em Movimento (2013) é o oitavo disco da cantora e que foi lançado em Manaus com tamanha festa, que passou despercebido por outros cantos do Brasil e que mesmo assim não perdera seu brilhantismo e sua importância. Seguindo uma tradição que se mantém há anos, a cantora fez de Manaus a sua primeira parada para todas as turnês de divulgação de cada disco e o Teatro Amazonas é a sua casa, seu refúgio e seu porto seguro. Mesmo sendo radicada no Rio de Janeiro, Eliana consegue se manter fiel às suas tradições e se impõe a cada dia como uma típica cantora que não se rotula e que não se propaga para ser tal. Produzido por Adonay Pereira e Julinho Teixeira, em parceria com a Indie Records e com distribuição nacional da Universal Music, Tudo em Movimento tem dez faixas que se entrelaçam. A ideia central do disco, expressamente dita no título, tem a ver com as mudanças que estavam acontecendo no país àquela época. A exemplo de seus predecessores, o disco teve participações para lá de especiais, como o falecido cantor Luiz Melodia, que divide os vocais em Congênito (autoria de Melô) e da cantora carioca Isabella Taviani, em Se tudo pode acontecer.  Outra participação especial do álbum aparece em La Condessa, composição de Ribamar Vaiz, Ricardo Bezerra e Soares Brandão. O registro dessa música foi feita na Alemanha, reforçando a tese de que o disco merece destaque.  Mas por que esse crítico de música veio nos mostrar apenas isso hoje, transcorridos quatro anos de seu lançamento? Por um motivo muito simples: os discos de Eliana Printes raramente chegam à São Paulo com pompas das grandes estrelas e para encontrá-los é preciso gabaritar muito. Encontrei esse disco em uma loja na zona Central de São Paulo e era peça única. Não hesitei em comprar. Mas não fique triste: se você não encontrar, poderá ouvir na internet algumas de suas belas faixas.

Eliana Printes / Tudo em Movimento (2013)
Nota 10
Por Marcelo Teixeira