terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Pabllo Vittar: a pior voz do Brasil

Pabllo: sem voz 
Ouvi dizer por aí que Pabllo Vittar foi considerado o artista do ano de 2017. Ouvir dizer é uma coisa tão balela quanto superficial. Difícil mesmo é ter a comprovação de que Pabllo de fato é o artista do ano de 2017, com tantos outros artistas consideravelmente melhores que ele. Sendo o tal artista do ano, presumivelmente você esquece de que Chico Buarque e Olívia Gênesi lançaram CDs tão ou mais bonitos de 2017, que Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown voltaram com os Tribalistas em um dos melhores momentos do trio, que Joyce Moreno lançou aqui no Brasil, na Europa, na América e no Japão um CD sofisticado com a cara da Nação e que Caetano Veloso relançou Verdade Tropical com um capítulo extra sobre Carmen Miranda. Mas Pabllo Vittar foi considerado o Artista do Ano de 2017 e o que isso quer dizer? Que somos otários ou que as pessoas que o ouve são estranhas? Não vou discutir aqui a questão da diversidade cultural, da pluralidade e dos gêneros (deixo isso para a minha graduação em Pedagogia e pelo meu lado educador), mas ter que aceitar que Pabllo (a repetição desse nome me causa alvoroço nos dias de hoje) é uma aberração capaz de nos ausentar das culturas musicais do país. A começar, Pabllo não canta absolutamente nada, tem uma voz anasalada, esdrúxula, tapada e é desengonçado no palco, sem ter uma potência qualquer. Virou artista para ter uma visibilidade perante as questões de luta contra o preconceito ou o movimento LGBT. Sendo meio contraditório, ainda não entendi muito bem quem esteve por trás dessas votações que o elegeram como a melhor voz do ano e muito menos quem incentivou e bancou a carreira desse pseudoartista.  Até onde se sabe, a cantora Anitta é a madrinha oficial e intangível de Pabllo, ou seja, o escroto revelando a sarjeta. De Preta Gil a Toni Garrido e passando por vários estilos musicais, Pabllo esteve notoriamente bem veiculado na mídia, bem assessorado por quem se diz entender de música e bem mal intencionado perante o público mais civilizado e/ou eclético. Não podemos discordar de que Pabllo foi a voz mais cantada e ouvida e comentada do ano, mas ser considerado o artista do ano é um pouco demais para ouvidos sensíveis e sensatos. Dá-se a impressão de que todos pararam para ouvir sua voz de pato purific ou de fazer a família brasileira entender perfeitamente que ele é um homem, mas se veste de mulher e está montado o espetáculo dos horrores das perucas coloridas. Dá-se a impressão de que em 2017 existiram apenas Anitta, Pabllo, Marília Mendonça, Luan Santana e não mais chicos, caetanos, miltons, anas, tiagos. Tiago Iorc foi tão mais aclamado e idolatrado do que Pabllo e nem por isso precisou provar que era esdrúxulo. Outros artistas dessa categoria, como Liniker e Jonny Hoocker, que mesmo eu criticando perante o excesso de vestimentas e estilos estereotipados, são muito mais artistas que Pabllo e muito menos visíveis no mercado fonográfico. Pabllo é um neocantor que foi criado para ser exemplo de vexatória para todos nós, amantes da música popular brasileira. O espaço assentido dentro de cada estilo é benéfico para todos os artistas que possam demonstrar seus atributos culturais, mas ser tão estranho e espalhafatoso como Pabllo não há igual. Se há um prêmio para receber e merecer, esse prêmio é os piores do ano de 2017 pelo conjunto da obra: Pabllo assusta vocalmente, assusta musicalmente, assusta pelo simples fato de não falar nada. Suas músicas em nada acrescentam em nossas vidas e sua postura de cantor que defende uma causa não pode ser considerada uma prova cabal de que ele lutou por esses direitos. Definitivamente, são várias causas perdidas e os fãs de Pabllo se viram protagonistas de suas caminhadas, como uma salvação de libertação das amarras do povo que queria ver a massificação de um gênero. No dia em que esse cantor receber um prêmio de qualidade cultural pelo conjunto de sua obra, poderemos nos ajoelhar e pedir sua benção. Por hora, o que podemos fazer são duas coisas: tapar os ouvidos e virarmos as costas.



Pabllo Vittar: a pior voz do Brasil
Por Marcelo Teixeira

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