sábado, 31 de dezembro de 2011

Os melhores lançamentos de 2011

Em 2011 houve lançamentos importantes na música popular brasileira. Muitas novidades, alguns exageros, alguns desperdícios, algumas novidades realmente impressionantes e outras marcantes. Neste artigo, colocarei apenas a estrela – ou nota - significativa em cada álbum lançado e futuramente colocarei em artigo às criticas.

Marisa Monte - O Que Você Quer de Verdade
Nove Estrelas



Luciana Mello - 6' Solo

Sete Estrelas


Criolo - Nó Na Orelha

Seis Estrelas


Mallu Magalhães - Pitanga
Dez Estrelas.

Ná Ozzetti - Meu Quintal
Dez Estrelas.

Ceumar - Live In São Paulo
Dez Estrelas.

Mariana Aydar - Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo
Sete Estrelas.

Marcelo Jeneci - Feito Pra Acabar

Sete Estrelas


Fillipe Catto - Fôlego
Dez Estrelas

Lenine - Chão
Dez Estrelas


Caetano Veloso e Maria Gadú - Ao Vivo
Duas Estrelas

Chico Buarque - Chico
Sete Estrelas

Tiê - A Coruja e o Coração
Dez Estrelas

Mônica Salmaso - Alma Lírica Brasileira
Sete Estrelas

Aline Calixto - Flor Morena
Oito Estrelas

Adriana Calcanhotto - O Micróbio do Samba
Dez Estrelas

Vanessa da Mata - Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias
Dez Estrelas

Caetano Veloso - Zii e Zie MTV Ao Vivo
Seis Estrelas

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A insuportável Paula Fernandes


Alguém poderia me passar uma rolha? Alguém poderia me emprestar uma fita isolante? Eu preciso urgentemente tapar a boca de Paula Fernandes, aquela cantora neo-sertaneja que não canta nada, não sibila, não sussurra, não geme, não tem brilho no olhar, não tem expressão, não tem magia, não tem jogo de cintura, não tem nada, nada, nada. Nada! Paula Fernandes é uma dessas cantorazinhas medíocres que surgem da noite para o dia e vão para o estrelato como se ali no palco fosse sua vida. Tudo bem que a carreira da moça começou quando ela tinha lá seus oito anos de idade, mas hoje não temos o direito de ficar ouvindo uma mulher cantar nos nossos ouvidos com uma voz paupérrima, cansativa, enjoada, fanhosa e chata. Paula Fernandes é chata. Paula Fernandes é insuportável e suas músicas são o que ela representa: uma chatice, uma tremenda chatice.

Por favor, retirem Paula Fernandes do cenário musical brasileiro e a levem para o Xingu, aonde ela poderia desfrutar de tal sucesso. Por quê? Porque lá, no Xingu, ninguém entende a língua portuguesa e ela poderá não entender o que estão falando a seu respeito. Venhamos e convenhamos: Paula Fernandes, antes do Especial Roberto Carlos, era quem? Tinha uma ou duas músicas jogado para o público, seus discos tinham capas estranhas, feias, horrendas e mal acabadas. Hoje é estrela. Mas estrela do sertanejo, estilo este que é horrível, capenga e sem fundamentos.
Defenestremos Paula Fernandes. Queimemos seus discos. Rasguemos as páginas de colunas as quais ela aparece e burlemos seus shows. Não posso entender como uma cantora pode cantar sem expressão, sem carisma e sem personalidade. Ela não abre a boca e suas músicas são fanhas. Antes de escrever este artigo, analisei muito os vídeos, as fotos e a música da rainha do sertanejo-brega. Ela fecha os olhos, canta. Mas não abre a boca. E uma música puxa a outra no sentido estilo. Suas músicas não são de todo alegre, não embala, são tristes e melancólicas, mas Paula Fernandes está lá, radiante, achando que sua plateia está feliz (alguns até estão), mas o fato é que Paula Fernandes, a rainha sertaneja, vai morrer a mingua dentro de poucos anos.
Ela é chata, insuportavelmente desumana e deveria não ter saído do porão em que vivia. Não colocarei a foto de seu disco, não colocarei nada a respeito de seu disco, porque não vale a pena. Aliás, o que vale a pena neste artigo é dizer uma única coisa: defenestrem Paula Fernandes.

Marcelo Teixeira.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Carmen Miranda - A Rainha do Rádio

Maria do Carmo Miranda da Cunha (Marco de Canaveses, 9 de fevereiro de 1909 — Los Angeles, 5 de agosto de 1955), mais conhecida como Carmen Miranda, foi uma cantora e atriz luso-brasileira. Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. Seu estilo eclético faz com que seja considerada precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 1960.


Infância
Carmen Miranda foi batizada com o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha. Era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto Cunha (1887-1938) e de Maria Emília Miranda (1886-1971). Ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que seu pai tinha por óperas.
Pouco depois de seu nascimento, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, sua mãe, Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda, e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca voltou à sua terra natal, o que não impediu que a câmara municipal de Marco de Canaveses desse seu nome ao museu municipal.

No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro na Rua da Misericórdia, número 70, em sociedade com um conterrâneo. A família estabeleceu-se no sobrado acima do salão. Mais tarde mudaram-se para a Rua Joaquim Silva, número 53, na Lapa.
No Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal: Amaro (1911), Cecília (1913-2011), Aurora (1915 - 2005) e Oscar (1916).

Carmen estudou na escola de freiras Santa Teresa, na Rua da Lapa, número 24. Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda, e que assim atraía clientes.
Nesta época, a sua família deixou a Lapa e passou a residir num sobrado na Travessa do Comércio, número 13. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, voltou a Portugal para tratamento, onde permaneceu até sua morte em 1931. Para complementar a renda familiar, sua mãe passou a administrar uma pensão doméstica que servia refeições para empregados de comércio.
Em 1926, Carmen, que tentava ser artista, apareceu incógnita em uma fotografia na sessão de cinema do jornalista Pedro Lima da revista Selecta. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros, que encantado com seu talento passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano, gravou na editora alemã Brunswick, os primeiros discos com o samba Não Vá Sim'bora e o choro Se O Samba é Moda. Pela gravadora Victor, gravou Triste Jandaia e Dona Balbina ou Buenas Tardes muchachos.

O início da carreira artística
O grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha Pra Você Gostar de Mim (Taí) de Joubert de Carvalho. Antes do fim do ano, já era apontada pelo jornal O País como "a maior cantora brasileira".
Em 1933 ajudou a lançar a irmã Aurora na carreira artística. No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga para ganhar dois contos de réis por mês, o que hoje equivale a cerca de R$ 1000,00. Foi a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando a praxe era o cachê por participação. Logo recebeu o apelido de "Cantora do It".  Em 30 de outubro realizou sua primeira turnê internacional, apresentando-se em Buenos Aires. Voltou à Argentina no ano seguinte para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano.
Em dezembro de 1936, Carmen deixou a Mayrink Veiga e assinou com a Tupi, ganhando cinco contos de réis.
Carreira cinematográfica no Brasil
Em 20 de janeiro de 1936, estreou o filme Alô, Alô Carnaval com a famosa cena em que ela e Aurora Miranda cantam "Cantoras do Rádio". No mesmo ano, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do Cassino da Urca de propriedade de Joaquim Rolla. A partir de então as duas irmãs se dividiram entre o palco do cassino e excursões frequentes pelo Brasil e Argentina.


Depois de uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Power em 1938, aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados Unidos. Carmen recebia o fabuloso salário de 30 contos de réis mensais no Cassino da Urca e não se interessou pela ideia.
Em 1939, o empresário estadunidense Lee Shubert e a atriz Sonja Henie assistiram ao espetáculo de Carmen no Cassino da Urca. Depois de um espetáculo no transatlântico Normandie, Carmen assinou contrato com o empresário. A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia questão de levar o grupo musical Bando da Lua para a acompanhar, mas o empresário estava apenas interessado em Carmen. Depois de voltar para os Estados Unidos, Shubert aceitou a vinda do Bando da Lua. Carmen partiu no navio Uruguai em 4 de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.

A carreira nos Estados Unidos e o começo da consagração Alô... Alô?
Em 29 de maio de 1939 Carmen estreou no espetáculo musical "Streets of Paris", em Boston, com êxito estrondoso de público e crítica. As suas participações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas. Em 5 de março de 1940, fez uma apresentação perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca.
Em 10 de julho de 1940 retornou ao Brasil, onde foi acolhida com enorme ovação pelo povo carioca. No entanto, em uma apresentação no Cassino da Urca com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam "americanizada". Entre os seus críticos havia muitos que eram simpatizantes de correntes políticas contrárias aos Estados Unidos.
Dois meses depois, no mesmo palco, Carmen foi aplaudida entusiasticamente por uma plateia comum. No mesmo mês gravou seus últimos discos no Brasil, onde respondeu com humor às acusações de ter esquecido o Brasil e ter-se "americanizado". Em 3 de outubro, voltou aos Estados Unidos e gravou a marca de seus sapatos e mãos na Calçada da Fama do Teatro Chinês de Los Angeles.
Carmen Miranda no filme Entre a Loura e a Morena (The Gang's All Here, 1943), de Busby Berkeley.
Entre 1942 e 1953 atuou em 13 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas noturnas, cassinos e teatros norte-americanos. A Política de Boa Vizinhança, implementada pelos Estados Unidos para buscar aliados na Segunda Guerra Mundial, incentivou a imigração de artistas latino-americanos. Apesar de ter chegado nos Estados Unidos antes da criação da Política de Boa Vizinhança, Carmen Miranda sempre foi identificada como a artista de maior sucesso do projeto.

Vida amorosa e casamento
Em 1946, Carmen era a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais pagava imposto de renda nos EUA. Em 17 de março de 1947 casou-se com o americano David Sebastian, nascido em Detroit a 23 de novembro de 1908. Antes, Carmen namorou vários astros de Hollywood e também o músico brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.
Antes de partir para os Estados Unidos e antes de conhecer o marido, Carmen namorou o jovem Mário Cunha e o bon vivant Carlos da Rocha Faria, filho de uma tradicional família do Rio de Janeiro. Já nos EUA, Carmen manteve caso com os atores John Wayne e Dana Andrews.
O casamento é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo de sua decadência moral e física. Seu marido, David, antes um simples empregado de produtora de cinema, tornou-se "empresário" de Carmen Miranda e conduzia mal seus negócios e contratos. Também era alcoólatra e pode ter estimulado Carmen Miranda a consumir bebidas alcoólicas, das quais ela logo se tornaria dependente. O casamento entrou em crise já nos primeiros meses, por conta de ciúmes excessivos, brigas violentas e traições de David, mas Carmen Miranda não aceitava o desquite pois era uma católica convicta. Engravidou em 1948, mas sofreu um aborto espontâneo depois de uma apresentação e não conseguiu mais engravidar, o que agravou suas crises depressivas e o abuso com bebidas e remédios sedativos.

Dependência de barbitúricos
Desde o início de sua carreira americana, Carmen fez uso de barbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, elas eram receitadas pelos médicos sem muitas preocupações com efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes quanto calmantes. Por ser também viciada em cigarro e beber muito álcool, o efeito das drogas foi potencializado. Por conta do uso cada vez mais frequente, Carmen desenvolveu uma série de sintomas característicos do uso de drogas, mas não percebia os efeitos devastadores, que foram erroneamente diagnosticados como estafa (cansaço) por médicos americanos.
Foi numa tarde em 1942. A Igreja estava vazia, a não ser uma moça que rezava contritamente diante do altar de Nossa Senhora das Graças. Uma senhora havia me trazido uma criança para batizar, mas, por morar muito longe daqui, e não poder pagar as passagens para alguém vir, não trouxera madrinha para o filho. Aproximei-me, então, da moça que orava e perguntei-lhe se me faria aquele favor, de repetir, pela criança, as palavras do batismo. Ela concordou imediatamente, serviu como madrinha do bebê. Depois. mandou o seu carro branco buscar o resto da família da pobre senhora para uma festa de batizado na sua casa. Eu soube, então, que a moça era a estrela Carmen Miranda e sua simplicidade deixou-me uma profunda impressão, solidificada, depois, pelas suas constantes vindas à Igreja que se lhe tomou um segundo lar, dando-nos ela um altar novo para Nossa Senhora.”
— Palavras do padre Joseph na missa do funeral de Carmen Miranda, agosto de 1955
Em 3 de dezembro de 1954, Carmen retornou ao Brasil após uma ausência de 14 anos viajando e fazendo shows pelo mundo, além de estar morando nos EUA. Ela continuava casada e sofrendo com o marido, cada vez mais alcoólatra e violento. Seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la. Ficou quatro meses internada em tratamento numa suíte do hotel Copacabana Palace. Carmen melhorou, embora não tenha abandonado completamente remédios, álcool e cigarro. Os exames realizados no Brasil não constataram alterações de frequência cardíaca.

A morte nos EUA
Ligeiramente recuperada, retornou para os Estados Unidos em 4 de abril de 1955. Imediatamente começou com as apresentações. Fez uma turnê por Cuba e Las Vegas entre os meses de maio e agosto e voltou a usar barbitúricos, além de fumar e beber mais do que já fumava e bebia.
No início de agosto, Carmen gravou uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada por Durante. Recuperou-se e terminou o número. Na mesma noite, recebeu amigos em sua residência em Beverly Hills, à Bedford Drive, 616. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen subiu para seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquiagem e caminhou em direção à cama com um pequeno espelho à mão. Um colapso cardíaco fulminante a derrubou morta sobre o chão no dia 5 de agosto. Seu corpo foi encontrado pela mãe no dia seguinte, às 10h30 da manhã. Tinha 46 anos.
Funeral e sucesso no Brasil
Aurora Miranda, sua irmã, recebeu na mesma madrugada um telefonema do marido de Carmen Miranda avisando sobre o falecimento. Aurora Miranda se desesperou por completo e passou então a notícia para as emissoras de rádio e jornais. Heron Domingues, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, foi o primeiro a noticiar a morte de Carmen Miranda em edição extraordinária do Repórter Esso.
Em 12 de agosto de 1955, seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado no saguão da Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, Taí, um de seus maiores sucessos.
No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro Francisco Negrão de Lima assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, o qual somente foi inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.
Hoje, uma herma em sua homenagem se localiza no Largo da Carioca, Rio de Janeiro.

Filmografia
Todos os títulos em Português dos filmes estrangeiros referem-se a exibições no Brasil.

·        1932 Carnaval Cantado de 1932 no Rio
·        1933 A Voz do Carnaval
·        1935 Alô, Alô, Brasil
·        1935 Estudantes
·        1936 Alô, Alô, Carnaval
·        1939 Banana-da-Terra
·        1940 Laranja-da-China
·        1940 Serenata Tropical
·        1941 Uma Noite no Rio (That Night in Rio)
·        1941 Aconteceu em Havana (Week-end in Havana)
·        1942 Minha Secretária Brasileira (Springtime in the Rockies)
·        1943 Entre a Loura e a Morena (The Gang's All Here ou The Girls He Lef Behind)
·        1944 Quatro Moças num Jipe (Four Jills in a Jeep)
·        1944 Serenata Boêmia (Greenwich Village)
·        1944 Alegria, Rapazes (Something for the Boys)
·        1945 Sonhos de Estrela (Doll Face)
·        1946 Se Eu Fosse Feliz (If I'm Lucky)
·        1947 Copacabana (Copacabana)
·        1948 O Príncipe Encantado (A Date with Judy)
·        1950 Romance Carioca (Nancy Goes to Rio)
·        1953 Morrendo de Medo (Scared Stiff)
Canções mais famosas
·        As Cinco Estações do Ano (gravada com Lamartine Babo, Mário Reis, Almirante e Grupo do Canhoto em 6 de julho de 1933)
·        Adeus, Batucada (gravada com Orquestra Odeon em 24 de setembro de 1935)
·        Alô… Alô? (gravada com Mário Reis e Grupo do Canhoto em 18 de dezembro de 1933)
·        Ao Voltar do Samba (Arlequim de Bronze) (gravado com o Grupo do Canhoto em 26 de março de 1934)
·        Boneca de Piche (gravada com Almirante e Orquestra Odeon em 31 de agosto de 1938)
·        Cachorro Vira-Lata (gravada com Regional de Benedito Lacerda em 4 de maio de 1937)
·        Cai, Cai (gravada com Bando da Lua em 5 de janeiro de 1941)
·        Camisa Amarela (gravada com Grupo da Odeon em 20 de setembro de 1937)
·        Camisa Listada (gravada com Bando da Lua em 28 de agosto de 1939)
·        Cantores do Rádio (gravada com Aurora Miranda e Orquestra Odeon em 18 de março de 1936)
·        Chattanooga Choo Choo (gravada com Bando da Lua e Garoto em 25 de julho de 1942)
·        Chegou a Hora da Fogueira (gravada com Mário Reis e Diabos do Céu em 5 de junho de 1933)
·        Chica-Chica-Bum-Chic (gravada com Bando da Lua em 5 de janeiro de 1941)
·        Como "Vaes" Você? (gravada com Ary Barroso e Regional de Pixinguinha e Luperce Miranda em 2 de outubro de 1936)
·        Cuanto Le Gusta (gravada com Irmãs Andrews e Orquestra de Vic Schoen em 29 de novembro de 1947)
·        Disseram Que Voltei Americanizada (gravada com Conjunto Odeon em 2 de setembro de 1940)
·        E Bateu-Se a Chapa (gravada com Regional de Benedito Lacerda em 26 de junho de 1935)
·        E o Mundo Não Se Acabou (gravada com Regional Odeon em 9 de março de 1938)
·        Eu Dei (gravada com Regional Odeon em 21 de setembro de 1937)
·        Eu Também(gravada com Lamartine Babo e Diabos do Céu em 5 de janeiro de 1934)
·        Goodbye, Boy (gravada com Orquestra Victor Brasileira em 29 de novembro de 1932)
·        I Like You Very Much (Ai, Ai, Ai) (gravada com Bando da Lua em 5 de janeiro de 1941)
·        I Make My Money with Bananas
·        Isto É Lá com Santo Antônio (gravada com Mário Reis e Diabos do Céu em 14 de maio de 1934)
·        Me Dá, Me Dá (gravada com Regional de Benedito Lacerda em 4 de maio de 1937)
·        Minha Embaixada Chegou (gravada com Grupo do Canhoto em 28 de setembro de 1934)
·        Moleque Indigesto (gravada com Lamartine Babo e Grupo Velha Guarda em 5 de janeiro de 1933)
·        Na Baixa do Sapateiro (Bahia) (gravada com Orquestra Odeon em 17 de outubro de 1938)
·        Na Batucada da Vida (gravada com Diabos do Céu em 20 de março de 1934)
·        No Tabuleiro da Baiana (gravada com Luís Barbosa e Regional de Luperce Miranda em 29 de setembro de 1936)
·        O Que É Que a Baiana Tem? (gravada com Dorival Caymmi e Conjunto Regional em 27 de fevereiro de 1939)
·        O Tique-Taque do Meu Coração (gravada com Regional de Benedito Lacerda em 7 de agosto de 1935)
·        Primavera no Rio (gravada com Diabos do Céu em 20 de agosto de 1934)
·        Querido Adão (gravada com Orquestra Odeon em 26 de setembro de 1935)
·        Rebola, Bola (gravada com o Bando da Lua em 9 de outubro de 1941)
·        Recenseamento (gravada com Conjunto Odeon em 27 de setembro de 1940)
·        Samba Rasgado (gravada com Grupo Odeon em 7 de março de 1938)
·        Sonho de Papel (gravada com Orquestra Odeon em 10 de maio de 1935)
·        South American Way (gravada com Bando da Lua e Garoto em 26 de dezembro de 1939)
·        Taí (Pra Você Gostar de Mim) (gravada com Orquestra Victor em 27 de janeiro de 1930)
·        Uva de Caminhão (gravada com Conjunto Odeon em 21 de março de 1939)
·        Voltei pro Morro (gravado com Conjunto Odeon em 2 de setembro de 1940).


Cantores que a cantam hoje e sempre

Muitos cantores cantam Carmen Miranda ainda nos dias de hoje, o que é uma raridade, tendo em vista que Chiquinha Gonzaga começara muito antes e que Emilinha Borba, Ângela Maria e Dalva de Oliveira foram de seu tempo. De Caetano Veloso a Marisa Monte, passando por Clara Nunes, Elis Regina, Miúcha, Ney Matogrosso, Ná Ozzetti, Bebel Gilberto, Maria Bethânia, Gal Costa e uma infinidade de cantores consagrados da nossa rica MPB cantaram e cantarão Carmen Miranda.

Livros
Recomendo o excelente livro de Ruy Castro, que homenageia com requinte e maestria a trajetória da maior cantora de todos os tempos: Carmen, Uma Biografia (2005, Cia das Letras, 67,00)

As emoções e singelezas de Tiê


Tiê é nome de pássaro. Mas não é um pássaro qualquer. É um pássaro encantador, com um sibilar enfeitiçador e que voa como se estivesse tentando juntar corações apaixonados. Tiê! E sua cor é tão vibrante, tão cintilante, tão arrebatador e tão marcante, que passou a ser chamado de Tiê Sangue. Ele é vermelho como o coração, que tenta juntar os apaixonados em lados opostos. Tiê é um pássaro raro, um passarinho tímido, modesto, diferente.
Tiê é nome de cantora. Mas não é uma cantora qualquer. É uma cantora encantadora, com uma voz enfeitiçadora e que canta como se estivesse tentando juntar corações apaixonados. Tiê! E sua voz é tão vibrante, tão cintilante, tão arrebatadora e tão marcante, que todos param para ouvi-la durante horas. Tiê canta com o coração, com a alma e faz juntar apaixonados em lados opostos se sentirem atraídos. Tiê é uma cantora rara, uma cantora tímida, modesta e diferente.
Tiê e eu pós show na Livraria Cultura, 2011
Ouvir Tiê não é tarefa fácil. Lançou dois maravilhosos discos, com temáticas diferentes, mas com o mesmo propósito: falar de amor. A crítica aprovou seus dois discos e ela cativou multidões de fãs pelo mundo afora, inclusive tendo público mais do que fiel aqui no Brasil. Seus shows são marcados por emoções, vibrações positivas e gente elegante e fina. No palco, uma certa Tiê tímida e desajeitada, porém lindamente trajada e maquiada, canta suas canções e regravações do passado. Uma cantora diferenciada.
Tive o privilégio de estar perto de Tiê. E de poder falar em seu ouvido o quão suas músicas me trazem tranquilidade, paz interior, emoção e uma sensação de felicidade. Ela falou frases que me deixaram contente, emocionado, no êxtase da minha ansiedade e carinho. Frases essas que só quem estava comigo sabe e que me deixou radiante ate hoje. Esse show, na Livraria Cultura do Shopping Morumbi, ocorreu no dia 13/08/2011 (e eu, que sou supersticioso com o número 13, assim como Clarice Lispector, temendo dar tudo errado, pude constatar que não deu e esqueci, por algumas horas, que era o dia 13!).

O primeiro disco: melancólico
Tiê tem dois discos lançados. Sweet Jardim (2009, Warner Music, 24,99) é uma espécie de boas vindas ao público seleto e é a partir deste disco que muitos podem ou não seguir a carreira magistral dela. Por quê? Porque neste disco, Tiê demonstra suas forças para um sentimentalismo puro, magistralmente carregado de anseio. Mas por outro lado, podem se encantar com a voz angelical, doce, pura e satisfatória dela. Tiê canta músicas que vem da alma, do coração e neste seu primeiro disco está a prova de que música com qualidade, respeito e emoção é a maior prova de sucesso. Todas as músicas são luminosas, elaboradas e perfeitas. A voz de Tiê encanta ainda mais nas músicas de abertura, Assinado Eu e na seguinte, Dois. Mas Chá Verde foi a música que caiu no gosto popular e é a canção mais pedida. A Bailarina e O Astronauta é a música mais triste e claro que não poderia faltar, em seu disco de estreia, a participação honrosa de um medalhão da MPB: Toquinho, amigo pessoal de Vinícius de Moraes, morto em 1980.

Tiê explica o próprio nome na música Passarinho: “Quando mamãe olhou pra mim, ela foi e pensou que um nome de passarinho me encheria de amor, mas passarinho se não bate a asa logo pia”. É Tiê, portanto, o pássaro da capa.

O segundo disco: mais alegre
Em A Coruja e o Coração (2011, Warner Music, 24,99), Tiê se solta mais e se mostra uma cantora versátil, engraçada, ainda tímida e sensível. Ela se permite ousar, abusar de canções engraçadas e alegres. A capa é de uma sofisticação singela, o que é a matriz de Tiê. As músicas são curtas, o que dá a sensação que onze faixas é pouco. E até uma música brega, chata e enjoada – Você Não Vale Nada - Tiê regrava nesse disco, mostrando o que há de belo por trás desta canção. É um disco que remete ao primeiro e a música Te Valorizo de Sweet Jardim é a continuação de Te mereço de A Coruja e o Coração.


A sensibilidade é o mote de Tiê. Ela simplesmente quer que você a ouça atentamente. Mas ouça com atenção recíproca, como se fosse seus últimos minutos de vida. Logo que acabar de ouvir o primeiro disco, pule para o segundo. Terminou o segundo, volte para o primeiro ou selecione qual disco quer ouvir e posso dizer com todas as palavras: você ficará de queixo caído com tamanha singeleza e respaldo com a qual Tiê prestigia a música popular brasileira, lançando dois discos a altura de uma grande estrela da música popular brasileira.

Dez Estrelas para Sweet Jardim e A Coruja e o Coração.
Marcelo Teixeira.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sandy e o ostracismo



Sandy já encantou o Brasil, já fez o público pular, dançar, rebolar, chorar, rir e se emocionar com suas músicas. Por inúmeras vezes não abriu a porta de dona Mariquinha que seu irmão, Junior Lima, insistia nas apresentações em programas de auditório e shows. Sandy cantou e cantou muito, fazendo muitas crianças se sentirem como elas mesmas: crianças. Mas fez muitos adultos se encarem com seu jeito angelical, quase um anjo que estava ali no momento certo, entoando canções para seus filhos e para seus netos dançarem. Sandy era a criança mais famosa de seu tempo, depois da Simony e do Jairzinho, que cresceram ao som do grupo Balão Mágico, ou de Patrícia Marx, que sempre estava nos programas da Xuxa.


Sandy foi um verdadeiro sucesso. Juntamente com seu irmão, eles entoaram músicas que estão até hoje na memória fresca daqueles que cresceram ouvindo suas canções e que ainda insistem em dizer que a cantora é exemplo de civilização e postura feminina. Milhares de discos vendidos, a cantora cresceu em um mar de rosas, mergulhada no mais profundo gosto do sucesso e ressentida por não poder fazer parte do seleto grupo de cantoras da MPB que estavam com seu público cativo. Sandy queria crescer. Mas isso acontecia, de fato, a cada disco lançado e a cada entrevista concebida. Cantando MPB, jazz, canções americanas e adultas, Sandy aos poucos deixava de ser criança, deixava de ser adolescente e a mídia aprovava e as pessoas se sentiam impressionadas com tamanho talento e essas mudanças foram acontecendo e se transformando com cada disco surgido no mercado fonográfico.
Aos poucos a ideia de largar o irmão foi se sucedendo. Logo imaginou na carreira solo. Muitos apostaram que ela seria uma das maiores cantoras do Brasil, superando marcas de discos vendidos e constituindo na líder da MPB contemporânea. Sandy se desligou profissionalmente do irmão e iniciou uma carreira solo. Lançou o disco Manuscrito e, para surpresa geral, foi um verdadeiro vexame, vendendo 100 mil cópias, enquanto era estimado quase 300 mil.
Sandy fez errado ao iniciar carreira solo? Pra mim, sim. Sua voz é doce, agradável, não é enjoativa, mas o repertorio de moça comportada passou a ser questionado como mulher madura, mas sem sal. Uma adolescente rebelde. Uma criança indefesa que perde a chupeta para uma mulher superior. Uma careta chamada Sandy. E o seu disco, Manuscrito, é um conjunto de frases sem nexo, sem eixo, sem direcionamento. Músicas chatas, músicas estranhas com teor de “o que estou fazendo aqui?”. Sandy errou o caminho de casa, entrou na primeira porta que viu aberta e não pediu conselhos sobre se deve seguir reto ou virar a direita.
Manuscrito é horrendo. E mostra uma Sandy perdida em sua estreia livre e desimpedida dos conselhos infames do irmão e da caretice do pai e da intromissão do tio. Apenas a mãe pode dar conselhos (talvez seja por isso que a carreira de Sandy tenha sobrevivido até hoje). Mas acompanhar a carreira da ninfeta que virou estrela das crianças para o mundo adulto, um mundo que ela desconhece e que não lhe foi apresentado, é tecer no pior estado de lastimas.
Cantando desde Michel Jackson a Madona, Sandy está redondamente perdida em seu mundo. Poderia até mesmo chamar de um certo ostracismo, o que acontece com inúmeros cantores ao menos uma vez na vida. Hoje Sandy não acrescenta lhufas na vida de ninguém. Dentro de poucos anos desaparecerá e ninguém sentirá sua falta.

Marcelo Teixeira.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Adeus, Cesária Evóra!


Cesária Évora tinha quatro irmãos. O pai Justino da Cruz tocava cavaquinho, violão e violino. Quando jovem foi viver com a avó, que havia sido educada por freiras, e assim acabou passando por uma experiência que a ensinou a desconsiderar a moralidade excessivamente severa.
Entre os amigos estava B. Leza, o compositor favorito dos cabo-verdianos, que faleceu quando ela tinha apenas sete anos de idade. Desde cedo, Cise, como era conhecida pelos amigos, começou a cantar e a apresentar-se aos domingos na praça principal da cidade, acompanhada pelo irmão Lela, no saxofone. Mas a vida está intrinsecamente ligada ao bairro do Lombo, nas imediações do quartel do exército português, onde cantou com compositores como Gregório Gonçalves. Aos 16 anos, Cesária começou a cantar em bares e hotéis e, com a ajuda de alguns músicos locais, ganhou maior notoriedade em Cabo Verde, sendo proclamada a "Rainha da Morna" pelos fãs.

Aos vinte anos foi convidada a trabalhar como cantora para o Congelo - companhia de pesca criada por capital local e português -, recebendo conforme as actuações que fazia. Em 1975, ano em que Cabo Verde conquistou a independência, Cesária, frustrada por questões pessoais e financeiras, aliadas à dificuldade económica e política do jovem país, deixou de cantar para sustentar a família. Durante este período, que se prolongou por dez anos, Cesária teve de lutar contra o alcoolismo. Igualmente, Cesária chamou a esse período de tempo, os Dark Years.
A casa de Cesária Évora
Encorajada por Bana (cantor e empresário cabo-verdiano radicado em Portugal), Cesária Évora voltou a cantar, atuando em Portugal. Em Cabo Verde um francês chamado José da Silva persuadiu-a a ir para Paris e lá acabou por gravar um novo álbum em 1988 "La diva aux pied nus" (A diva dos pés descalços) - que é como se apresenta nos palcos. Este álbum foi aclamado pela crítica, levando-a a iniciar a gravação do álbum "Miss Perfumado" (1992). Desde então fixou residência na capital francesa. Cesária tornou-se uma estrela internacional aos 47 anos de idade.
Em 2004 conquistou um prémio Grammy de melhor álbum de world music contemporânea. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, distinguiu-a, em 2009, com a medalha da Legião de Honra entregue pela ministra da Cultura francesa Christine Albanel.


Em Setembro de 2011, depois de cancelar um conjunto de concertos por se encontrar muito debilitada, a editora, Lusafrica, anunciou que a cantora pôs um ponto final na longa carreira.

Morreu no dia 17 de Dezembro de 2011, com 70 anos, por "insuficiência cardiorrespiratória aguda e tensão cardíaca elevada".




Discografia
·        1965 - Mornas de Cabo-Verde & Oriondino (vinil simple, 45 RPM, C. Évora & Conjunto)
·        1987 - Cesária
·        1988 - Cesária Évora, La Diva aux pieds nus
·        1990 - Distino di Belita
·        1991 - Mar Azul
·        1992 - Miss Perfumado
·        1994 - Sodade - Les plus belles mornas de Cesaria (Best of)
·        1995 - Cesária
·        1995 - Cesária Évora à L'Olympia
·        1997 - Cabo Verde
·        1998 - Best of Cesária Évora
·        1998 - Nova Sintra
·        1999 - Le monde de Cesária Évora
·        1999 - Café Atlântico
·        2001 - Cesária Évora : L'essentiel
·        2001 - São Vicente di Longe
·        2002 – Anthology
·        2002 - Anthologie: Mornas & Coladeras (LP duplo)
·        2002 - The Very Best of Cesária Évora
·        2003 - Voz d'Amor
·        2004 - Les essentiels
·        2006 – Rogamar
·        2008 - Rádio Mindelo (early recordings)
·        2009 - Nha sentimento
DVD
·        2002 - Live in Paris
Duos
·        1999 - É doce morrer no mar (por Dorival Caymmi) cantado com Marisa Monte.
·        2009 - Capo Verde terra d'amore, vol. 1 (LP, cantado com Teofilo Chantre em italiano)
Outras colaborações
·        1995 - Sangue de Beirona Remix (por François K)
·        1999 - Césaria Evora Remix (por François K e Joe Claussell)
·        2003 - Carnaval de São Vivente Remix (EP)
·        2003 - Club Sodade Remixes, Cesaria Evora by… (Carl Craig, Francois Kervorkian, Kerri Chandler, Four Hero, Señor Coconut, etc.)

“Eu preciso de quando vez da minha da terra, do povo que sou e desde marulhar das ondas”
Cesária Évora