sexta-feira, 29 de junho de 2012

16º lugar: Ana Cañas - As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos


Ana Cañas entre as 20 melhores
No cenário atual da MPB, poucas artistas têm a força de interpretação de Ana Cañas. A paulistana possui uma boa técnica vocal, aprimorada por anos de apresentações em casas noturnas. Mas Ana se destaca entre centenas de intérpretes técnicas - e chatas - porque sente cada emoção das letras que canta. Amor & Caos, seu disco de estreia, tem vários exemplos disso - como Devolve Moço, faixa de sua própria autoria, e Coração Vagabundo, releitura do sucesso do compositor baiano Caetano Veloso. O curioso é descobrir que Ana Cañas virou cantora quase por acaso. Anos atrás, estudante de Artes Dramáticas da USP, ela foi fazer um teste para uma peça de teatro. O espetáculo trazia na trilha sonora uma canção do repertório da cantora americana Ella Fitzgerald. Ana se apaixonou pela canção e pôs na cabeça que seria cantora. Peregrinou por casas noturnas até se fixar no Baretto. Ali, chamou a atenção de Chico Buarque e Caetano Veloso, entre outros grandes nomes da MPB. No início de 2007, iniciou as gravações de Amor & Caos sob a produção do guitarrista Alexandre Fontanetti - que até hoje está na sua banda. A gravadora Sony/BMG se interessou pelo seu passe e chamou a cantora para integrar o cast de sua nova empresa, a Day1, um misto de gravadora e agenciadora de carreiras. Amor & Caos ganhou críticas calorosas.

Ana Cañas começou sua carreira como muitos artistas, cantando na noite. A cantora passou quatro anos cantando Jazz e MPB (Ella Fitzgerald é a sua musa) no All of Jazz até iniciar a sua carreira. Além de cantora Ana também é atriz, por isso ela gosta de encarnar personagens e interpretar as suas canções. Com certeza ela faz isso muito bem e suas apresentações sempre possuem um pouco de sua carreira teatral.

Ana Cañas chega ao décimo sexto lugar com méritos de uma grande artista em ebulição. Música Popular Brasileira com um pouco de Jazz e Rock, uma mistura boa de ouvir. Esta é Ana Cañas.



Décimo Sexto Lugar: Ana Cañas

As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos

Marcelo Teixeira

quinta-feira, 28 de junho de 2012

17º lugar: Márcia Castro - As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos




Márcia Castro e a harmonia baiana
A cantora baiana Marcia Castro tem 33 anos, está radicada em São Paulo desde 2008 e já havia mostrado talento no seu primeiro, homônimo e independente álbum, em 2007. Mas, apesar dos acertos, tanto que rendeu uma indicação ao Prêmio TIM 2008 de melhor cantora de pop rock, Pecadinho era um irregular cartão de apresentação tanto na produção, quanto no repertório. A estrada, porém, quase sempre faz bem a quem tem talento, como é o caso da cantora – e ela cresceu, ganhou experiências em palcos do Brasil, Suíça, Alemanha, Itália e Israel. Teve o privilégio, por exemplo, de acompanhar a lenda argentina Mercedes Sosa (1935-2009) em sua última turnê, e realizou gravações e/ou colaborações com veteranos da MPB como Tom Zé, Moraes Moreira, Luiz Melodia e Jards Macalé.

Com patrocínio da Natura, o novo álbum De pés no chão (Deck) traduz o crescimento de Marcia Castro em todos os aspectos. Faltam compositores mais contemporâneos no disco, com exceção de Otto (a provocante História de fogo), Kleber Albuquerque (Logradouro) e Luciano Salvador Bahia (Vergonha), mas o conjunto das 11 canções é muito bom. E a produção dá unidade a tudo, com arranjos bem criativos e que valorizam a intérprete.

No repertório – a maioria, regravação de grandes nomes da MPB -, destaque para De pés no chão (Rita Lee, do álbum Atrás do porto tem uma cidade, de 1974), Você gosta (Tom Zé), Catedral do inferno (Cartola e Hermínio Bello de Carvalho), Crazy pop rock (Gilberto Gil e Jorge Mautner) e 29 Beijos (Moraes Moreira e Galvão), que Marcia canta na companhia de Hélio Flanders, vocalista do Vanguart.

De pés no chão é um álbum extrovertido, mais divertido do que o anterior, incluindo as ironias e dubiedades que tanto agradam à cantora, como na espirituosa letra de Rita Lee que dá título ao trabalho: É só questão de gosto/ Lacinhos cor-de-rosa ficam bem/ Num sapatão/ Eu nasci descalça/ Pra que tanta pergunta?.

Mesmo uma escolha aparentemente pouco original do repertório como Preta pretinha (Moraes Moreira e Galvão), por ser tão conhecida, vira outra canção na versão cheia de personalidade e vibração rítmica de Marcia, com arranjo que acrescenta toques de samba de roda e música latina. Letieres Leite, da Orkestra Rumpilezz, assina o arranjo de sopros da música.

Sim, Marcia Castro está pronta para brilhar e é por este motivo que ela está na nona posição na lista de As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos do Mais Cultura!.



Décimo sétimo lugar: Marcia Castro

As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos



Marcelo Teixeira

quarta-feira, 27 de junho de 2012

18º lugar: Barbara Eugênia - As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos


Merecidamente barbara!
Não, leitor e leitora do meu blog Mais Cultura!, para o bem ou para o mal, Bárbara Eugênia não é uma cantora/compositora fofa nem fez um disco idem. O mais fácil e confortável dos adjetivos da safra não lhe cabe, murmuro, digo, redundo, aposto, carimbo, cutuco: Journal de BAD vai além muito além, é disco grande. Guardemos a tentação ou ideia de fofura no bolso ou no paletó. Fichas na jukebox, moedas na radiola, prepare seu espírito flamejante para um trilha passional capaz de reacender, num curto-circuito, todos os corações de néon da cidade, esquinas, fachadas, motéis, lares, cabarés, tudo muito romântico.

Bleeding my heart, oh no, canta a moça, com a justa noção de que o amor cabe e estoura os gomos da pupila na levada psicodélica dos faróis. No acento do rock ou na chanson, principalmente nesta última, o amor cabe mais apertado ainda. Música cosmopolita contemporânea, maestro, devidamente matizada nas cores dos trópicos, com a Harley Davidson de Gainsbourg ao fundo, please, muito barulho nessa hora.

Não obrigatoriamente um(a) cantor(a) se parece mais verdadeiro(a) quando interpreta e masca os seus próprios vocábulos, caso da maioria das faixas deste disco. Bárbara Eugênia, carioca que vive em São Paulo cercada de gente do mundo todo, se parece sim, crença nas suas composições, como quem acorda, pega a trilha de sonhos e submete ao assobio do namoro novo ou afoga tudo na quentura da manteiga que derrete nos cafés das manhãs.

Na legítima fuga do amor que trava ou enferruja no calendário (Agradecimento) ou no medo do goleiro diante do pênalti (A chave), cuidado frágil – este lado para cima!-, aí vem a moça cronista do infortúnio e da ventura amorosa, cotidianos em desabridas letras.

Journal de BAD é também um disco novo com o melhor dos sintomas modernos da música que se faz hoje no Brasil e em São Paulo: o ajuntamento de artistas como Junior Boca (guitarra, violão, produção e direção musical), Dustan Gallas (baixo, piano, órgão, teclados, mixagem e produção) e Felipe Maia (bateria), só para citar um trio de frente.

Porque reparando ainda nos créditos, lá vem uma regravação de Fernando Catatau (O Tempo, Cidadão Instigado), uma composição de Junio Barreto, outra de Tatá Aeroplano, colaborações de Pupillo e Dengue (baixo e batera da Nação Zumbi), Otto na goela, Karina Buhr, Juliana R. Um mar de gente e de histórias.

Conheci o Journal de BAD, com este mesmo título, ainda como uma espécie de newsletter afetiva distribuída por Bárbara Eugênia aos amigos e conhecidos. Aí está a origem do batismo. É o que este CD reverbera com seus arrastões de epifanias e encantos. E é por todos esses adjetivos acima citados que tenho o enorme prazer de dizer aos quatro ventos, aos quatro cantos e com um grito despojado e despudorado, que berro ferozmente que Barbara Eugenia será uma das melhores cantoras de todos os tempos. E ocupando o décimo oitavo lugar do Mais Cultura!, Barbara alcança uma seta e tanto aprimorando nossa MPB.



Décimo oitavo lugar: Barbara Eugenia

As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos



Marcelo Teixeira

terça-feira, 26 de junho de 2012

19º lugar: Luisa Maita - As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos


A cantora Luisa Maita no Top 20
A inspiração de Luísa Maita alimenta-se da tradição musical brasileira na mesma intensidade com que frequenta a prateleria do pop americano. Para Luísa, não há diferença sensível entre João Gilberto e Michael Jackson, Nana Caymmi e Beyoncé, funk carioca e R&B como mostra seu primeiro álbum, Lero-Lero, lançado no Brasil pelo selo Oi Música e no resto do mundo pela Cumbancha/Putumayo. Como compositora, Luísa é uma cronista que não só observa, mas participa da cidade, caminha pelas avenidas e vielas do centro e da periferia à procura de estalos poéticos e melódicos. Essa facilidade com o trato da canção foi identificada pela cantora Virgínia Rosa quando decidiu gravar dois sambas de Luísa – Madrugada e Amado Samba – e por Mariana Aydar que incluiu em seu segundo álbum a canção Beleza (uma parceria com Rodrigo Campos), eleita uma das melhores músicas de 2009 pela revista Rolling Stone Brasil.

Como cantora, Luísa usa sua sensualidade de forma sutil. Parece mesmo ter encontrado a medida certa para, em suas próprias palavras, atingir o máximo de expressão com o mínimo de afetação. Essa característica pode ser verificada (ainda que de maneira incipiente) em algumas faixas do álbum de seu primeiro grupo, a Urbanda. A personalidade musical de Luísa ganha mais força nas participações que fez no disco São Mateus Não É Um Lugar Assim Tão Longe de Rodrigo Campos e Alborada do Brasil de Carlos Nuñez e também em sua interpretação para os vídeos da candidatura do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016 dirigidos por Fernando Meirelles.

Mas em nenhum desses trabalhos Luísa se revela tanto como em Lero-Lero que sintetiza compositora e intérprete, une referências musicais e pessoais com preciosismo e despojamento. O álbum é pontuado por influências da música pop e eletrônica indissociáveis da base acústica profundamente enraizada no samba, na bossa nova e na música popular brasileira. As faixas apresentam uma galeria de ritmos tradicionais do Brasil: do samba ao maculelê, da bossa nova ao baião. No entanto, aparecem desconstruídos, muitas vezes reduzidos às células rítmicas básicas que se transformam com os timbres eletrônicos dos beats e com a instrumentação acústica.

Em menos de uma semana após o lançamento, o álbum figurou em primeiro lugar no iTunes na categoria álbuns latinos e também na lista dos CDs mais vendidos de Latin Music na Amazon. Em grande parte, essa atenção do público foi reflexo da aparição de Luísa no programa All Things Considered da NPR (National Public Radio) nos EUA, cuja programação é retransmitida para mais de 700 rádios americanas. O programa declarou que Luísa é a Nova Voz do Brasil e salientou que se continuar fazendo discos como este, pode muito bem estar no caminho para o estrelato internacional. Essa repercussão levou a cantora para sua primeira turnê nos EUA e Canada, com shows que renderam ótimas críticas do The New York Times, The Washington Post e Boston Globe.

No Brasil, o álbum figurou nas principais listas de melhores discos de 2010 – entre elas a da revista Veja e Rolling Stone. Em julho de 2011, Luísa recebeu o prêmio de Artista Revelação do Ano na 22a edição do conceituado Prêmio da Música Brasileira, além de se apresentar na festa de entrega ao lado de Lenine. No mesmo período, Luísa estreou na Europa passando por importantes festivais de verão como o Nuits du Sud na França e o Musicas do Mundo, em Portugal. Em agosto de 2011, a cantora retornou à América do Norte realizando 30 shows em 26 cidades durante 45 dias e, uma vez mais, lotando os festivais e casas de shows por onde passou e recebendo elogios da imprensa com destaque especial no jornal LA Times.

Com todo este gabarito, Luísa Maita chega ao décimo nono lugar na lista das 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos eleito pelo Mais Cultura!.



Décimo Nono Lugar: Luísa Maita

As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos

Marcelo Teixeira


segunda-feira, 25 de junho de 2012

20º lugar: Aline Calixto - As Vinte Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos




Aline Calixto, a vigésima cantora
Aline Calixto é uma das mais promissoras vozes da música contemporânea brasileira. Lançou seu primeiro CD em 2009, pela gravadora Warner Music, o que lhe rendeu o prêmio da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como melhor Disco do Ano. Recentemente foi indicada ao Prêmio da música brasileira nas categorias melhor cantora de samba e melhor cantora voto popular. Em 2011, Aline prepara-se para lançar o seu segundo e aguardado disco, que já se encontra em fase de pré-produção.

A cantora, que já percorreu diversos cantos do Brasil, encantando a todos com a bela performance, se apresenta pela primeira vez em Vitória. O show terá participação do expoente da música mineira Flávio Renegado. Já a abertura ficará a cargo da banda capixaba Na Palmas. Esta grande festa do samba acontecerá dia 18 de fevereiro, a partir das 21 horas, no Teatro do Sesi. O ingresso será um item de higiene pessoal (escova de dente, fraldas e roupas íntimas), para atendimento às vítimas da tragédia na Região Serrana, no Rio de Janeiro.

A jovem Aline Calixto vem se destacando no cenário de samba nacional e chamado atenção do público e de importantes profissionais da crítica, pela qual é considerada uma das principais promessas da nova geração. Após uma bem-sucedida trajetória no cenário independente, a artista lança seu álbum de estreia, Aline Calixto, pela gravadora Warner Music.

Carioca de nascimento, porém criada em Minas Gerais, Aline venceu diversos prêmios, entre eles o concurso Novos Bambas do Velho Samba edição 2008, realizado pela tradicional casa Carioca da Gema, e participou do carnaval carioca. Também marcou presença em diversas rodas de samba cantando ao lado de bambas da velha guarda como Monarco, Nelson Sargento, Walter Alfaiate, Wilson Moreira, Martinho da Vila, Luiz Carlos da Vila e de novos talentos como Edu Krieger, Renegado, Rogê, Mart'nália.

Aline Calixto abrilhanta hoje o Vigésimo Lugar da lista das Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos do Mais Cultura!.



Vigésimo Lugar: Aline Calixto

As 20 Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos



Marcelo Teixeira


sábado, 23 de junho de 2012

As Melhores Cantoras dos Últimos 10 Anos


Até então se discutia qual seria o futuro da MPB, já que novos nomes não apareciam... Chegou até a se pensar o fim da MPB. Mas graças às boas vozes que chegaram isso não aconteceu e acho que não acontecerá nunca mais. Na primeira década deste novo século, vimos surgir no Brasil uma leva de talentosas cantoras! Para o nosso prazer, tem para todos os gostos. Uma mistura de samba clássico, MPB e até mesmo Jazz, Blues e Hip-Hop. Isso mostra que a música brasileira está sempre inovando e trazendo novos talentos. Mas não talentos passageiros, cantoras que vieram para ficar e para dar a sua bela contribuição à nossa música. Elas são novas, tanto na idade quanto na carreira, mas já estão fazendo sucesso no Brasil e no mundo.

O Mais Cultura! apresentará a partir desta segunda feira (25/06/2012) uma seleção das 20 Melhoras Cantoras dos Últimos 10 Anos no cenário da música popular brasileira, dando uma demonstração do que há de melhor e como a nossa música evoluiu com cantoras de prestígio, respeito, qualidade musical, técnica, harmonia, simpatia e muita cadencia. Não citarei nomes ou estilos que transmitam ao leitor captar quem estará na lista (seletíssima), mas houve cantoras que não entraram por motivos cabíveis de outros artigos já preparados.

A partir desta segunda feira vocês saberão quais são as 20 Melhoras Cantoras no Top 20.

Boa leitura,

Marcelo Teixeira.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Primeiro lugar: Filipe Catto - Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos


Filipe Catto: primeiro lugar no Top 10
Filipe Catto é um jovem cantor que tem uma das carreiras mais promissoras da MPB, mas sua relação com a música vem desde criança – afinal, seus pais são músicos. No entanto, começou a expor seu trabalho próprio em 2005, em um projeto literário-musical de Porto Alegre chamado Sarau Elétrico. A primeira música que gravou para distribuir para amigos e conhecidos – no estúdio que ficava em sua casa, presente do pai – foi Glory Box do Portishead, e assim deu início à sua carreira, no boca a boca da web.  Seu primeiro EP, Saga – que tem a qualidade de um CD comercial, mas com menos músicas –, tem uma mistura de sonoridades latinas, como samba e tango. Sua música é lírica, dramática e passional, e suas apresentações ao vivo beiram o teatral.

A comparação de sua voz com a de Ney Matogrosso é óbvia e inevitável, porém verdadeira, com sua afinação e agudos limpos. E é dele a composição de todas as sete letras do disco, com exceção de Ascendente em Câncer, feita através de um texto de Fernando Calegari. Se não fosse pela personalidade forte e as apresentações tão enfáticas, sua música poderia facilmente cair no brega, mas não é o que acontece. Suas letras são de extrema paixão, daquelas de vida ou morte, ame-o ou deixe-o. Como na letra da música Saga: Se eu soubesse que o amor é coisa aguda, que tão brutal percorre início, meio e fim; destrincha a alma, corta fundo na espinha, inebria a garganta, fere a quem quiser ferir.

O álbum: o melhor dos últimos 10 anos
A música de Filipe Catto é um estado de choque sublime. Você ouve e inevitavelmente é tragado por seu enredo, seu ritmo e sua emoção. A voz de Filipe Catto é impressionante. Filipe Catto coloca o coração na boca a cada vez que começa a cantar. Ele faz isso de um jeito impecável, incluindo no mesmo balaio a perfeição técnica e a paixão de cantar aquilo que ama. O gaúcho Filipe Catto chega com seu primeiro CD, Fôlego, lançado pela Universal Music, mostrando versatilidade e um potencial vocal único: além de afinadíssimo, seu timbre é raro, contratenor. Designer formado, Catto criou todo o conceito do álbum, que traz 15 canções, sendo 8 de sua autoria, incluindo regravações que ficaram com a sua marca, como Garçom, de Reginaldo Rossi. Como o mestre Chico Buarque, Filipe Catto também compõe do ponto de vista feminino, como em Juro por Deus, um samba de humor negro e uma fina ironia.

Ser e estar em primeiro lugar em qualquer situação requer uma responsabilidade gigantesca para que o próximo trabalho do artista seja superior que o primeiro e isso é uma ocorrência que nem muitas vezes acontece. Filipe Catto agora terá uma das responsabilidades mais acirradas de sua história: além de nos convencer de que é, de fato, um dos melhores cantores e compositores de sua geração, terá que nos apresentar um trabalho ainda mais sólido, mais contemporâneo e mais autoral. Chegando ao primeiríssimo lugar na lista dos melhores cantores dos últimos 10 anos, desbancando até mesmo Seu Jorge, Marcelo Jeneci (que seria o mais indicado ao primeiro lugar) e a malemolência de Rodrigo Maranhão, Filipe Catto consegue abraçar o sucesso com fôlego de artista grande, dando toda a sua criatividade a arte de musicar tudo aquilo que lhe sirva de inspiração.

Que o fôlego gaúcho de Filipe Catto seja sempre vigoroso, criativo e envolvente como deste primeiro trabalho.



Primeiro Lugar: Filipe Catto

Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos

Marcelo Teixeira

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Segundo lugar: Marcelo Jeneci - Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos




Marcelo Jeneci: segundo lugar
Filho de pernambucanos, o paulista Marcelo Jeneci se criou rodeado por sanfonas no bairro de Guaianases, um dos redutos nordestinos de São Paulo. Seu pai, Manoel, ganhava a vida consertando acordeões e não perdia a oportunidade de exibir à clientela os dotes do menino, que desde cedo dedilhava o instrumento. Muitas das feras que passavam pela casa da família - em geral, ases do forró, como Dominguinhos - davam uma dica ou outra para o aspirante a músico profissional. Mas o sonho de Manoel não era ver o filho tocando gêneros regionais. Ele queria mesmo é que Jeneci virasse pianista de jazz - e daqueles bem virtuosos.

Hoje, Marcelo Jeneci se tornou uma das principais promessas da música brasileira, elogiado por colegas e jornalistas. Se não seguiu o caminho do jazz, tampouco abraçou os ritmos nordestinos ou o sertanejo. As baladas e os rocks que o cantor e compositor produz têm inspiração essencialmente urbana. No circuito alternativo paulistano, vários artistas de sua geração apostam que ele em breve conquistará as massas sem perder o aval da crítica. Vale dizer que, embora também seja pianista, Jeneci continua fiel à sanfona. Só que o instrumento se insere em seu trabalho da mesma maneira que no pop da mexicana Julieta Venegas, do francês Yann Tiersen e do grupo canadense Arcade Fire.

O primeiro disco: belo, simples e ótimo
A rotina do filho de Manoel começou a mudar quando o acordeonista Toninho Ferragutti lhe avisou que o cantor Chico César estava saindo em turnê e precisava de um sanfoneiro que tocasse piano. Após uma semana de treino intenso, o adolescente de 17 anos se apresentou, carregando uma sanfona presenteada por Dominguinhos, e ganhou a vaga. Em seguida, passou a acompanhar um mundaréu de gente: Elza Soares, Arnaldo Antunes, Vanessa da Mata. Foi com a ajuda de Vanessa, aliás, que concluiu sua primeira composição, Amado. A estreia não poderia ter sido mais feliz. Na voz da intérprete, a canção emplacou em A Favorita, novela da Globo, e ainda faturou o Prêmio Multishow de 2009 na categoria melhor música. Longe, outra criação dele, dessa vez com Arnaldo Antunes e Betão Aguiar, acabou entrando na novela Paraíso, também da emissora carioca, mas na voz de Leonardo.

O primeiro disco de Jeneci, Feito pra Acabar, chegou às lojas justamente pelo Slap, selo da Som Livre, o braço fonográfico das Organizações Globo. Produzido por Kassin, com arranjos de cordas de Arthur Verocai e participações de Curumin e Edgard Scandurra, Feito pra Acabar tem vários hits em potencial, como Pra Sonhar e Copo D'água. Guilherme Arantes, uma grande referência para Jeneci, ouviu o álbum e ficou encantado com o resultado. Amigo de Tulipa Ruiz e Marina Wisnik, Marcelo Jeneci é o destaque da segunda colocação na lista dos 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos do Mais Cultura!, posição de pleno respeito e credibilidade.



Segundo Lugar: Marcelo Jeneci

Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos



Marcelo Teixeira

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Terceiro lugar: Thiago Pethit - Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos


Thiago Pethit: terceiro lugar
Romântico ou melancólico? Triste ou emotivo? Sentimental ou um alegre disfarçado? É difícil diagnosticar o perfil de Thiago Pethit, um dos cantores mais conceituados surgidos nos últimos anos no cenário da MPB. Suas músicas são de uma atmosfera ambientada numa tristeza fria e singela e isso fica ainda mais evidente na voz da cantora Tiê, sua parceira e amiga de longa data. Thiago foi eleito em 2011 pelo jornal britânico The Guardian um dos mais promissores artistas pelo mundo e traz a simplicidade de suas letras. Com elogios frequentes da crítica brasileira, Pethit foi apontado por Caetano Veloso como destaque entre os nomes da atual música brasileira. No VMB (Vídeo Music Brasil), saiu vencedor na categoria aposta MTV 2010.

Com formação em artes cênicas, Pethit estudou canto e composição de tangos em Buenos Aires. Ele lançou seu primeiro álbum, Berlim, Texas, em março do ano passado, com 11 faixas totalmente autorais. Sua discografia inclui ainda a EP Em Outro Lugar (2008) e o single Fuga No 1 (2009).

Thiago Pethit foge de rimas elaboradas e termos rebuscados em suas letras, sempre com frases e palavras confessionais e diretas. A construção musical acompanha o clima de simplicidade das letras, que podem ser em português, inglês ou francês, com performances acústicas analógicas, sem interferências de bases eletrônicas. Por isso mesmo, em abril de 2010, Pethit foi uma das atrações do Fashion Rio, tocando ao vivo a trilha do desfile da grife Espaço Fashion, o que lhe rendeu o título de It Boy pela Revista Time Out, tornando-se queridinho dos fashionistas.

Thiago Petit é um artista que parou de esperar até que alguma gravadora fizesse uma proposta indecente de contrato e decidiu bancar do próprio bolso as despesas para produção e distribuição de seu álbum. A empreitada parece ter alcançado êxito, pois o cantor continua recebendo elogios da crítica e lota shows no Brasil e em festivais internacionais. E é com este mérito de cantor independente que Thiago Pethit chega ao terceiro lugar como um dos melhores cantores surgidos nos últimos 10 anos no cenário da música popular brasileira.



Terceiro Lugar: Thiago Pethit

Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 anos



Marcelo Teixeira

terça-feira, 19 de junho de 2012

Quarto lugar: Leo Cavalcanti - Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos


Leo Cavalcanti: o quarto lugar
Leo Cavalcanti é cantor, compositor, multi-instrumentista, arranjador e é considerado um dos novos nomes da MPB. Em dezembro de 2010, lançou seu primeiro CD Religar, pela DeleDela em parceria com a YBMusic, gravado no Estúdio Traquitana, distribuído pela Tratore. Religar é também o título de uma das canções do repertório desse CD, que foi escolhido pela Revista Manuscrita o melhor dos melhores 100 discos de 2010. Seu trabalho vem rendendo mais comentários como o de Fernanda Takai, Adriana Calcanhotto, Arnaldo Antunes e Caetano Veloso, que disse que seu talento é genuíno.

Depois de vencer o 3º Festival da Semana da Canção Brasileira em São Luiz do Paraitinga (2009), Leo Cavalcanti foi premiado no Edital ProAC nº18 (2009), para gravação de disco inédito no Estado de São Paulo. Em maio/junho de 2010, foi convidado para tocar com seus músicos no Festival Tensamba (Tenerife e Gran Canária), na Espanha; no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, Portugal; e em Londres, no Momo’s e no Bloomsbury Lanes, com excelente repercussão.

Leo Cavalcanti frequentemente colabora com outros artistas da cena musical de São Paulo como Tulipa, Arícia Mess, Tatá Aeroplano, Karina Burh, Trupe Chá de Boldo, entre outros, participando de shows e da gravação dos CDs.

E hoje Leo Cavalcanti brilha absoluto no quarto lugar da lista dos 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos, que já contou com Criolo, Edu Krieguer e Rodrigo Maranhão.



Quarto Lugar: Leo Cavalcanti
Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos

Marcelo Teixeira

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Quinto lugar: Edu Krieguer - Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos


Edu Krieguer: o quinto melhor cantor
Correnteza, segundo e aguardado CD de Edu Krieger mantém o quilate do disco anterior, dando um (largo) passo à frente. Não chega a ser surpresa para quem acompanha a carreira do compositor, festejado e gravado por artistas como Maria Rita e Roberta Sá. Três anos depois do disco de estreia o novo trabalho, no mercado pela Biscoito Fino, traz rica coleção de doze composições. Espécie de ícone de uma nova geração de grandes compositores e músicos, Krieger desponta como nome mais conhecido de uma turma que tem fôlego para revelar grandes talentos. Não será espanto se dessa geração surgirem os novos grandes nomes da música brasileira. Primando pela qualidade de seus trabalhos, são artistas com caldo suficiente para durar mais do que os quinze minutos de praxe do mercado. Esse novo trabalho traz parcerias de Edu com outros nomes dessa turma, como Marcelo Caldi em Serpentina e Raphael Gemal em Feira livre. Com o grande violonista Zé Paulo Becker, do excelente Trio Madeira Brasil, traz Sobre as mãos que soma a luxuosa participação do piano de João Donato.

Edu Krieger traz composições inspiradas como Feira livre, Galileu, Ela entrava, Desestigma e Quando ela ri. Retoma o namoro virtual com Graziela, sucesso da década de 90 do grupo de forró Paratodos, formado por ele. Dialoga com a gaita de Rildo Hora em A mais bonita de Copacabana, que conta a história de uma moça que promete o mundo quando pede a grana / Mas depois, sacana, não está nem aí.

Apesar de ter seu nome geralmente ligado ao samba, a música de Edu Krieger não se limita em rótulos. No novo CD o compositor navega por bolero e ritmos nordestinos. Na faixa-título, que abre o disco, a guitarra de Fabiano Krieger dialoga com o cavaquinho de Alessandro Cardozo. Já em Quando ela ri a programação de ritmos de Lucas Marcier casa com o violão de oito cordas do compositor. Krieger termina o disco brincando com o carnavalesco samba (anti-) exaltação em Serpentina: Adão e Eva, cansados de uma vida vã / Queimaram erva e comeram bolo de maçã.

Chegando a quinta colocação na lista dos 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos, Edu Krieger se firma como um dos maiores compositores em atividade no país compondo uma obra que é fonte rica para intérpretes antenados com a boa música produzida no país. Seu nome não é mais novidade, mas merece ser sempre mais ouvido e comentado. Correnteza leva esse recado. Cantado e idolatrado por Maria Rita e Roberta Sá, Edu Krieguer deixa sua assinatura como um dos melhores cantores de todos os tempos, lançando discos competentes e originais e dando a verdadeira identidade da Música Popular Brasileira, perdida há alguns anos pelo setor masculino.



Quinto Lugar: Edu Krieguer

Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos

Marcelo Teixeira

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sexto Lugar: Rodrigo Maranhão - Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos


Carioca de nascimento, Rodrigo Maranhão nunca escondeu a raiz nordestina tão presente em sua canção, que vai do xote ao baião, passando obrigatoriamente por samba, embolada e até pela valsa. Paralelamente à carreira solo, Rodrigo integra o grupo Bangalafumenga e, no momento, lança Passageiro, o segundo álbum solo. Assumido minimalista (no sentido da depuração), Rodrigo trabalha mais com a tesoura em suas belas canções. Rodrigo Maranhão não esconde o orgulho de ter obra marcada por canções nas vozes consagradas de Maria Rita (Caminho das águas), Roberta Sá (Olho de boi e a ótima Samba de um minuto), Fernanda Abreu (Dance, dance e Baile da pesada), Anna Luisa (Baião digital e O osso) e Zélia Duncan (Gringo guaraná).

De seu primeiro e surpreendente disco solo, Bordado(2007), Rodrigo Maranhão trouxe, além do já inconfundível estilo de compor e cantar brasileiro, a variedade de ritmos e gêneros. Variedade, claro, calcada nas duas grandes veredas da música brasileira, o samba (urbano) e o baião (rural). Mas se lá, em Bordado, ele apresentou quase um manifesto pelo direito de sua geração de continuar a fazer simplesmente uma música brasileira ampla e em Passageiro, mais maduro Rodrigo põe tudo em dúvida, questiona ritmos e gêneros, é ora metalinguístico, ora onírico. Sempre e ainda surpreendente.

Senão ouçam Samba quadrado, o samba irônico e metalinguístico que abre o CD (anunciando o espírito da coisa): se na letra ele diz que tentou fazer um samba importado/ um samba quadrado/um samba só, na música tudo suinga, tudo balança, do pandeiro de Pretinho da Serrinha e da guitarra de Thiago di Sabatto, ao quarteto de cordas arranjado por Leandro Braga.

No mesmo espírito de estranhamento com ritmos e gêneros estão a Valsa lisérgica, única parceria do disco, a letra de Pedro Luís cheia de imagens loucas também no espírito da coisa; o Quase um fado, gravado entre Rio e Lisboa, com direito à voz potente do português Antônio Zambujo, em quem, aliás, Rodrigo se inspirou para fazer a canção, depois de assistir um concerto dele no Rio; o sambão Um samba pra ela, popular e escorreito na melodia, com direito à suingueira do trombone de Zé da Velha e o trompete de Silvério Ponte, além do sax soprano do produtor Zé Nogueira reforçando o naipe e o suingue, mas em cuja letra também irônica e metalinguística revela-se que tentei fazer um samba pra ela/ mas a palavra se nega/ não me dá satisfação.

Conhecedor dos meandros da canção brasileira, como se vê, Rodrigo Maranhão se dá ao luxo de brincar com ela, de por vezes virá-la ao avesso. É o caso da faixa mais pop do disco, Camaleão, conduzida pela orquestra percussiva de Marçal e pela deslumbrante flauta baixo de Andrea Ernest Dias, tocada com o sopro evidente, à maneira de Hermeto Pascoal, e com a letra propondo um negaceio típico deste trabalho: No inverno posso ser verão/ Ser um só e ser camaleão. É também o caso do lindo xote Maria sem vergonha, a orquestra percussiva desta vez a cargo de Marcos Suzano, o arranjo minimalista conduzido pelo órgão Hammond vintage de Marcelo Caldi e pela guitarra de Ricardo Silveira, um misto de coisas velhas e formas novas para a letra que confessa: Volto ao velho e companheiro cais/ Para espiar no mar de tantas eras/ O que ainda é novo e o que ficou pra trás.

A produção de Zé Nogueira, aliás, privilegia o acústico e o minimalismo que as canções de Rodrigo pedem, ou melhor, exigem. As cordas e o piano são usados, por exemplo, de forma parcimoniosa (e deslumbrantes, com direito também a solo do sax de Zé Nogueira) por Leandro Braga em De mares e Marias, canção de amor de feição clássica, mas com letra cheia de dúvidas, tão no espírito do disco: Pode ser que a noite queira dizer tanta coisa, tanta coisa/ Mais de uma vez, eu sei/ Pode o amor passar/ Ninguém saber.

Espírito do disco, aliás, que pode ser resumido no baião onírico Sonho: Se é sonho ou verdade/ Eu não sei. Ou mais ainda na embolada-canção (com direito a rabeca de Siba) que não por acaso dá título ao disco, Passageiro, que encerra o trabalho com um conselho daqueles de cego cantador e que deve ser seguido à risca: Pra chegar no fim do verso/ É preciso ficar quieto.

Com todos esses ensinamentos e soberania sobre música popular brasileira e pelo novo talento surgido nos últimos anos, é que Rodrigo Maranhão encabeça a sexta colocação da lista dos 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos. Merecidamente.



Sexto Lugar: Rodrigo Maranhão

Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos

Marcelo Teixeira

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sétimo lugar: Lucas Santtana - Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos


Lucas Santtana é o tipo de artista que é difícil catalogar. Ao mesmo tempo que seus discos e suas composições tem uma ligação com a tradição da Música Popular Brasileira,  elas absorvem influências que vão do Afrobeat ao Dance Hall, passando pelo Dub, Eletrônica, Funk Carioca,dentre outras. Esticando ainda mais a linha evolutiva da música Brasileira. Em 2000 Lucas Santtana iniciou sua carreira solo lançando o CD Eletro Ben Dodô, produzido pelo renomado produtor Chico Neves e mixado no estúdio Realworld de Peter Gabriel. O cd recebeu críticas elogiosas no Brasil e em importantes publicações no mundo da música como a Village Voice, Down beat e o Chicago Tribune(E.U.A); Le monde e Vibrations ( França); Latino  e Esquire (Japão) , além de estar incluído na seleta lista dos dez melhores cds independentes do ano de 2000 pelo The New York Times.
Em julho de 2003 Lucas Santtana lançou o seu segundo cd, intitulado Parada de Lucas. O cd é dedicado ao geógrafo Milton Santos. Assim como o primeiro, Parada de Lucas recebeu críticas elogiosas dos principais jornais e revistas do Brasil e mais uma vez ganhou matéria no The New York Times. Como instrumentista participou dos CD’s de Chico Science e Nação Zumbi, Marisa Monte, Fernanda Abreu, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Como compositor teve suas músicas gravadas por Marisa Monte, Fernanda Abreu, Arto Lindsay, Adriana Calcanhotto, dentre outros.
Lucas participou da trilha sonora do filme Deus é Brasileiro de Cacá Diegues e compôs a trilha da peça O Bispo, do ator João Miguel (Cinema ,aspirinas e urubus, Estômago, etc). Em 2006 lança o 3º cd 3 sessions in a greenhouse acompanhado da banda Seleção Natural. Lançado em julho de 2009, seu 4º disco, intitulado Sem Nostalgia, que traz uma releitura moderna do formato voz e violão, um clássico da Música Brasileira. Assim como os 3 primeiros discos, Lucas Santtana continua suas alquimias sonoras tendo a canção como centro, mas sobrepondo  a ela diversas texturas musicais.
Por todos esses singelos detalhes e pelo enriquecimento na música popular brasileira que nos confere a dimensão de sua rica intelectualidade, Lucas Santtana (namorado da atriz Camila Pitanga) merece destaque no sétimo lugar na lista dos 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos.

Sétimo Lugar: Lucas Santtana
Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos

Marcelo Teixeira

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Oitavo Lugar: Seu Jorge - Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos


Seu Jorge (apelido dado pelo amigo e baterista Marcelo Yuka) alcançou sua primeira realização profissional como músico em 1998: integrante da banda Farofa Carioca, lançou o disco Moro no Brasil em Portugal, no Japão e no Brasil. Mas foi exatamente em 2001 que lançou o primeiro disco solo, Samba Esporte Fino, produzido por Mário Caldato e Seu Jorge, mixado e masterizado em Los Angeles por Mário Caldato. No ano seguinte compôs com Ed Motta a música Tem espaço na Van, e também realizou o projeto de samba de partido alto chamado Caatinga de Swing, com apresentações numa boate na zona sul do Rio e no Skol Rio. Em 2003 gravou o disco CRU em Itaipava, com o produtor musical francês Jerome Pigeon, e nesse mesmo ano compôs em parceria com a cantora Ana Carolina, as músicas Beat da Beata e Não Fale Desse Jeito para o disco dela de grande sucesso, Estampado.

Em 2004 gravou em Roma o videoclipe da música Tive Razão, com participação dos atores Willen Dafoe e Bill Murray, dirigido por Mariana Jorge. Em seguida lançou o DVD MTV Apresenta Seu Jorge e compôs com o músico BID a faixa E depois para o disco Bambas e biritas Vol. 1. Por dois anos consecutivos (2003 e 2004) ganhou o prêmio APCA [Associação Paulista de Críticos de Arte] de melhor cantor do ano. Em setembro de 2004 lançou o disco CRU na França (pelo selo Naïve), e na Inglaterra, resultando em 5 estrelas na crítica especializada francesa e inglesa, editoriais de ênfase nas revistas Rolling Stones, Elle France, Vogue France e participações em programas ao vivo de televisão. Foi aclamado pelo público e mídia europeus como um novo grande representante da música brasileira. Foi convidado pela rede BBC de televisão para cantar ao lado de Black Eye Peas e Foo Fighters no badalado programa de televisão de Jools Holand, onde voltou alguns anos depois. Ainda neste mesmo período fez o show de lançamento do DVD The Life Aquatic, tocou na Praça da Bastilha, em Paris, ao lado de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Lenine, Daniela Mercury e Jorge Benjor, fez um show no festival de Jazz de Montreux e saiu em tournê pela Europa.

Em meados de 2005 lançou CRU no Japão, onde já havia acumulado um vasto numero de fãs desde o Farofa Carioca. Ao voltar para o Brasil gravou o disco e o DVD do show Seu Jorge & Ana Carolina – ao vivo. Em setembro do mesmo ano levou para os EUA a turnê do disco CRU nas principais cidades do país com ingressos esgotados em todos. No início de 2006, realizou um projeto de samba no Na Mata Café, em São Paulo, onde aos domingos apresentava, junto a uma roda de samba carioca e convidados, um repertório apenas sambas de partido alto.

Durante o carnaval de 2006 gravou um documentário para a BBC de Londres, cujo tema foi a sua vida, veiculado no programa South Bank Show, e depois exibido no Brasil, Estados Unidos e Europa (clique aqui para assistir no youtube). Em abril, abriu os shows da cantora cabo-verdense, Cesária Évora, em Nova York, Boston e Washington, e em maio Seu Jorge recebeu Gilles Petterson e a CNN em sua casa para a gravação de um programa veiculado no mundo todo. Entre os meses de junho e julho, realizou uma turnê nos EUA e Canadá, realizando 21 shows em 29 dias, incluindo o encerramento do Festival de Cinema de Miami; Bonnaroo Festivalem Manchester; Stern Grove Festival em San Francisco; Coastal Jazz Festival em Vancouver; Summerstage Festival no Central Park, em Nova Iorque; Montreal Jazz Festival; Quebec City Summer Festival, entre outros, com aclamação do público e mídia americana, o que lhe deu energia extra para esticar a turnê pelo Reino Unido e Portugal.

Ao final de 2006 se concentrou na gravação e produção de América Brasil O Disco, sob o qual ficou em turnê por 2 anos consecutivos em solo nacional e internacional. Em Janeiro de 2009, gravou América Brasil O DVD.

Em Julho de 2010 lançou o disco Seu Jorge & Almaz pela gravadora americana Now Again. O projeto nasceu em 2008, quando foi convidado para cantar em uma música parte da trilha sonora do filme Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas. Do encontro com os músicos Lúcio Maia, Pupillo e Antônio Pinto, surgiu uma forte amizade e o desejo de gravar um disco. Doze versões de músicas escolhidas por eles foram tão logo gravadas, mas o lançamento do disco só aconteceu dois anos depois, em função das agendas dos envolvidos.

Fez músicas para Paula Lima brilhar em seu disco de estreia, É Isso Aí e ainda por cima é um dos artistas mais elogiados por bambas do escalão de João Bosco, Chico Buarque e Caetano Veloso. Por todos esses adjetivos e pela sua bela historia, Seu Jorge merece destaque no oitavo lugar da lista dos 10 Melhores Cantores dos últimos 10 Anos.



Oitavo Lugar: Seu Jorge

Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos



Marcelo Teixeira

terça-feira, 12 de junho de 2012

Nono Lugar: Mariano Marovatto - Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos




O cantor Mariano Marovatto
O cantor, compositor e bacharel em literatura brasileira pela PUC-Rio, Mariano Marovatto, resolveu se cercar de uma equipe extremamente competente para realizar o seu CD de estreia, Aquele Amor Nem Me Fale. O resultado é um alento para quem gosta da melhor música brasileira. O álbum é dominado pela bossa nova e o tom de voz do rapaz lembra, em muitos momentos, o de Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, o que é facilmente percebido em "Pequena Flor": Não fuja, não / Se ouvir essa canção / Cuide bem do amor, então / Se ouvir meu coração. A referência ao paralama não é equivocada, pois, no site oficial, o artista disponibiliza uma versão de Foi o Mordomo. Portanto, tire suas conclusões.

O primeiro álbum: excelente
O álbum começa ao som da bateria de Marcelo Callado para apresentar a doce Tanto, reforçada pelos competentes vocais de Lígia Fabris Campos: Porque eu vou estar sempre / Onde você estiver / Porque eu vou mostrar sempre / O que você quiser. Em seguida, vem uma das melhores faixas do álbum, a balada Teu, composta em parceria com Jonas Sá, que também canta a música e é um dos nomes mais presentes no disco, o qual coproduziu com Mariano. Também merece destaque a eletrônica, bem oitentista e pós-punk Pra Ela, que remete a bandas como Fellini e Voluntários da Pátria: Faz muito tempo que eu faço uma balada de amor pra você / Mas não consigo terminar / Tão só faltando quatro, cinco, seis versos que rimam com dor / E mais nenhum com o verbo amar / Mas e daí? Você não gosta mesmo de ouvir música brega / E não sabe o que é flertar.

Outros nomes conhecidos que participam do álbum são Bruno Medina e Gabriel Bubu, do Los Hermanos; Pedro Sá, Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado, da banda , de Caetano Veloso; e Davi Moraes e Moreno Veloso, que tocam, respectivamente, guitarras e pandeiro, prato, faca e ovinho – seja lá o que isso quiser dizer – na regravação de Não É Por Não Falar, dos Titãs, transformada quase num rock tropicalista. Outra regravação é a da cantiga "Não Tem Lua", de Durval Lélys, líder da banda baiana Asa de Águia.

Apresentador e roteirista do programa musical Segue o Som, na TV Brasil, Mariano realiza atualmente doutorado em poesia pela mesma PUC-Rio e é autor, junto com o coletivo de poetas Os Sete Novos, dos livros Primeiro Vôo, lançado em 2006, e Amoramérica, de 2008. Ele também é o pesquisador responsável pela organização do acervo do poeta e letrista Cacaso, na Fundação Casa de Rui Barbosa. Não é à toa que retirou o título Aquele amor nem me fale de um dos poemas de Oswald de Andrade. Outra referência literária é Alice, de Lewis Carrol, faixa que encerra o álbum: Pra beijo e percevejo / Alice tem lençol / Se os gatos são listrados, contentes / Alice girassol / Se o mundo quer Papai Noel / Alice quer sair.

Por todos esses adjetivos e por toda a sua bela musicalidade, Mariano Marovatto merece destaque, merecidamente, no nono lugar da lista dos 10 Melhores Cantores.



Nono Lugar: Mariano Marovatto

Os 10 Melhores Cantores dos Últimos 10 Anos

Marcelo Teixeira