quinta-feira, 31 de maio de 2012

...e a Gente Sonhando, de Milton Nascimento


O disco, lançado em 2010
Encontro de gerações. Essa é a palavra chave do último disco do cantor Milton Nascimento, “...E a Gente Sonhando (2010 / EMI / 34,99). A ideia surgiu quando o compositor folheava uma edição especial da revista Billboard sobre música brasileira e descobriu em suas páginas algumas referências de cantores de sua cidade, Três Pontas, no sul de Minas Gerais. Isso foi em 2006, e naquele mesmo ano, durante três dias, o compositor percorreu bares, vendas e fazendas da região, e foi desta maneira informal que ele se deparou com jovens talentos musicais.  Ao todo foram selecionados 25 artistas – entre cantores, instrumentistas e compositores - com uma abrangência musical que passava do rock a ritmos regionais. O destaque ficou por conta das três vozes masculinas que permeiam o disco. Trata-se de Bruno Cabral, 19, Ismael Tiso Jr., 24 e Paulo Francisco, 27, que não só emprestaram suas vozes, como também suas composições a essa nova empreitada.

Também estão presentes, músicas inéditas de autoria do próprio cantor e algumas regravações, como Adivinha o Quê, de Lulu Santos, Resposta ao Tempo, de Cristovão Bastos e Aldir Blanc e Estrela, Estrela, de Vitor Ramil. Milton já havia feito um trabalho semelhante com o disco Pietá, de 2002, quando contou com a participação das então novatas Simone Guimarães, Marina Machado e Maria Rita.

O título deste novo trabalho refere-se à segunda música - homônima - que Milton compôs na vida, no ano de 1960, quando ainda era um aspirante a cantor e trabalhava de datilógrafo em um escritório em Belo Horizonte. Canção esta que permanecia inédita até hoje e que foi resgatada dos arquivos especialmente para a ocasião. Lançado oficialmente no dia 11 de setembro em sua cidade durante a 2ª Edição do Festival Música do Mundo, o álbum chegará para todo o país no final de setembro.

Um ano depois do lançamento do último trabalho - “Milton Nascimento & Belmondo” - o cantor e compositor Milton Nascimento reúne um grupo de novos músicos e cantores da cidade mineira de Três Pontas em seu novo álbum, “...e a Gente Sonhando”. O disco reúne 16 faixas, entre temas já lançados anteriormente por outros artistas, como Simone (Rares Maneiras), Lulu Santos (Adivinha o Quê?) e Jota Quest (“O Sol”) e outros do próprio Milton (“... e a Gente Sonhando”, “Amor do Céu, Amor do Mar”). A mistura de origens das composições não soam estranhas quando colocadas lado a lado, graças à unificação que a interpretação de Milton dá para as músicas e dos arranjos que - no geral - seguem uma sonoridade jazzística.

Na bonita faixa-título, que abre o disco, Milton divide os vocais com Bruno Cabral, sobre o piano de Wagner Tiso que participa das gravações de quase todas as músicas. ...e a Gente Sonhando não é um disco de altos e baixos. O álbum mantém um nível intermediário, mas com alguns momentos que merecem especial atenção, como em Estrela, Estrela, composição do gaúcho Vitor Ramil, já cantada no primeiro disco de Maria Rita (2003).

A suavidade do instrumental, da letra e da voz de Milton criam uma obra belíssima. Porém nessa mesma música é perceptível que a idade deixa marcas na voz de Milton Nascimento. Ainda marcante e bonita, mas com algumas cicatrizes.

Raras Maneiras, composição de Tunai e Márcio Borges gravada por Simone nos anos 80, ganha vida graças ao coro que também participa de outras canções e ao sax de Widor Santiago. Outra regravação com ótimo resultado é O Sol, música do grupo Tianastácia regravada pelo Jota Quest. É curioso observar com essa música como uma composição pode ganhar um espírito tão diferente dependendo quem a canta. Outro momento mais pop do disco em que Milton parece se soltar mais é no sucesso de Lulu Santos “Adivinha o Quê?”. Versão interessante.

...e a Gente Sonhando traz bonitas canções, mas não parece ser um disco que vai render a Milton clássicos para o repertório ou outros sucessos comerciais. Não que ele precise, claro, mas falta algo marcante.



Nota 9

...e a Gente Sonhando / Milton Nascimento



Marcelo Teixeira

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Agenda Mais Cultura!




Dia 31/05, no Sesc Santana, Marina Wisnik subirá ao palco mostrando as músicas de seu bem elaborado primeiro disco, Na Rua Agora, tendo a tiracolo o cantor e produtor Marcelo Jeneci.



SESC Santana



Avenida Luiz Dumont Villares, 579, 2085100 São Paulo, Brazil

Zona Norte

Às 21 horas.

Luciana Souza


Luciana Souza
Assim como Rosa Passos, Luciana Souza reina absoluto em solo americano, levando o que há de melhor da nossa música popular brasileira, reinventando assim um jeito mais moderno e introspectivo da bossa nova de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Com um timbre de voz maravilhoso, Luciana é mais conhecida nos redutos de jazz do que aqui em seu próprio país. Com diversos discos merecedores de destaque em qualquer lugar do planeta, a cantora é recordista no quesito musicalidade. Misturando jazz com MPB e bossa nova, junto com o baião e o xote de Luiz Gonzaga, dando a dimensão de sua musicalidade. Nascida em uma família extremamente musical, sua mãe, Tereza Souza, foi letrista e poeta, seu irmão pianista e seu pai, Walter Santos, foi violonista amador e compositor, Luciana Souza é hoje uma das cantoras mais respeitadas do meio jazzístico norte-americano. A cantora teve por dois anos consecutivos (2000 e 2001) seus mais recentes trabalhos incluídos na lista dos dez melhores álbuns de jazz e pop do ano, editado pelo tradicional e influente jornal The New York Times.

É uma pena que o Brasil ainda não tenha se curvado para este enorme talento, merecidamente reconhecido por estrangeiros ávidos por música brasileira. Assim como as cantoras Joyce Moreno e Virginia Rodrigues, seus discos são ministrados com a cautela de quem sabe o que está fazendo em todos os seus discos, seja solo ou em parceria com algum monstro sagrado do jazz americano, fazendo com que a brasilidade sempre impere. Mesmo estando em um país americano, Luciana sempre fez questão de mostrar que o Brasil é e sempre foi sua morada. E não é a toa que a cantora encanta milhares de pessoas nos circuitos mais importantes dos Estados Unidos, conseguindo administrar sonoridade com poesia e música ao cantar os grandes nomes da MPB, incluindo neste seleto grupo seus talentosos pais.



Marcelo Teixeira

terça-feira, 29 de maio de 2012

A sofisticação pessoal de Cris Cabianca


O primeiro álbum de Cris
Ousadia e sofisticação são os dois adjetivos mais apropriados para definir o álbum de estreia da cantora paulistana Cris Cabianca, conhecida pela participação nos musicais West Side Story, Cinderela, O Jardim Secreto, Pluft, o Fantasminha, My Fair Lady e Hair. Mas eles não são suficientes para descrever um trabalho que mistura uma sonoridade delicada e, ao mesmo tempo, sombria com a voz doce da artista, os arranjos cristalinos de Corciolli e as letras marcadas por boa dose de misticismo. Ex-aluna do Broadway Dance Center, em Nova York, Cris Cabianca, especialista em musicoterapia e atualmente residente em Los Angeles, abre o álbum homônimo com um tributo a Iemanjá, Canto das Sereias. Além dessa, ela é autora de seis das dez canções. Outras duas são de Corciolli, também responsável pela produção. São elas, Entardecer, que é um misto de canto gregoriano com música eletrônica; e a romântica Se Esquece em Mim.

Corciolli  também fez o arranjo para a tradicional canção inglesa Scarborough Fair, aqui numa espécie de versão bossa nova e que chamou muita atenção ao ser gravada por Simon & Garfunkel e entrar na trilha musical do filme Primeira Noite de Um Homem.  Uma das faixas que melhor apresentam o trabalho é a bonita balada: Eu tenho saudades de casa / Eu tenho saudades do mundo / De um tempo passado / Dos dias futuros / De todas as coisas que eu nunca vi.

Na new bossa nova Só Com Você, Cris Cabianca mistura inglês com português e recupera um pouco o estilo cristalino de cantoras dos anos 1990, como Marisa Monte e Vanessa Rangel. Em Flores da Terra, a letrista relaciona a chegada do amor e a cura da dor às pedras – diamante, esmeralda, crisocola, selenita, citrina, cobre, prata e jade. A mistura é a tônica de Tango do Fogo, que apresenta um tango mais eletrônico e percussivo. E a música sertaneja marca Estradas de Nossas Vidas.

A penúltima canção, antes de Scarborough Fair, é a animada e eletrônica Plêiades, marcada também pela letra de tom místico: Oito sóis, irmãos no brilho / Alcione em pleno giro / Vai girar a chave da criação / Eu vejo as Plêiades descendo na Terra / Trazendo do cosmos amor e perdão / De longe estrelas enviam mensagem / Em mil carruagens de radiação. Comprova-se, portanto, que no caldeirão dessa artista pode entrar quaisquer ritmos musicais, sempre preservando a busca por uma marca autoral, o que exige certo grau de qualidade.



Nota 9

Cris Cabianca / Cris Cabianca



Marcelo Teixeira

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Peixes, Pássaros, Pessoas, de Mariana Aydar




A obra-prima de Mariana Aydar
Mariana Aydar é dessas raras cantoras que, ao abrigar uma canção em sua voz, consegue significá-la definitivamente, canonizando-a, estilista do canto que se revelou desde seu primeiro CD, lançado há mais de três anos. Hoje o Mais Cultura! traz o já consagrado Peixes Pássaros Pessoas (2009 / Universal Music / 29,99), corajosamente composto por 13 canções inéditas, encadeadas num roteiro conceitualmente elaborado – fato que confere aos temas escolhidos, uma significação específica e diferencial no conjunto do repertório. Aliás, o repertório, sua qualidade e as formas com que Mariana o molda implicam a essencial destoância do disco em relação às demais produções contemporâneas, costumeiramente centradas no excessivo cuidado com arranjos e com a voz do cantor.

Aqui, nesse maravilhoso Peixes Pássaros Pessoas, o resultado advém de uma proposta aparentemente descentrada dos padrões, voltando sim atenção a refinados arranjos e ao modo ímpar de interpretação da cantora, mas estabelecendo e obtendo, de todo o processo criativo, uma força vetorial conduzida pela segurança da intérprete que coloca destreza e inteligência a serviço de uma escuta global, inteiriça e estoica, conseguindo oferecer ao público um dos mais diferenciados CDs produzidos nos últimos anos.

Ao iniciar o disco com o belo samba Florindo, de Duani (compositor de mais seis imprescindíveis temas do roteiro, e produtor do CD junto com Kassin), camadas de pensamentos condizentes ao fio-condutor temático do roteiro são levemente prenunciadas, como num samba de Candeia, daqueles em que a esperança é modestamente perseguida pela remissão consciente do mundo material: Quem quer viver bem no presente encontra o seu lugar (…) E todo esse sofrimento não pertence à sua casa, sentencia Duani, autor capaz de chegar a extremos de densidade poética em demais versos e sambas.

Transbordando em signos, metáforas e imagens oníricas sobre o branco da página e sob nuvens rasas, Mariana e Duani desenham claramente o viés-motriz do projeto, conseguindo estabelecer um diálogo espontâneo entre as canções – trabalho árduo nos dias de hoje. E essas, individual e coletivamente, perfazem uma espécie de oráculo, decurso pelo qual a canção passa a servir de espaço para a expressão de uma fala recusada, elidida, bastante visível, por exemplo, no neo-baião Tá? (da trinca Carlos Rennó, Pedro Luis e Roberta Sá), no qual cada frase é mutilada antes do término da sílaba ta, pois por onde você passa o ar você empes..., e pra bom entendedor, meia palavra bas.... Aliás, esse fora o mote inicial da criação que acrescenta ao disco pitadas de uma cosmovisão acidamente crítica, que também se intercala, sutilmente, no bojo de outras canções.

Paralelamente, como exemplo, a recepção afetiva e amorosa do samba Aqui em Casa (de Duani e Kavita), leva o ouvinte a imageticamente criar o idílio que, com o seguimento dos versos, culmina na realidade de que todo esse amor (…) nunca passou de amizade, últimas estrofes que conferem a abrupta cisão na expectativa imaginária. Do macro ao micro, isto é, da consciência de um todo existencial ao pequeno mundo dos afetos, o roteiro transcende ainda ao buscar o lócus paradisíaco, tônica presente em obras de alguns poetas-letristas. Trata-se do sincopado Pras Bandas de Lá, de Duani, no qual o eu-lírico-enfastiado pretende deixar o mundo velho por aqui, pois é cada uma que eu tenho que escutar -, abandono e troca de um mundo saturado para a opção das bandas de lá, lugar-incomum idealizado onde se pode ver o sol morrendo no mar. Com um sensível radar, a completude alcançada pelo encadeamento de canções consegue enfatizar a contradição como uma essência comum e natural de nossa condição humana contemporânea.

Com Nuno Ramos, Duani cria o dilacerante samba Manhã Azul, no qual uma outra Mariana brinca com sua intenção interpretativa, narrando manhãs possíveis a uma vida aberta para folhas secas e vento, eclodindo em quem foi que botou a chuva dentro dos meus olhos? Qual foi a luz da luz do sol que cegou e me fez ver?. E esse olhar-gume afiado, veladamente apocalíptico, enxerga a cidade cair em pé, iluminando-se pela luz de uma alegria azul, prenúncio que se afigura mais concretamente em Poderoso Rei (Duani), no qual um dia as pessoas da terra vão perceber que não valeu de nada o que se defendeu, samba entoado em garra e dentes por uma Mariana que, inevitavelmente, faz emergir a lembrança da grande intérprete Clara Nunes, cuja temática dos dois sambas também integravam um segmento de sua obra (como As Forças da Natureza, de Paulo César Pinheiro e João Nogueira, Juízo Final, de Nelson Cavaquinho, entre outras peças).

Não há comparações entre Mariana Aydar e Clara Nunes, separadas por uma lacuna abissal de tempo e de evoluções estéticas; mas se Clara estivesse viva, provavelmente abraçaria Mariana, e encontraria na jovem uma ponte de continuidade, devido à importante característica que as une: ambas abraçaram o samba como um segmento concernente e bem definido em suas produções, sem se rotularem sambistas (embora Clara ainda sofra esse efeito), o que as limitaria diante do vasto potencial de intérpretes e estilistas do canto que possuem.

Não à toa Clara Nunes, num mesmo disco, cantava sambas de Nei Lopes, Candeia, João Nogueira, Paulinho da Viola, que dividiam espaço com um bolero composto por Paulo César Pinheiro, assim como um fado de Chico Buarque – refiro-me ao LP As Forças da Natureza, de 1977. Lançando mão de outros modos de abordagem e criação, Mariana Aydar concentra-se na ressignificação de suas referências, bem como no processo de seu trabalho que, sem cair em equívocos, reforça sua atuação como intérprete da canção, embora o samba a persiga (como diz no dueto com Zeca Pagodinho, O Samba me Persegue, de Duani), mas mantendo-se fiel ao seu talento e ofício: a de intérprete, capaz de vestir estilos diversos, de acordo com aquilo com o que quer dizer.

E no esteio do querer dizer o essencial em poucas palavras, utilizando-se de um vasto campo semântico ao qual os compositores parecem obter livre acesso, Mariana nos apresenta a marcha Peixes (de Nenung) que, empunhada por guitarras, cellos, teclados, baixo e uma lancinante bateria e árvore de sinos, parece deflagrar e consolidar o eixo da ideia central do projeto, tornando-se uma chave de compreensão para a rica hibridez do disco -  o título Peixes Pássaros Pessoas é extraído de um dos versos da música. Ao abusar de metáforas na medida certa, Peixes alinhava as demais canções, permitindo-as confluir, respirar e coexistir natural e espontaneamente nesse inesgotável matulão de signos que o disco traz.



Por meio da canção de Nenung (atuante compositor da banda Os The Darma Lóvers, que ainda vai dar o que falar!), conseguimos inclusive viajar nos detalhes do projeto do encarte do disco, que apresenta fotos de Mariana Aydar coberta por restos de drapejados dourados, sobras de carnaval, brocados misturados à terra (mãe-terra?) sobre a qual Mariana aparece deitada, expondo bracelete dourado e pulso, ora rindo, ora sisuda, ora com rosto encoberto pelo braço, ora guerreira, ora menina, sob fios embolados e sustentados por postes.

É quando Mariana – Kavita, matizada em sânscrita poeta, deixa de ser um pseudônimo para se tornar seu próprio heterônimo mítico, pitonisa que se subverte ao enxergar e referenciar a corrosiva e real igualdade, translúcida sob seus olhos, entre objetos seres coisas homens vida e morte, peixes pássaros pessoas aprisionados à crueza da cegueira condicionada pela inversão de valores e de condutas, enfermidade generalizada pela qual passa a humanidade.

Num grito sufocante, Mariana encerra Peixes como que enfrentando os anzóis atravessados na garganta, na negação de se morrer como decoração de casas, tocando, outra vez, e conscientemente, na nevralgia da contradição. Eu não escrevo pra ninguém e nem pra fazer música, ratifica em sua bela Palavras Não falam, mas contraditoriamente diz se entender escrevendo e vendo tudo sem vaidade ao preencher o branco desta página linda. Situada (e sitiada) em um radical e interminável jogo de contrários, entre o desmanche do que fora o carnaval, caminhando sobre o luto posterior à festa, entre belezas acesas das práticas do amor e horrores de tanta social e amores falsos, a artista esfacela sua persona em espelhos, matizes e signos, acintosamente para dar conta do conteúdo de seu dizer, súmula da existência de um trabalho que consegue escapar de rótulos – índie, new-hippie etc. -, para conseguir chegar, do modo que for à tessitura da alma do ouvinte.

Daí a necessidade de um trabalho que é, indubitavelmente, resultado das reflexões, das experiências e da alma criativa dos artistas envolvidos, e de Mariana, que na contracapa do disco expõe o rosto à contraluz, tentando enxergar algo – a imanente e incessante busca pela aprendizagem. Ousadamente encerra o disco com Tudo o que Trago no Bolso (dela em parceria com Nuno Ramos), num quase sussurro exausto, sobre os acordes da guitarra de Lanny Gordin: Como assim? Onde estou? Já passei da foto no jornal da minha cara….

Por onde Mariana passa, deixa um rastro de poesia e luz, hai-kais entre flores de aço e vasos de barro, versos transversais atravessados em nossos olhos, peixes, pássaros e pessoas reluzentes num mesmo plano, sinalizando-nos a direção de um caminho – e a música é sua forma de expressão.



Nota 10

Peixes Pássaros Pessoas / Mariana Aydar



Marcelo Teixeira

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Caixa Elis 70 Anos


Caixa Elis 70 anos
A caixa Elis Anos 70 - postou nas lojas pela Universal Music neste ano no mês de fevereiro, simultaneamente com a caixa Elis Anos 60, em projeto fonográfico coordenado por Alice Soares - apresentando o suprassumo da discografia de Elis Regina Carvalho Costa (1945 - 1982). Nessa década escurecida pela censura e pelos horrores da ditadura que imperava no Brasil, o canto de Elis foi o farol que iluminou a obra de compositores então iniciantes - como Ivan Lins (em 1970), Belchior (em 1972) e a dupla João Bosco & Aldir Blanc (em 1972) - e parte substancial da melhor música brasileira produzida na década. Embora tenha gravado poucas músicas de Caetano Veloso e Chico Buarque, compositores mais associados às vozes de Gal Costa e de Maria Bethânia (as duas únicas cantoras da MPB que fizeram frente à Elis na época, porque Clara Nunes, considerada por muitos críticos como a melhor cantora daquela época, era amiga de Elis), quase tudo de relevante produzido na MPB dos anos 70 foi filtrado pelo canto referencial de Elis.

Nessa década, Elis acompanhou as transformações da música e do Brasil. Já nos seus dois primeiros álbuns de estúdio da década, ...Em Pleno Verão (1970) e Ela (1971), ambos com conceitos idealizados por Nelson Motta, a cantora se aproximou do soul que dava o tom negro da música do mundo. Na sequência, já guiada na música e na vida por César Camargo Mariano, a cantora se tornou uma das melhores traduções da MPB a partir do álbum Elis (1972), uma das obras-primas embaladas na caixa. Padrão roçado pelo Elis de 1973 - álbum denso de clima excessivamente cool e interiorizado - e bisado pelo Elis de 1974, álbum enfim reeditado em CD com sua arte gráfica original (com direito ao recorte da capa branca - tal como no LP original). De 1974, um dos anos mais produtivos de Elis, vem também Elis & Tom, outra obra-prima, dividida com ninguém menos do que Antônio Carlos Jobim, já naquela altura e para sempre o maestro soberano da música brasileira, com reconhecimento internacional.

Na sequência, Falso Brilhante (1976) representou outro pico de criatividade e perfeição na carreira de Elis - com destaque para as referenciais gravações de Como Nossos Pais (Belchior) e Fascinação (Maurice de Feraudy e Dante Pilade Fermo Marchetti) - enquanto Elis (1977) manteve a cantora nas paradas com Romaria (Renato Teixeira), gravação definitiva que projetou o álbum de repertório nem sempre à altura de sua intérprete. Na sequência, o parcial registro ao vivo do controverso show Transversal do Tempo (1978) encerrou a luminosa passagem da cantora pela Philips, já que o último título da caixa, Elis Especial (1979), é a rigor coletânea produzida à revelia da artista com sobras de gravações.

Com som límpido, efeito da primorosa remasterização comandada por Luigi Hoffer e Carlos Savalla, a caixa Elis Anos 70 oferece ganho relevante no quesito técnico em relação à caixa Transversal do Tempo (1998), que embalou os 21 álbuns de Elis lançados pela Philips. Da mesma forma, houve real evolução no padrão gráfico, já que as atuais reedições reproduzem capas, contracapas e encartes dos álbuns com fidelidade às artes dos LPs originais. É luxo só!!!



Marcelo Teixeira

Transa, de Caetano Veloso, 40 anos depois


Transa é um dos discos mais cultuados de Caetano Veloso, sobretudo pelo público que curte a recente imersão do cantor e compositor brasileiro no indie rock, feita a partir do superestimado (2006). Tanto que, dentro das comemorações dos 70 anos do artista, a Universal Music apresenta ao mercado fonográfico brasileiro oportuna reeedição de Transa, primorosamente remasterizada por Steve Rooke no estúdio Abbey Road, em Londres, cidade que gerou o LP produzido pelo inglês Ralph Mace e lançado no Brasil em 1972 na volta de Caetano de seu forçado exílio político. O álbum retorna ao catálogo nos formatos de CD e vinil. Em ambas as modalidades, a reedição recupera o projeto gráfico original do ator e diretor baiano Álvaro Guimarães, criador do discobjeto, evidentemente melhor apreciado na forma de LP.

De todo modo, ouvido 40 anos depois e analisado em perspectiva, Transa justifica o culto porque sua conexão pop Brasil-Londres conserva frescor. Como , Transa não apresenta a melhor coleção de canções de Caetano Veloso. Com afetivos vocais de Gal Costa, Neolithic Man (Caetano Veloso) - por exemplo - passa longe das criações mais inspiradas do compositor. A força de Transa reside na sonoridade - no caso, urdida por Jards Macalé, arranjador e diretor musical do show. Menos interiorizado do que o tristonho primeiro álbum londrino do artista (Caetano Veloso, 1971), Transa está impregnado de brasilidade, exposta com orgulho já nos trechos em português de You Don't Know me (Caetano Veloso), música em inglês que abre o álbum, na qual Gal Costa cita Saudosismo (Caetano Veloso, 1968), expressando uma saudade do Brasil, latente no disco.

Mas Transa jamais pode ser visto como um disco brasileiro feito em Londres. A brasilidade do álbum - explícita em Triste Bahia (Gregório de Mattos e Caetano Veloso), faixa embebida em baianidade nagô que agrega elementos de samba de roda e capoeira - é filtrada por ótica pop, mais globalizada. Fruto dos ares libertários da Tropicália, movimento que Caetano arquitetara com Gilberto Gil (companheiro de exílio e de revoluções estéticas), Transa se beneficiou dessa quebra de fronteiras musicais para conectar Luiz Gonzaga (1912 - 1989) aos Beatles ou, em última instância, o Brasil ao mundo, ao universo pop. Tal conexão deu fôlego ao artista saudoso de sua terra. I'm alive, suspira o astro sobrevivente ao narrar em Nine Out of Ten (Caetano Veloso) a descoberta do reggae em Portobello Road (rua do bairro londrino de Notting Hill). Nine Out of Ten não é um reggae, mas em alguns compassos reproduz a levada do ritmo jamaicano numa época em que nenhum artista brasileiro tinha se banhado nessa praia.

Transa é disco hábil na costura de referências musicais. It's a Long Way (Caetano Veloso) cita Consolação (Baden Powel e Vinicius de Moraes, 1964). A releitura de Mora na Filosofia (Arnaldo Passos e Monsueto Menezes) é a lembrança nada ortodoxa do samba da pátria amada. Ao fim, Nostalgia (That's What Rock'n'Roll Is All About) traz a gaita de Ângela Ro Ro - em sua primeira aparição em disco - com som que remete brevemente ao universo musical de Bob Dylan. Enfim, Transa conectou Caetano Veloso ao mundo - com saudade do Brasil, mas com doses iguais de esperança e melancolia. É  álbum clássico que, após 40 anos, tem sua força reiterada nesta boa reedição.



Título: Transa

Artista: Caetano Veloso

Gravadora da edição original de 1972: Philips

Gravadora da reedição de 2012: Universal Music



Nota 8

Marcelo Teixeira


quinta-feira, 24 de maio de 2012

O Tempo de Julia Bosco


Tempo, de Julia Bosco
A cantora Julia Bosco lança o primeiro CD, Tempo, demonstrando que veio com fome e vontade de ocupar um espaço nobre e elegante na música popular brasileira. Filha de João Bosco e frequentadora das rodas de samba da Lapa carioca, ela opta por canções que fogem ao que se poderia esperar dessas referências e caminham em direção ao intimismo, à delicadeza e ao romantismo nada piegas, mas que se manifesta nos mínimos detalhes cotidianos. É o que se percebe logo na primeira faixa, Desavisados, parceria com o marido Fabio Santanna, que também toca teclados e guitarra, além de aparecer na autoria de todas as faixas do disco.

O álbum conta com duas participações para lá de especiais. A primeira é a de Marcos Valle, nos vocais, rhodes e moog de Curtição, nova parceria do casal Julia e Fabio, marcada por um clima bem suingado e ensolarado, graças à bateria e percussão de Ronaldo Silva e dos metais de Marlon Sette, Altair Martins e José Carlos Bigorna. Agora as metas da cantora parecem ficar clara nos versos: A curtição / É um desejo / De perseguir / A minha estrada / Minha voz / Se faz presente / Num canto solto / Que vagueia por aí.

A segunda participação especial é de João Bosco, tocando violão na delicada Na Oração, que recita alguns versos como um poema: Na oração eu fecho os olhos / Ajoelho e agradeço / Pela fé e proteção / Que renova meus defeitos / Ilumine meu caminho / Noite e dia, cada instante / E a luz que se faz única / Se revela agora e sempre / Na oração. Também vale a pena prestar atenção na força dos vocais de Cecília Spyer.

A sensualidade, com uma pegada "caetaniana", aparece na gostosa Confusão, composta apenas por Fabio Santanna: Rapte-me, adapte-me, abrace-me / Jazz me com você / Com você, amor. Já em Mesmo Princípio, é possível sentir a influência de várias outras cantoras do pop nacional, como Marina Lima e Fernanda Abreu. Ela é marcada pelo ótimo baixo de Lancaster Lopes, combinado com a bateria de Ronaldo Silva. Os versos, novamente compostos pelo casal, trazem um romantismo à flor da pele: Ainda conservo / Tudo no mesmo lugar / Fica um vazio / Quando você não está / Sua presença / Ainda sinto no ar.

O que falar então do dueto de Julia Bosco e Fabio Santanna na "new bossa" Play a Fool, composta por ele, que assume ter sido um tolo e assume que o período em que a amada esteve fora da vida dele foi o tempo em que esteve em seus pensamentos. As desculpas parecem vir na delicada balada Tudo Sempre: Nem tudo o que você disser / Eu vou lembrar / Mas tudo que você lembrar / É onde eu vou estar / Nem tudo que já consegui / Você sabe eu não agi bem / Mas vamos esquecer as dores / Se eu te faço bem.

Em Dia Santo, Julia Bosco estabelece mais um diálogo com Marina Lima. Apesar das referências claramente africanas, reforçadas pela percussão e bateria de Ronaldo Silva, Julia canta Eu vi o rei chegar / Eu vi o céu se abrir / Vi você se aproximar / Vi a luz cegar. Em 1993, Marina Lima gravou uma canção chamada justamente Eu Vi o Rei Chegar: Eu vi o rei chegar / Um rei assim / Que não escuta bem / Que adora luz / Mas não vê ninguém.

O clima cool segue na divertida Carta para uma amiga, que opta por um recurso caro à música popular brasileira - da carta ou do diálogo em que se escuta apenas uma das partes. Basta lembrar das sempre clássicas e inesquecíveis Sinal Fechado, de Paulinho da Viola; e Bye Bye Brasil, de Chico Buarque e Roberto Menescal. Em seguida, vem o ótimo samba reggae cadenciado Mutantes. Nessa canção, os vocais de Fabio Santanna remete também ao racional Tim Maia.

Tudo Bem começa com uma pitada salseira, marcada pelos metais de Marlon Sette e Altair Martins, e pelos rhodes de Ge Fonseca. Já a referência da gostosa Angel parece ser o músico, cantor e compositor francês Serge Gainsbourg. Para encerrar, a doce Tempo, de Fabio Santanna, é marcada pela bonita voz de Julia Bosco, em total harmonia com o piano e o órgão de Ge Fonseca: Deixe marcas no meu rosto / Venha triste e então prossiga / E me ensine a aprender com a dor / Mas não me deixe esquecer / Sempre há algum tempo....

Tempo não é, definitivamente, um álbum com grandes inovações e com pretensões de renovar a música brasileira. Talvez justamente por vir como algo despretensioso, é extremamente prazeroso de se ouvir e marca uma estreia de gente grande, de quem mostra vontade de vir para ficar. E depois de ouvi-lo bem que dá vontade de aproveitar as tardes ensolaradas desse verão e sair para namorar. Ah, e na produção aparece também Plínio Profeta, cujo nome você deve estar se acostumando a sempre encontrar nessas resenhas de CDs como sinônimo de qualidade.
 
Acompanhe o tempo de Júlia Bosco. Soboreie Júlia Bosco. Ela veio para ficar.



Nota 10

Tempo / Julia Bosco



Marcelo Teixeira

Tiê faz participação no disco de Guilherme Arantes


Balada de Guilherme Arantes, lançada pelo compositor paulista em seu álbum Ligação (1983), Pedacinhos (Bye Bye So Long) ganha a voz doce de Tiê no disco A Voz da Mulher na Obra de Guilherme Arantes, idealizado pelo DJ Zé Pedro para a gravadora Joia Moderna. Saiu em abril deste ano.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Rita Gullo: grata surpresa na MPB




A beleza de Rita Gullo
A voz de Rita Gullo, de 27 anos, conquista o ouvinte logo no primeiro acorde arrasador do clássico Oração ao Tempo, de Caetano Veloso, que conta com o acordeon sempre impecável de Toninho Ferragutti. Afinal, a artista tem uma formação riquíssima que exibe com precisão e requinte em cada uma das 13 faixas de seu álbum de estreia. Ela estudou História na PUC-SP, Artes Cênicas no Teatro Escola Célia Helena, estudou violão desde criança e traz a literatura do berço, como filha do escritor Ignácio de Loyola Brandão.

O álbum que leva o nome da cantora é recheado de grandes clássicos da música brasileira, como O Cantador, de Dori Caymmi e Nelson Motta, que consagrou Elis Regina como a melhor intérprete no Festival da Record de 1967; Sentinela, de Milton Nascimento; e Nunca, de Lupicínio Rodrigues. Rita Gullo aceita e se dá super bem no desafio de cantar em espanhol a linda Sueño Con Serpientes, de Silvio Rodrigues, um clássico inquestionável da música cubana; em inglês, uma versão mais cool de Each and Everyone, da banda britânica de dance music e pop Everything But The Girl; e de fazer um dueto com Chico Buarque em A Mulher de Cada Porto, parceria do cantor e compositor com Edu Lobo, muito pouco visitada no cancioneiro buarquiano.

Vale destacar também a qualidade dos músicos que acompanham Rita Gullo em todas as fases e o encanto provocado pelos arranjos de Mario Gil e Hamilton Messias. Basta conferir a precisão e força provocada pela flauta tocada por Teco Cardoso, em Cruzada, de Tavinho Moura e Marcio Borges; ou então os pandeiros, triângulo, agogô, bré e viola de Fabio Tagliaferri, em Espelho, de Xande Mello e Eduardo Pitta; e o clarinete de Nailor Proveta e o contrabaixo de Sizão Machado, em Pedra e Areia, de Lenine e Dudu Falcão. Há também o acordeon de Toninho Ferragutti e flauta de bambu de Teco Cardoso em Xote, parceria de Rodolfo Stroeter e Gilberto Gil, que encerra o álbum.

Rita Gullo é um belíssimo álbum de estreia que mostra a força de uma intérprete que já demonstra carisma e capacidade de figurar no panteão seleto das grandes vozes femininas que o Brasil já revelou. Aguardam-se seus próximos passos em estúdio e ao vivo, e torce-se para que ela não se perca no caminho. Muito pelo contrário. Pois talento há de sobra e diversidade também, uma vez que a artista passeia com segurança pelos mais diferentes ritmos.



Nota 10



Rita Gullo / Rita Gullo



Marcelo Teixeira

terça-feira, 22 de maio de 2012

A elegância de Juliana Kehl


O primeiro disco de Juliana
Fã de Gal Costa, Chico Buarque e Tom Jobim, Juliana Kehl é uma das cantoras e compositoras mais singelas, mais românticas e mais sensacionais que surgiram nos últimos tempos, estando sempre ao lado de novos talentos, como Tiê, Tulipa Ruiz e Céu.  Na voz, imagine uma mistura de Leila Pinheiro com Elis Regina. A música carrega os tons do samba e do eletrônico, a mistura de tintas, como ela mesma diz. E as letras levam a marca autoral que anuncia Juliana Kehl no hall das novas cantoras brasileiras em que vale a pena ficar de olho.

Por pouco, no entanto, a música perde esse talento. Quando adolescente, Juliana integrou o coral da Escola Rudolf Steiner, que a permitiu se apresentar em Nova York aos 17 anos. Contudo, a garota optou por direcionar a carreira para as artes plásticas, em que se graduou pela FAAP. Não tardou, enfim, para que a paulistana assumisse a veia musical. Anos depois musicou poemas da irmã, a psicanalista Maria Rita Kehl. O resultado é o álbum de estreia independente Juliana Kehl (2009 / Independente / 19,99), com 12 canções -- dez delas de sua autoria - recheadas de poesia e belas histórias.

Enigmas do meio artístico. Antes, um nome com pretensões de estrela teria de estourar até os 25 anos, a indústria não via com bons olhos os retardatários. Hoje, uma cantora como Juliana Kehl pode lançar seu primeiro disco aos 32 e ainda conseguir enxergar uma longa carreira pela frente. Para satisfazer a exigente aquariana, o novo álbum contou com 32 músicos diferentes. Desta maneira, Juliana deu o verniz necessário para que cada faixa fosse pintada com climas e texturas diferenciadas. O processo durou um ano. Das 12 canções, dez delas foram compostas por ela.

O disco chegou da fábrica no começo de 2009, mas quase um ano foi necessário para que fosse lançado. Convites de gravadoras como o da Som Livre brecaram o processo, mas Juliana decidiu lançá-lo de maneira independente. Até na arte do CD ela deu seu pitaco. A foto que estampa a capa é, propositalmente, uma forma de levar o imaginário aos anos 60. Elogiada pela imprensa e alçada a revelação da música nacional, seu disco teve a primeira tiragem de mil cópias rapidamente esgotada.

Juliana já nasceu musicada, envolta pela música, sua base disciplinar já estava estabelecida deste os tempos de coral, aonde chegou a se apresentar no Camegie Hall em Nova Iorque. Completa, a bela jovem formada em artes plásticas empresta às suas composições um pouco do universo artístico que a inspira… Além da música, também são notáveis as nuances da literatura e até da dança no caso da concepção do clipe de “Rede de Varanda” em seu primeiro trabalho autoral.

Delicada e forte, sua música parece romper os estigmas da crítica acostumada com a pastinha das cantoras brasileiras. Um trabalho rico em detalhes rítmicos confundindo a metrópole com o interior e o sul com o norte. Se perder, talvez seja essa a direção da música dessa jovem.

Para nos perder, ou para nos encontrar entre ritmos, sons e poesia.



Faixas

·       01. Rede de Varanda

·       02. Ele Não Sabe Sambar (Pedrarias, Prata e Pó)

·       03. Oiê

·       04. Viação Cometa

·       05. A Música Mais Bonita

·       06. Sinhô do Tempo

·       07. Outras Mulheres

·       08. A Ciranda e a Moça

·       09. Tá Perdido, Nego

·       10. Diadorim, o Sertão é do Lado de Dentro

·       11. Vinheta Carnação

·       12. Carruagem





Nota 10



Juliana Kehl / Juliana Kehl



Marcelo Teixeira

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Genuinamente Rosa Passos


Rosa Passos
Você conhece Rosa Passos? Talvez você não a conheça, mas Rosa Passos é uma cantora brasileira e seu nome é forte nos circuitos de jazz mundo afora, tocando muita música brasileira e por vezes jazz abrasileirado. O Brasil que orgulha-se de sua música não conhece algumas de suas melhores expressões. É muito difícil encontrar os seus discos no Brasil, para tristeza de muita gente. A baiana Rosa Passos, cantora, compositora e violonista, tem 12 álbuns gravados, sendo o primeiro um vinil de 1979, Recriação e o mais recente, Amorosa de 2004, em uma explícita homenagem a João Gilberto.

Sua bossa nova hiper cool, com vocais intimistas, às vezes quase sussurrados faz par com seu violão, no melhor estilo gilbertiano. Outros nomes consagrados como Tom Jobim, Ary Barroso e Dorival Caymmi, fazem parte de seu repertório e influências. Mas é no jazz e nas cantoras brasileiras, que ela se inspira para cantar. As grandes divas do jazz são as cantoras que Rosa ouve exaustivamente. Sua grande estrela brasileira chama-se Elis Regina.

Vinda de uma família de músicos, estudou piano quando criança, mas na adolescência descobriu o violão e definiu sua vocação.

No Brasil, Chico Buarque e Ivan Lins participaram de seu disco Pano Pra Manga (1996). No exterior fez amigos ilustres como o baixista Ron Carter com quem gravou Entre amigos. Com o violoncelista Yo Yo Ma, participou de Obrigado Brazil, disco vencedor do Grammy na categoria instrumental. Paquito D’Rivera, Henri Salvador, Rodrigo Leão (Madrideus), Michael Bublé e Crhis Botti também figuram na lista de amigos ilustres internacionais.

Por que Rosa não faz sucesso e nem é conhecida aqui no Brasil? Quem sabe com este artigo, isso não possa mudar um pouco. Afinal, Rosa Passos é uma excelente cantora, genuinamente brasileira.



Marcelo Teixeira

sábado, 19 de maio de 2012

Ney Matogrosso - Metamorfoses


Ney Metamorfoses
A primeira caixa do Artista - Camaleão - englobou o período de 1975 até 1991 e foi lançada em dezembro de 2008.

Agora, em 2011, mais uma vez a Universal Music surpreende com um feito raro na história da música com o lançamento da segunda caixa do intérprete reunindo assim toda a obra individual de um artista contemporâneo que passou por diversas gravadoras. Ney Matogrosso acaba de completar 70 anos sempre atento e pronto a nos surpreender e encantar.

CDs remasterizados com tecnologia atual, arte gráfica original incluindo todas as letras + livreto com depoimentos inéditos do artista + Cd duplo - coletânea de raridades.



Discos



Repertório do CD duplo Metamorfoses - 2011



·       01 - As Aparências Enganam - Ney Matogrosso e Aquarela Carioca (1993) PolyGram

·       02 - Estava Escrito (1994) - PolyGram

·       03 - Um Brasileiro (1996) - PolyGram

·       04 - Vinte e Cinco (álbum duplo) (1996) - PolyGram

·       05 - O Cair da Tarde (1997) – PolyGram

·       06 - Olhos de Farol (1998) - PolyGram

·       07 - Vivo (1999) - Universal Music

·       08 - Batuque (2001) - Universal Music

·       09 - Ney Matogrosso interpreta Cartola (2002) - Universal Music

·       10 - Ney Matogrosso interpreta Cartola ao vivo (2003) - Universal Music

·       11 - Vagabundo - Ney Matogrosso e Pedro Luis e A Parede (2004) - Globo/Universal

·       12 - Canto em Qualquer Canto (2005) - Universal Music

·       13 - Vagabundo ao vivo - Ney Matogrosso e Pedro Luis e A Parede (2006) - Universal Music

·       14 - Inclassificáveis (2008) - EMI Music

·       15 - Beijo bandido (2009) - EMI Music

·       16 - Metamorfoses (álbum duplo - raridades/coletânea) (2011)

CD 01

·       01 - Pra Não Morrer de Tristeza

·       02 - Na Chapada com Tetê Espíndola

·       03 - Os Avisos (Terceiro)

·       04 - Quem É? (Com Marlene)

·       05 - Feitiço da Vila (com Francis Hime e Raphael Rabello)

·       06 - Mal-Me-Quer (com Aquarela Carioca)

·       07 - Vento Bravo

·       08 - El Justiceiro

·       09 - Babalu (Com Angela Maria)

·       10 - Serenata Suburbana (Com Raphael Rabello)

·       11 - Página de Dor

·       12 - Duas ou Três Coisas (com Joyce Moreno)

·       13 - Lamento Sertanejo (Forró do Dominguinhos) com Marinês e Sua Gente

·       14 - Menino de Braçanã com Carmélia Alves

·       15 - Asa Branca com Chitãozinho e Xororó

·       16 - Ave Maria

·       17 - Toda Vez que Eu Digo Adeus (Every Time We Say Goodbye) (Com Cauby Peixoto)

CD 02

·       01 - Tem Que Rebolar (com Elza Soares)

·       02 - O Samba e o Tango (Com Hebe Camargo)

·       03 - A Filha da Chiquita Bacana/Chuva, Suor e Cerveja (com Edson Cordeiro)

·       04 - Lig-Lig-Lig-Lé

·       05 - Você Não Entende o Que É o Amor (com Rodrigo Santos)

·       06 - 4 Letras (com George Israel)

·       07 - Nobreza (com Luiz Avellar)

·       08 - Joana Francesa (com Pedro Aznar)

·       09 - Duas Nuvens (com Pedro Jóia)

·       10 - Lavoura (com Roberta Sá)

·       11 - Esperança Perdida

·       12 - Pra Machucar meu Coração (com Leo Gandelman)

·       13 - Leo e Bia

·       14 - Choro de Viagem (com Lucina)



Título Original: NEY MATOGROSSO - METAMORFOSES - BOX COM 16 CDS

Gênero: MPB

Intérprete: Ney matogrosso

Quantidade de Discos: 16

Ano de Lançamento: Outubro/2011

Gravadora: Universal Music

Peso: 1,600

Preço: 309,99