quinta-feira, 3 de maio de 2012

O pior álbum de Marisa Monte



A cantora Marisa Monte
Desde Mais (1991), o segundo disco de Marisa Monte em que ela realmente se mostrou capaz de ser muito mais do que uma cantora de música americanizada ou supostamente de jazz como aconteceu com Marisa Monte (1988) que a cantora veio se mostrando como ela realmente é: Marisa Monte. E sabemos exatamente o que esperar de cada disco de Marisa Monte: você sabe mais ou menos o que vai encontrar e ninguém (seja fã ou não) pode dizer que foi ludibriado. Pois Memórias, Crônicas e Declarações é nada mais (e nada menos) que um disco de Marisa Monte.

Tem a produção caprichosa-estilosa de Arto Lindsay (e co-produção de Marisa), um punhado de canções com Carlinhos Brown e/ou Arnaldo Antunes, um samba das antigas (Gotas de Luar, de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, cantado com toda a reverência de quem produziu um disco da Velha Guarda da Portela) e alguns corretos resgates da MPB (Para Ver as Meninas, de Paulinho da Viola, e Cinco Minutos, de Jorge Ben). Se há algo curioso a se destacar neste quinto disco da cantora, já em sua segunda década de carreira, é a comovente simplicidade de algumas canções – o mais próximo da coesão estética em que ela chegou até hoje em disco.


Disco de 2000: horrível
Amor I Love You (parceria com Carlinhos Brown), Não Vá Embora (com Arnaldo Antunes), O Que Me Importa (música que poderia ter sido gravada pelo Roberto Carlos do começo dos anos 70, mas o foi por Tim Maia em seu terceiro disco, de 1972) e Não É Fácil (de Marisa, Arnaldo e Brown) são verdadeiras declarações de amor à música pop-romântica – e nem precisa ser fã de Marisa para gostar. Só estas músicas revelam a simplicidade da cantora e em nada se parece com Marisa Monte. São musiquinhas capengas, horríveis, pobres, nefastas e fúnebres, com um gosto e um apelo sentimental às breguices encontradas em músicas de cantores capengas, horríveis, pobres, nefastas e fúnebres.

E isso não acontecia há muito tempo, desde os excelentes Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão (1994) e Barulhinho Bom (1996) que Marisa não fazia algo tão horripilante como essas músicas bregas com apelo para atrair um público mais emblemático, arrastando asas para o determinado povão e sendo admirada e aclamada pelos quatro cantos do Brasil. As pessoas até então não compreendiam suas músicas e ela era considerada uma cantora de elite. Este conceito foi por água abaixo após o lançamento do pior disco de sua carreira ou talvez o menos aclamado. Após o sucesso de Amor I Love You, Marisa ainda nos brinda com o CD ainda mais brega, intitulado Marisa Monte (2001) sendo um compacto simples contendo a música A Sua.

Talvez pela falta de Nando Reis neste disco fraquissímo tenha dado este resultado horripilante. O passeio sem sobressaltos pelos pouco mais de 40 minutos de Memórias acaba em um Caetano Veloso inspirado com a bela canção Sou Seu Sabiá, nos remetendo aos bons e velhos tempos de Marisa Monte.



Faixas                                              



·       1 - Amor I Love You

·       2 - Não Vá Embora

·       3 - O Que Me Importa

·       4 - Não é Fácil

·       5 - Perdão Você

·       6 - Tema de Amor

·       7 - Abololô

·       8 - Para Ver As Meninas

·       9 - Cinco Minutos

·       10 - Gentileza

·       11 - Água Também é Mar

·       12 - Gotas De Luar

·       13 - Sou Seu Sabiá



Nota 5



Memórias, Crônicas e Declarações de Amor / Marisa Monte



Marcelo Teixeira

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