sexta-feira, 25 de maio de 2012

Caixa Elis 70 Anos


Caixa Elis 70 anos
A caixa Elis Anos 70 - postou nas lojas pela Universal Music neste ano no mês de fevereiro, simultaneamente com a caixa Elis Anos 60, em projeto fonográfico coordenado por Alice Soares - apresentando o suprassumo da discografia de Elis Regina Carvalho Costa (1945 - 1982). Nessa década escurecida pela censura e pelos horrores da ditadura que imperava no Brasil, o canto de Elis foi o farol que iluminou a obra de compositores então iniciantes - como Ivan Lins (em 1970), Belchior (em 1972) e a dupla João Bosco & Aldir Blanc (em 1972) - e parte substancial da melhor música brasileira produzida na década. Embora tenha gravado poucas músicas de Caetano Veloso e Chico Buarque, compositores mais associados às vozes de Gal Costa e de Maria Bethânia (as duas únicas cantoras da MPB que fizeram frente à Elis na época, porque Clara Nunes, considerada por muitos críticos como a melhor cantora daquela época, era amiga de Elis), quase tudo de relevante produzido na MPB dos anos 70 foi filtrado pelo canto referencial de Elis.

Nessa década, Elis acompanhou as transformações da música e do Brasil. Já nos seus dois primeiros álbuns de estúdio da década, ...Em Pleno Verão (1970) e Ela (1971), ambos com conceitos idealizados por Nelson Motta, a cantora se aproximou do soul que dava o tom negro da música do mundo. Na sequência, já guiada na música e na vida por César Camargo Mariano, a cantora se tornou uma das melhores traduções da MPB a partir do álbum Elis (1972), uma das obras-primas embaladas na caixa. Padrão roçado pelo Elis de 1973 - álbum denso de clima excessivamente cool e interiorizado - e bisado pelo Elis de 1974, álbum enfim reeditado em CD com sua arte gráfica original (com direito ao recorte da capa branca - tal como no LP original). De 1974, um dos anos mais produtivos de Elis, vem também Elis & Tom, outra obra-prima, dividida com ninguém menos do que Antônio Carlos Jobim, já naquela altura e para sempre o maestro soberano da música brasileira, com reconhecimento internacional.

Na sequência, Falso Brilhante (1976) representou outro pico de criatividade e perfeição na carreira de Elis - com destaque para as referenciais gravações de Como Nossos Pais (Belchior) e Fascinação (Maurice de Feraudy e Dante Pilade Fermo Marchetti) - enquanto Elis (1977) manteve a cantora nas paradas com Romaria (Renato Teixeira), gravação definitiva que projetou o álbum de repertório nem sempre à altura de sua intérprete. Na sequência, o parcial registro ao vivo do controverso show Transversal do Tempo (1978) encerrou a luminosa passagem da cantora pela Philips, já que o último título da caixa, Elis Especial (1979), é a rigor coletânea produzida à revelia da artista com sobras de gravações.

Com som límpido, efeito da primorosa remasterização comandada por Luigi Hoffer e Carlos Savalla, a caixa Elis Anos 70 oferece ganho relevante no quesito técnico em relação à caixa Transversal do Tempo (1998), que embalou os 21 álbuns de Elis lançados pela Philips. Da mesma forma, houve real evolução no padrão gráfico, já que as atuais reedições reproduzem capas, contracapas e encartes dos álbuns com fidelidade às artes dos LPs originais. É luxo só!!!



Marcelo Teixeira

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