sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O ostracismo de Vanusa


A cantora Vanusa
Símbolo de beleza e de excelente capacidade vocal, a cantora Vanusa sempre foi motivo de polêmica e cantoria. Loira, linda, exuberante e símbolo sexual de uma geração, pertenceu a Jovem Guarda, movimento musical que ajudou a afundar a Bossa Nova e a complicar a novata Tropicália. Todas queriam ser como a cantora Vanusa, com todos os seus adjetivos, seus trejeitos, seu corte de cabelo, sua pele branca como nuvem, seus lábios vermelhos, sua vivacidade. Se os Estados Unidos da América tinham sua Marilyn Monroe, nós tínhamos a nossa loira Vanusa. Casada com o grande cantor e compositor Antônio Marcos, Vanusa vivenciou todo o processo de luta do cantor contra o álcool e contra a depressão que ele passara. Vivenciou os altos e baixos de sua carreira brilhante, confidenciou letras de músicas que se tornariam sucesso e foi apaixonada por um dos músicos mais brilhantes que o Brasil já tivera e perdera.

Vanusa Flores é mais conhecida apenas como Vanusa. Gravou alguns sucessos como Manhãs de Setembro (uma alusão ao mês de seu nascimento), Mudanças, Paralelas entre outras. Fora sempre explosiva no falar, era polêmica nas entrevistas, mas mantinha uma doçura ao cantar que afastavam todos os adjetivos ruins à sua pessoa. Conheceu o ostracismo de perto e teve filhos não tão talentos assim. Durante muito tempo não cantou nada e não lançou discos, vivendo apenas de sucessos antigos e muitos programas não a chamavam mais para cantar. Passou a viver apenas de lembranças musicais de um tempo sem volta.

Recentemente, Vanusa foi parar nas redes sociais pelo fato de ter cantado o Hino Nacional errado, de torto a direito. Estava bêbada e acusou o efeito dos medicamentos contra a depressão para o feito. Todo mundo sabe que medicamentos para depressão não causam tonturas excessivas como aconteceram com ela, a não ser que seja tomado em grandes quantidades, como o frasco todo! Vanusa, a linda mulher loura que todas gostariam de ser e de estar perto, com o exuberante batom vermelho e com pele de nuvem, estava fadada ao fracasso e a única chance de dar a volta por cima (como fizera Elza Soares um dia),foi derrotada pelo inimigo que levou seu grande amor: o álcool.

Um amigo do Mais Cultura!, Edson Guedes, me contatou esses dias para noticiar-me de que Vanusa estava fazendo um show bem perto de sua residência, em Santo André, e a viu de uma maneira irreconhecível: bêbada, suja e maltrapilha. Assustou-se ao deparar com uma mulher com marcas no rosto, poros dilatados e que se mantinha firme para tentar ficar em pé. Vanusa estava na região para cantar na noite da terceira idade e o que se vira foi um festival de horror vindo da musa da Jovem Guarda.

Uma pena que o Brasil tenha que registrar momentos tão esdrúxulos como os de Vanusa, que disse a quase duas semanas que pretende parar de cantar e ficar reclusa no apartamento em que vive ou no interior de São Paulo. Espero que sua música seja mais forte que seu pesadelo. E esperemos, profundamente, que ela dê a volta por cima.

 

O ostracismo de Vanusa

Marcelo Teixeira

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