terça-feira, 9 de outubro de 2012

Essa Mulher - o grande disco de Elis, de 1979



Essa Mulher: o melhor de Elis está aqui

Em 1979, Elis Regina entraria para a história da música popular brasileira com mais um disco arrebatador: Essa Mulher. Com direito a uma pintura a óleo da cantora na contracapa e com flores espalhadas pelo encarte do disco, Elis apresentou uma seleção de dez músicas ditas das melhores de sua carreira, com muita técnica vocal, postura, brilho e sofisticação. Claro que o álbum viria a se tornar um marco na carreira da brilhante cantora e hoje esse mesmo álbum está fadado a ser classificado como Best Sellers em muitas estantes por onde passo. Recentemente, tenho ouvido muito este disco, graças às dicas e palpitações e citações de meu amigo carioca, Jaime Santana, que é apaixonado pela diva e, como ele frisa, a melhor cantora do Mundo.

De João Nogueira a João Bosco, passando por Cartola e Sérgio Natureza, Elis soube pincelar as melhores músicas dos melhores compositores da época. Mas o disco é inteiramente feminino, a começar pelo título, Essa Mulher, pontada, principalmente, por aquele brilho de sofrimento que as mulheres carregavam nos anos 1970 e hoje em dia algumas ainda carregam. Um misto de feminilidade com politicagem, Essa Mulher nos envolve pela desenvoltura da escolha de um repertorio fantástico e esmagatório com relação à obra da artista e até mesmo sobre seu disco anterior, Transversal do Tempo, em que a política e a carga pesada de Elis, as revoltas, o governo, o ódio e o rancor afloravam a cada canção. E talvez seja esta a fascinante magia que Elis nos deixa de lição: a de não ser a mesma sempre. Transversal do Tempo é um disco ao vivo, político, pesado, grandioso. Essa Mulher é um disco feminino e com uma pincelada política (O Bêbado e a Equilibrista).

Com participação especialíssima de Cauby Peixoto na belíssima música Bolero de Satã, temos dois grandes ícones da música em um disco repleto de emoção. A curiosidade talvez ficasse por conta de um disco ser feminino, contar apenas com a participação de duas compositoras, Ana Terra, que deu o título ao disco e Sueli Costa, que nos apresenta Altos e Baixos em uma interpretação perfeita e nítida.

Do engraçado Cai dentro, a política O Bêbado e a Equilibrista, da feminina Essa Mulher, da dor de cotovelo de Cartola (e seu grande clássico) Basta de Clamares Inocência, da sensualíssima Beguine Dodói, da malandragem de Eu Hein Rosa, do sentimental Altos e Baixos, da explosiva Bolero de Satã, da volta por cima da mulher abatida e humilhada em Pé Sem Cabeça e fechando com a emocionante As Aparências Enganam, Elis nos transporta para o melhor de seu repertório, com a certeza total e absoluta de saber que é a maior cantora do Brasil.

 

Faixas

01. Cai dentro (Baden Powell - Paulo César Pinheiro) (2:41)

02. O bêbado e a equilibrista (Aldir Blanc - João Bosco) (3:49)

03. Essa mulher (Ana Terra - Joyce) (3:50)

04. Basta de clamares inocência (Cartola) (3:42)

05. Beguine dodói (Cláudio Tolomei - Aldir Blanc - João Bosco) (2:15)

06. Eu hein Rosa! (Paulo César Pinheiro - João Nogueira) (3:36)

07. Altos e baixos (Aldir Blanc - Sueli Costa) (3:28)

08. Bolero de Satã (Guinga - Paulo César Pinheiro) (3:31)

09. Pé sem cabeça (Ana Terra - Danilo Caymmi) (2:57)

10. As aparências enganam (Sergio Natureza - Tunai) (4:08)

 

Essa Mulher / Elis Regina

Nota 10

Marcelo Teixeira

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