sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Bloco do Eu Sozinho, sensacional álbum de Los Hermanos, de 2001


 

Ótimo disco pós anos 2000
O que esperar do segundo disco de um grupo que surge com um hit fácil que acaba em superexposição, com aparições em programas de domingo a tarde? Nada? Pois é, eu cai nessa e quando Los Hermanos, após o sucesso pop e fácil de Ana Júlia, lançou Bloco do Eu sozinho, seu segundo trabalho lançado em 2001, não dei muita atenção. Eu e a mídia toda, que ignorou por completo esse disco na época do seu lançamento. Não se ouviu nada nas rádios (as mesmas que cansaram literalmente de tocar Ana Júlia anos antes) e acabaram rompendo com a gravadora. Tempos depois, resolvi me libertar do preconceito (confesso), fui até alguma loja e comprei o disco sem nunca ter escutado nada (motivado pelo elogio que li em alguma revista confiável). E qual não foi minha surpresa a me deparar com uma das minhas melhores aquisições naquela época.

Tudo começa com Todo carnaval tem seu fim esbanjando uma bela nota 10 com um sensacional arranjo de metais de Rodrigo Amarante (a composição é do Marcelo Camelo). Na sequência, A Flor começa tímida até arrebentar com um ritmo surpreendente e muito bem trabalhado. Retrato pra Iaiá vem sonora numa balada mais tranquila. Depois de Assim Será (maravilhosamente destoante) e a poética Casa Pré-fabricada (Cobre a culpa vã... até amanhã eu vou ficar e fazer do seu sorriso um abrigo), que Roberta Sá gravou anos depois em sua estreia no disco Braseiro, até surgir outro ponto alto do disco, com a criativa e genial Cadê teu Suin-?, momento de pura inspiração de Marcelo Camelo.

Depois vem a lindíssima Sentimental, de Rodrigo Amarante, excelente trilha sonora para um romance, onde o sentimento de rejeição, acrescida de conselhos sentimentais no telefone quase imperceptível, resulta em outra música maravilhosamente harmoniosa. Segue-se com Chez Antoine, cujo toque francês não se restringe apenas à letra, mas ao ritmo semelhante ao um realejo. E seguida, Deixa estar e Mais uma canção, outra romântica onde os arranjos de metais dão um toque especial. Fingi na hora de rir merece destaque pelas guitarras distorcidas.

Depois mais um ponto alto do disco (talvez o maior), com Veja bem meu bem, canção de letra tão original e bem elaborada que outros grandes cantores como Maria Rita e Ney Matogrosso resolveram interpretá-la em seus trabalhos individuais. Posteriormente, demonstrando que um disco homogêneo pode apresentar diferentes ritmos, Los Hermanos surgem com um som puramente hardcore - ou seria punk?, com Tão sozinho. Para concluir essa verdadeira obra-prima, Adeus Você, sintetizado o tema recorrente que dá uniformidade ao trabalho: pra que minha vida siga adiante.

Esse disco mudou totalmente minha opinião com relação ao potencial dos barbudos que fizeram parte de Los Hermanos. O fim anunciado no ano passado só serviu para minha admiração pelo grupo fosse maior, pois novamente tiveram a coragem de remar contra a maré no auge do reconhecimento do trabalho. A questão agora é saber se realmente todo carnaval realmente tem seu fim? Se tiver, pelo menos deixaram grandes recordações.

 

Bloco do Eu Sozinho / Los Hermanos

Nota 10

Marcelo Teixeira

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