quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O excelente álbum de Cazuza


O melhor de Cazuza está neste álbum
Ezequiel Neves, grande amigo de Cazuza (e eu cismo em dizer que foi o descobridor do artista), conseguiu morrer no mesmo dia, 7 de julho, que o amigo. Cazuza morreu no dia 7 de julho de 1990 e Ezequiel no dia 7 de julho de 2010 e junto com Nico Resende (também tecladista no disco), produziu esse primeiro disco solo de Cazuza, chamado de Cazuza, mas conhecido como Exagerado. E Exagerado seria um excelente nome de disco, mais ainda sendo de quem é. A essa altura, não preciso explicar quem é, o que fez antes, de quem ele é filho etc. Aqui vamos escutar e comentar esse disco de estreia, muito muito bom. O gosto de caju extrapolava o blues/rock’n’roll do Barão Vermelho e, consequentemente, o levou à carreira solo, onde poderia flertar com a MPB, o samba, Dolores Duran, Lupicínio Rodrigues, Cartola, bossa-nova etc. Agenor de Miranda Araújo Neto lançou 5 discos em 4 anos, alguns dos quais serão resenhados aqui. Conta muito a urgência de saber-se soropositivo, numa época em que a sobrevida era bem menor.

O disco tem uma sonoridade mais limpa, menos rock do que os do Barão, mas ainda não tão MPB quanto os posteriores. Começa bem, Exagerado é um clássico, parceria brilhante com Ezequiel e Leoni. Também tem um solo belíssimo, curto e expressivo. Cúmplice é a canção seguinte, pop, legal. Mal nenhum é das melhores, parceria com Lobão: Eu não posso causar mal nenhum, a não ser a mim mesmo, o óbvio eventualmente parece genial, principalmente em certas matérias sensíveis, tendentes à histeria, como aqui no caso, as drogas.

Balada de um vagabundo, parceria de Frejat e Waly Salomão, legal também, pop também. Destaques: maracujá de gaveta num prédio vazio num terreno baldio, um vício só pra mim não basta/ é uma inflação de amor incontrolável. Segue a belíssima e açucarada Codinome Beija Flor, parceria com Ezequiel e Reinaldo Arias. Conhecidíssima, mas ainda boa de ouvir. Prendia o choro e aguava o bom do amor. Pra mim, um clássico do cancioneiro de Cazuza.

Desastre mental tem uns timbres de guitarra mais pesados no começo, alternando com uma calma nos versos. Legal. Seguem três parcerias com Frejat: Boa vida, pop nada demais; Só as mães são felizes, blues censurado (você nunca sonhou ser currada por animais/ nem transou com cadáveres/ nem quis comer a sua mãe) e muito legal – mesmo que eu prefira a versão do Barão; e Rock da descerebração, que também foi gravada pelo Barão num ao vivo excelente.

Viva Cazuza e Ezequiel!

Nota 10

Marcelo Teixeira

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