sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O determinado álbum de Mallu Magalhães


Ótimo disco de Mallu
Mallu Magalhães sempre me chamou atenção. De longe ouvia falar de seu nome, de toda a estória do MySpace, das suas composições, da sua adolescência que se misturava com sua habilidade em consertar seus próprios instrumentos musicais. Ao fim tive contato com sua voz infantil, meio amanteigada – que ao invés de entrar pelos nossos ouvidos, escorrega, devagarinho. E confesso que achei o máximo! Quando pinta um único olho de azul nos seus shows, Mallu me faz lembrar Rita Lee – garota mutante com seus coraçõezinhos no rosto na sua fase Tropicália. Mas Mallu me lembra também Bethânia, que aos 16 anos subiu no palco do Teatro Opinião. Essas intervenções feitas por criaturas tão jovens são de uma ternura incrível, porque o limite entre a brincadeira e a coisa séria, entre o medo e coragem, são muito tênues.

Seu disco é muito delicado, gostoso mesmo de ouvir. Muitas das músicas parecem ter sido compostas com alto teor de amor no sangue. My home is my man é rock retrô, forte, guitarra presente em volume alto. Tudo rapidinho e aos poucos o som vai desbotando. Shine Yellow é outra de que gosto muito! Meio reggae, com sopros e percussões.

Esse segundo disco parece um tanto autobiográfico e Make it easy deixa claro isso. A música bastante blues começa com um assovio, como um calmante para a alma na hora de enfrentar a mãe. O disco, forte, às vezes parece meio complicado, as faixas por vezes não harmonizam a beleza do disco e muitas das vezes, Mallu se perde na própria voz e nesta fase, ela ainda não conheceria Marcello Camelo mais à fundo (isso veio acontecer depois e desta união estável de marido/mulher, nasceu o ótimo Pitanga).

Make it easy: essa é a minha favorita! Música de uma paz incrível e a ideia de transformar em canção essa angústia feminina na hora de encarar o tamanho do amor, é maravilhosa. E o vocal masculino é do (ainda) namorado.

Bee on the grass me lembra um tanto o som dos Beatles, slow, cheio de sopros, vozes abafadas e borbulhentas, como se drogas psicodélicas estivessem navegando pelas superfícies líquidas dos nossos canais. Outra muito boa, country total é  You ain’t gonna loose me.

E o disco acaba com O herói, o marginal. Sua canção mais forte, linda, com um arranjo definitivo. E aí Mallu Magalhães quase deixa seu tom de menina e entra fortalecida, viajando na sua própria voz, cresce e termina. E outra vez, Tropicália!

 

Mallu Magalhães / Mallu Magalhães

Nota 10

Marcelo Teixeira

 

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