quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Elizete Cardoso - A Diva

 

Sem sombras de dúvidas ou margens a especulações, Elizete Cardoso foi uma das maiores e mais admiradas cantoras de todos os tempos, deixando iluminação por onde passava, com sua voz potente e firme. Dona de um extraordinário senso de humor, Elizete foi admirada por diversos cantores, time de medalhões que figuram até hoje na lista dos melhores. De Chico Buarque a Clara Nunes, de Elis Regina a Virginia Rosa, passando por Rosa Passos e Zélia Duncan entre outros, Elizete foi cantada, admirada, amada e, acima de tudo, respeitada. Com Clara Nunes, teve o privilégio de dizer que a sambista seria sua sucessora quando morresse, o que foi uma honra para Clara. Com Chico Buarque teve um carinho tão profundo, tão magnifico, tão espontâneo, que a cantora gravou Todo o Sentimento já no fim da vida e a trouxe ao estrelato mais uma vez, deixando a canção ainda mais bonita.


Elizeth Cardoso (Rio de Janeiro, 16 de julho de 1920 — 7 de maio de 1990) foi uma verdadeira cantora brasileira. Conhecida como A Divina, Elizeth é considerada uma das maiores intérpretes da música brasileira e um das mais talentosas cantoras de todos os tempos, reverenciada pelo público e pela crítica.
Elizeth Moreira Cardoso nasceu na Rua Ceará, no subúrbio de São Francisco Xavier, e cantava desde pequena pelos bairros da Zona Norte carioca, cobrando ingresso (10 tostões) das outras crianças para ouvi-la cantar os sucessos de Vicente Celestino. O pai, seresteiro, tocava violão e a mãe gostava de cantar.
Desde cedo precisou trabalhar e, entre 1930 e 1935, foi balconista, funcionária de uma fábrica de saponáceos e cabeleireira, até que o talento foi descoberto aos dezesseis anos, quando comemorava o aniversário. Foi então convidada para um teste na Rádio Guanabara, pelo chorão Jacob do Bandolim.


Elizete tinha presença de palco, raro em poucas cantoras atuais



Apesar da oposição inicial do pai, apresentou-se em 1936 no Programa Suburbano, ao lado de Vicente Celestino, Araci de Almeida, Moreira da Silva, Noel Rosa e Marília Batista. Na semana seguinte foi contratada para um programa semanal na rádio.

Casou-se no fim de 1939 com Ari Valdez, mas o casamento durou pouco. Trabalhou em boates como taxi-girl, atividade que exerceria por muito tempo.


Uma de suas últimas aparições na TV, em um programa de entrevistas da TV Cultura, em 1989, pouco antes de sua morte.

Em 1941, tornou-se crooner de orquestras, chegando a ser uma das atrações do Dancing Avenida, que deixou em 1945, quando se mudou para São Paulo para cantar no Salão Verde e para apresentar-se na Rádio Cruzeiro do Sul, no programa Pescando Humoristas.

Estilo
Além do choro, Elizeth consagrou-se como uma das grandes intérpretes do gênero samba-canção (surgido na década de 1930), ao lado de Maysa, Nora Ney, Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Dolores Duran. O gênero, comparado ao bolero, pela exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado, foi chamado também de dor-de-cotovelo ou fossa. O samba canção antecedeu o movimento da bossa nova (surgido ao final da década de 1950, 1957). Mas este último representou um refinamento e uma maior leveza nas melodias e interpretações em detrimento do drama e das melodias ressentidas, da dor-de-cotovelo e da melancolia.
Elizete e Elis Regina, noa anos 60

Elizeth migrou do choro para o samba-canção e deste para a bossa nova gravando em 1958 o LP Canção do Amor Demais, considerado axial para a inauguração deste movimento, surgido em 1957. O antológico LP trazia ainda, também da autoria de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, Chega de Saudade, Luciana, As Praias Desertas e Outra Vez. A melodia ao fundo foi composta com a participação de um jovem baiano que tocava o violão de maneira original, inédita: o jovem João Gilberto.

Anos 1960
Em 1960, gravou jingle para a campanha vice-presidencial de João Goulart. Nos anos 1960 apresentou o programa de televisão Bossaudade (TV Record, Canal 7, São Paulo). Em 1968 apresentou-se num espetáculo que foi considerado o ápice da carreira, com Jacob do Bandolim, Época de Ouro e Zimbo Trio, no Teatro João Caetano, em benefício do Museu da Imagem e do Som (MIS) (Rio de Janeiro). Considerado um encontro histórico da música popular brasileira, no qual foram ovacionados pela platéia; long-plays (Lps) foram lançados em edição limitada pelo MIS. Em abril de 1965 conquistou o segundo lugar na estréia do I Festival de Música Popular Brasileira (TV Record) interpretando Valsa do amor que não vem (Baden Powell e Vinícius de Moraes); o primeiro lugar foi da novata Elis Regina, com Arrastão. Serviu também de influência para vários cantores que viriam depois, sendo uma das principais a cantora Maysa.
Apelidos
Teve vários apelidos como A Noiva do Samba-Canção, Lady do Samba, Machado de Assis da Seresta, Mulata Maior, A Magnífica (apelido dado por Mister Eco) e a Enluarada (por Hermínio Bello de Carvalho). Nenhum desses títulos, porém, se iguala ao que foi consagrado por Haroldo Costa –- A Divina -- que a marcou para o público e para o meio artístico.

Elizeth Cardoso lançou mais de 40 LPs no Brasil e gravou vários outros em Portugal, Venezuela, Uruguai, Argentina e México.
Elizeth Cardoso morreu aos 69 anos, vítima de câncer.


Discografia
Álbuns de estúdio e compilações
·       (1955) Canções à Meia Luz
·       (1956) Fim de Noite
·       (1957) Noturno
·       (1958) Retrato da Noite
·       (1958) Canção do Amor Demais
·       (1958) Naturalmente
·       (1959) Magnífica
·       (1960) Sax Voz
·       (1960) A Meiga Elizeth
·       (1961) Sax Voz nº 2
·       (1962) A Meiga Elizeth nº 2
·       (1963) A Meiga Elizeth nº 3
·       (1963) Elizeth Interpreta Vinícius
·       (1963) A Meiga Elizeth nº 4
·       (1963) Elizeth Canta Seus Maiores Sucessos
·       (1963) Grandes Momentos com Elizeth Cardoso
·       (1964) A Meiga Elizeth nº 5
·       (1965) Quatrocentos anos de samba
·       (1965) Elizeth sobe o morro
·       (1966) Muito Elizeth
·       (1966) A bossa eterna de Elizeth e Cyro – Elizeth Cardoso e Cyro Monteiro
·       (1967) A enluarada Elizeth
·       (1968) Ao vivo no Teatro João Caetano - Elizeth Cardoso, Zimbo Trio e Jacob do Bandolim - Vol. I e II
·       (1968) Momento de Amor
·       (1969) Elizeth e Zimbo Trio na Sucata
·       (1970) Elizeth no Bola Preta com a Banda do Sodré
·       (1970) Falou e disse
·       (1970) É de manhã - Elizeth Cardoso e Zimbo Trio
·       (1970) Elizeth, a exclusiva
·       (1970) A bossa eterna de Elizeth e Ciro - Nº 2 - Elizeth Cardoso e Cyro Monteiro
·       (1971) Elizeth Cardoso
·       (1971) Elizeth Cardoso - Disco de ouro
·       (1971) Elizeth Cardoso e Silvio Caldas
·       (1971) Elizeth Cardoso e Silvio Caldas - Vol. II
·       (1972) Preciso Aprender A Ser Só
·       (1972) Elizeth Cardoso
·       (1974) Edição histórica - VOL. 3
·       (1974) Elizeth / Feito em Casa
·       (1974) Mulata Maior
·       (1975) Bossaudade - A bossa eterna
·       (1975) Elizeth Cardoso
·       (1976) Elizeth Cardoso
·       (1977) Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim, Zimbo Trio e Época de Ouro
·       (1978) A Cantadeira do Amor
·       (1978) Live in Japan
·       (1979) O Inverno do meu Tempo
·       (1980) Elizeth Cardoso nº 1
·       (1980) Elizeth Cardoso nº 2
·       (1980) Elizeth Cardoso nº 3
·       (1981) Elizethíssima
·       (1982) Outra vez Elizeth
·       (1982) Recital
·       (1983) Elizeth - Uma rosa para Pixinguinha
·       (1984) Leva meu Samba - Elizeth Cardoso e Ataulfo Júnior
·       (1986) Luz e Esplendor
·       (1989) Elizeth Cardoso
·       (1989) Elizeth Cardoso - Jacob do Bandolim - Zimbo Trio e Conj. Época de Ouro
·       (1991) Todo Sentimento
·       (1991) Ary Amoroso

Livros e Serviços

Elizete Cardoso, uma Vida – por Sergio Cabral, 34,90.

Elisete Cardoso - Uma vida. Biografia da cantora por Sergio Cabral. A polêmica do S ou Z persistem até hoje após mais de vinte anos de sua morte.

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