quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pitanga: o saboroso albúm de Mallu Magalhães



A cantora Maria Luiza, a Mallu
Mallu Magalhães me surpreendeu mais uma vez. E não é uma frase boba, à toa, sem nexo, sem fundamentos e com carências. A cantora que vinha praticamente dublando ou imitando grupos americanos e até mesmo Os Beatles, agora vem com um disco pra lá de sensacional, voltado às raízes brasileiras e com um sabor de pitanga extraordinário. Depois do reconhecimento por seu trabalho em Mallu, lançado em 2009, a cantora nos brinda com um disco recheado de canções bonitas, sensuais, bossa nova e muita jovialidade.

Praticamente o disco foi feito por Marcelo Camelo, marido da cantora e ex vocalista do grupo Los Hermanos. Marcelo dá o tom certo em canções dramáticas ou que se tornariam chatas feitas por outro produtor. Camelo acertou o tom, deu um brilho a mais às músicas e o resultado é muito aceitável. Mas Mallu sempre foi vista como uma cantora que saiu da internet para o mundo, sem ter noção do que é musicalidade ou qualquer coisa que o valha. Isso é meramente verdade, mas o fato é que Mallu Magalhães aprendeu e muito o ofício de cantar. Ainda anda rouca, mas o que se vê em Pitanga é o resultado de muito esforço de uma garota que não quer mais problemas com a mídia ou nem se importar com o que andam falando dela.
Pitanga, lançado em 2011, um belo disco
Pitanga (2011, Sony Music, 24,99) é um trabalho completo de uma artista nova. Todas as músicas foram compostas por Mallu em um sentido único e direto, parecendo mensagens provocativas às pessoas que a criticaram no início de carreira ou missiva carinhosa às pessoas que a queriam bem. Isso deixa muito claro na música Velha e Louca, em que ela canta toda a verdade sobre o que pensam dela mesma, com refrão iâmbico e seguro de quem sabe para quem está sendo feito o recado. Esta talvez seja a resposta mais contundente de Mallu para o público que sempre a vaiou. E não é para menos: Mallu passou por maus bocados no início da carreira, principalmente quando lançou o primeiro disco.
Cena é uma música romântica, dessas que grudam na memoria e que não nos deixa livre um segundo sequer. Melodia e estilo caminham de mãos dadas e Mallu parece estar satisfeita consigo mesma, fazendo cena com o que ela mais sabe: provocar a ira das pessoas. Mas o disco tem dois sambas voltados à Bossa Nova, estilo que se comprazia com Mallu: Sambinha Bom é perfeita, nítida, suave, bonita e bela. Nos leva a ter certeza de que a música brasileira quando feita com qualidade e respeito ainda tem seu espaço na mente de algumas pessoas e que a bossa nova ainda continua viva por jovens como ela mesma, Mallu. Ô, Ana também é uma bossa cheia de magia, sedução e harmonia. Impossível não deixar de ouvir essas duas músicas e não associa-las a bossa nova de Tom e Vinicius.
Talvez a música Olha só, Moreno seja a única canção do disco que se remete ao estilo de primeira viagem de Mallu: carregada no som e melodia de antigamente, esta canção se parece com outras músicas de outros carnavais em tempos de chumbo para a cantora. Mas ainda assim é uma pedida ouvi-la.

Marcelo Camelo e Mallu em um show: o responsável pela mudança dela


Mallu canta em inglês e este é seu ponto forte: não vacila, não tropeça e não engana a ninguém. Ela canta. Ela entusiasma. Hoje Mallu amadureceu no quesito musicalidade sem perder a essência de sua perspicácia musical e originalidade. Mas a cantora é assim mesmo: não importa a idade, o que importa para ela é cantar, compor e ser feliz. Independente de qualquer crítica que façam sobre ela, Mallu não se intimida. Canta. Sorri. Desbrava a todos. E a singeleza com o qual nos solta um sorriso tímido é a revelação de uma artista que está trilhando um caminho de sucesso. Por isso mesmo ela encanta.
Mallu tem uma pitanga. E ela quer e precisa dividi-la com você.

**********Dez Estrelas.
Marcelo Teixeira.

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