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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Olívia Gênesi revela os segredos da música



Ótimo disco, ótima cantora

Ao redor do mundo existem cantoras e cantoras. Cantoras boas, medianas, inteligentes, mas nunca uma cantora ruim, mas sim, pouco habilitada com a profissão. Mas existem também as cantoras excepcionais, aquelas em que temos que prestar muita atenção em suas letras, sua musicalidade, seu perfil e, sobretudo, em sua voz. Assim Olívia Gênesi conquista seu público: com sua voz suave, sua música com mistura eletrônica e bossa novista e um estilo único de poder cantar aquilo que realmente gosta. Olívia é assim: simples ao seu jeito, mas com uma categoria exemplar. Hoje o Mais Cultura! traz seu CD Só a Música Faz, lançado em 2009 pela Elefant – D e Tratore e cujo nos mostra uma Olívia leve e solta as voltas de sua rica música.


O disco tem uma miscelânea de compositores tarimbados, casos de Paulo Preto, que assina junto com Olívia a música E você, meu amor, não vem?,  Lígia Kas e Monalisa Lins. Só a Música Faz é uma reflexão sobre o mundo da música, sobre o mundo transgressor que assola nossas vidas e mentes e sobre as carências que perpetuam nossos sentimentos. Poderíamos viver sem música? Para Olívia, não. Assim como sua voz pede passagem para que possamos ouvi-la com tamanha atenção, sua música pede um espaço entre ouvidos solenes e mentes abertas para que ela passe e se instale em nossos corações e fique em nossos poros por muito tempo.

 

Quero algo que não saia da mente

Nem que a gente tente tirar

Quero que envolve a minha cabeça

E me leve pra outro lugar

Algo que seja como a alegria

Que irradia e passa a brilhar

Como a felicidade

Calma, plena, leve, clara, estou aqui

 

(Trecho de Só a Música Faz, de Olívia)

 

 

A voz de Olívia é suave como o vento leve, mas pode ser cortante como uma lâmina. Ela encanta já na primeira faixa e essa vontade de ouvir todo o disco faz com que sejamos pessoas conscientes sobre nossos atos e reações, pois a música de Olívia nos compromete a ficarmos cantarolando para cima e para baixo trechos como e você, meu amor, não vem? A musicalidade de Olívia a mostra como ela é interiormente e assim é revelada na canção Ah, Musica. Revela uma Olívia como pensa, sente e age. Seu desejo íntimo da alma, o seu eu interior, suas esperanças, sonhos, ideais, motivações. Talvez a música a descreva assim, ao menos Olívia é assim: uma cantora que precisa cantar para que possamos entender o significado das músicas.

Às vezes é possível que percebamos essa manifestação, mas talvez não a expressemos como deveríamos ou mesmo não vivemos de acordo com ela e assim estamos reprimindo os nossos sentimentos e impulsos, o que gostaríamos de ser ou fazer, estamos adormecendo nossos objetivos secretos, as ambições, os ideais mais íntimos. A cada disco lançado, Olívia sempre está em busca da sabedoria, do conhecimento e da perfeição e depois de tantos lançamentos bons, de uma carreira significativa e alguns prêmios, Olívia nos presenteia com um disco à altura de seu talento. Só a Música Faz é banho de interpretação e uma homenagem a música como um todo.

 

Descalça pela rua, pisando na brasa do tempo

Me inspiro na saudade do presente

Enquanto a árvore se dobra pelo vento

O mundo todo está em movimento

E você, meu amor, não vem?

 

(Trecho de E você, meu amor, não vem? de Olívia e Paulo Preto)

 

 

Seu canto é intuitivo, inspirador e revelador. Basta ouvirmos E você, meu amor, não vem? (parceria dela com Paulo Preto), para notarmos o potencial de sua voz, a grandeza de seu trabalho e a leveza de sua tez estampada na capa do disco. Uma canção maravilhosa, uma sensação única e um estilo capaz de provocar alegria a corações apaixonados. Encerrando com a divertida Sweet Soul Singing, composta por Frank Krischman, brasileiro radicado em Austin, Texas, Olívia fecha o disco com chave de ouro.

Com pinceladas em inglês, músicas bossa novistas e com uma levada caracteristicamente sutil, Só a Música Faz é um dos mais belos retratos de uma artista que precisa ser ouvida com exaustão. Seu nome é Olívia. Seu sobrenome Gênesi. Mas pode chama-la de Olívia com todo o prazer.

 

Só a Música Faz – Olívia Gênesi

Nota 10

Marcelo Teixeira

terça-feira, 30 de abril de 2013

Emília Monteiro revela os sons do Norte em Cheia de Graça


Emília: revelação do Norte
Ela é amapaense, cresceu em Minas Gerais, mas vive atualmente em Brasília e é da capital do Brasil que surge uma das cantoras que merecem ser ouvidas e admiradas por seu canto, graça, beleza e espontaneidade. Emília Monteiro tem todos os atributos para ser considerada uma das maiores cantoras do Brasil, pois sua música é rica em elementos rítmicos do norte do país, respeitando a sonoridade opulenta de cada estado. Lançando Cheia de Graça (2012 / Independente - Trattore / 27,99) este ano, Emília Monteiro é uma dessas cantoras que faltavam no mercado fonográfico para falar do povo do norte, suas referencias e seus estilos, e que o CD chega em um momento certo dentro da MPB: com pompa de um grande disco, Cheia de Graça merece todos os destaques e ser considerado um dos melhores discos do novo século. É um CD com referência amazônica, mais especificamente do Pará e Amapá. Ritmos como o carimbó, marabaixo, carimbó chamegado, batuque e lundu relidos em arranjos contemporâneos e universais, além de outras músicas também percussivas, mais o valor da MPB contemporânea. No CD há músicas inéditas de compositores já conhecidos e que compõe com vontade e satisfação sempre pensando no melhor da música como Zeca Baleiro, Celso Viáfora, Simone Guimarães, Ellen Oléria e Dona Onete e outros igualmente talentosos, porém ainda não conhecidos da grande mídia (de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro).

Os batuques são manifestações que se ramificou do candomblé e foi implantada na Amazônia na era colonial, da mesma forma como nas demais províncias e regiões brasileiras. O batuque é a denominação genérica dada pelos portugueses para toda e qualquer dança de negros ou qualquer dança de tambor de caráter religioso ou não. No Pará, Amapá e Amazonas, é a denominação comum para os cultos afro-brasileiros. No Amapá de Emília Monteiro e em sua música, o batuque assume rituais miscigenados, praticados nas comunidades festeiras e em outras de origem negra. A mais extraordinária manifestação de criatividade artística do povo paraense foi criada pelos índios Tupinambá que, segundo os historiadores, eram dotados de um senso artístico invulgar, chegando a ser considerados, nas tribos, como verdadeiros semi-deuses.

Inicialmente, segundo tudo indica, a Dança do Carimbó era apresentada num andamento monótono, como acontece com a grande maioria das danças indígenas. Quando os escravos africanos tomaram contato com essa manifestação artística dos Tupinambá começaram a aperfeiçoar a dança, iniciando pelo andamento que, de monótono, passou a vibrar como uma espécie de variante do batuque africano. Por isso contagiava até mesmo os colonizadores portugueses que, pelo interesse de conseguir mão-de-obra para os mais diversos trabalhos, não somente estimulavam essas manifestações, como também, excepcionalmente, faziam questão de participar, acrescentando traços da expressão corporal característica das danças portuguesas. Não é à toa que a Dança do Carimbó apresenta, em certas passagens, alguns movimentos das danças folclóricas lusitanas, como os dedos castanholando na marcação certa do ritmo agitado e absorvente. Na língua indígena carimbó - Curi (Pau) e Mbó ( Oco ou furado), significa pau que produz som. Em alguns lugares do interior do Pará continua o título original de Dança do Curimbó. Mais recentemente, entretanto, a dança ficou nacionalmente conhecida como Dança do Carimbó, sem qualquer possibilidade de transformação. E são essas danças que estão representadas no belo CD Cheia de Graça, revelando os ritmos do Norte.

No disco, Emília Monteiro reúne variadas influências da MPB e de seu Amapá natal, com elementos europeus, africanos e ameríndios. Participação de Dona Onete em Eu Quero Esse Moreno pra Mim. A compositora paraense também é autora de Veneno de Cobra; as duas músicas são inéditas. Destaque ainda para Mal de Amor, de Joãozinho Gomes e Val Milhomem, sucesso que marcou a carreira de Emília na noite macapaense. A cantora disponibilizou o CD no site www.soundcloud.com/emiliamonteiro. Lá você poderá ter uma noção mais abrangente da musicalidade do CD como um todo. Eu destaco As deliciosas Mandacaru e Descalço (Nanon) compositor inédito de São Paulo, Coisinha (Zeca Baleiro/Suely Mesquita), Meus Ventos (Márcia Tauil / Simone Guimarães).

Emília Monteiro me encanta, me fascina e me influência. Seu canto é embalado por sons amazônicos e africanos e esse é todo o emaranhado de caracteres que a cantora exprime ao se deleitar em sua música. Logo nos encantamos com a regionalidade musical desta amapaense simpática, sorriso largo e inspirador. Sempre antenada com os movimentos artísticos, Emília busca na sonoridade de seu som, atributos para que sua música seja cada dia mais levada por multidões e que não fique apenas no reduto nortista. Emília Monteiro é uma guerreira e seu som precisa ser desbravado pelos quatro cantos deste país, revelando uma das melhores cantoras de todos os tempos e a vontade de que dá é de ir até o Norte do Brasil para conhecer de perto esta rica cultura, a qual precisamos descobrir mais e mais.

Vale ressaltar que hoje é o aniversário desta grande guerreira e o Mais Cultura Brasileira! e o moderador deste blog, Marcelo Teixeira, assim como milhares de leitores, desejam à você Emília, um Feliz Aniversário com muito sucesso e que este novo ciclo seja repleto de sucessos.

 



Cheia de Graça / Emília Monteiro

Nota 10

Marcelo Teixeira

terça-feira, 16 de abril de 2013

Luiz Marques: de Minas Gerais para o mundo


Luiz Marques: elegância e sutileza
Fazia tempo que eu não encontrava um grande cantor para cobrir a carência que existia na MPB. Existe uma grande lacuna entre cantores bons, medianos e ótimos e essa grande lacuna não era preenchida há tempos. Vez por outra surge um grande nome masculino, um cantor que faltava na seara musical e que nos faz ouvir uma canção com certa sensibilidade e emoção. Há grandes nomes de outrora, como Milton Nascimento, Caetano Veloso, Ivan Lins e João Bosco, assim como alguns novatos, como Filipe Catto e Marcelo Jeneci, mas nenhum dos dois tem a capacidade de emocionar tanto e com tanta maestria quanto Luiz Marques, que consegue, ao mesmo tempo nos encantar, emocionar, rir e sentir que a música popular brasileira está salva. Lançado em 2011, Mira Certa é um disco autoral (as dez canções são de autoria de Luiz) e teve participações de grandes músicos mineiros, como Célio Balona, André Campagnani, Sérgio Rabelo, Rogério Delayon, Frederico Heliodoro e Serginho Silva.

Vocalmente comparado à Lô Borges, Luiz Marques ecoa uma sonoridade a qual precisamos (re)descobrir, pois a sua musicalidade realça o som de Minas com tamanha característica que por vezes parece que estamos diante O Clube da Esquina. Algumas vezes, ao fechar os olhos, senti uma certa comparação à Renato Braz, tamanha a coincidência de vozes, mas isso são meros detalhes. A música de Luiz Marques é excelente. E ponto.

Comparações à parte (isso é notório dentro da música popular brasileira, quiçá mundial), Luiz Marques encanta pelo canal mais humano: ele emociona. Suas letras são de forte tino sentimental e transbordam brilho e profunda riqueza, que fica fácil nos identificarmos com algumas canções.

Quarto disco do cantor e compositor mineiro, o disco Mira Certa se transformou em DVD (sendo o primeiro de sua carreira) e que ganha ares sofisticados e ambiente intimista, passando uma impressão maravilhosa da atmosfera musical do cantor. Todas as faixas do DVD são de autoria de Luiz Marques, que conta com as coreografias sensacionais de Sandra Magalhães, na bela faixa Campo de Girassóis, cujo sua dramaticidade elucida o texto da canção e Luiza Marques, na música Nosso Velho e Novo Amor.

Devoto de Santa Terezinha assim como eu, a música Céu de Santa Terezinha é uma das melhores faixas do DVD, mas têm também outras pérolas, como Mira Certa, Itacoaticara, Sino e Maracatu Derradeiro.

Sino é um lirismo ingênuo e aflorado. A saga de João, José e Jessé é bem retratada na faixa A Saga de João Retirante, uma emocionada e triste letra, que só por esta canção já vale todo o DVD e demonstra as inúmeras facetas de compor do mineiro de Patos de Minas, revela o quão satisfatório é ouvir e ver Luiz Marques. Mistério e Paixão é dançante e mostra a felicidade e a sincronia dos músicos ao tocarem a música. Romântico e sensível, Luiz Marques conquista a plateia com suas canções de prumo intelectual, seu romantismo doce e suas letras lúcidas, cujo é visível em algumas faixas com a compenetração dos músicos.  Todas as faixas do CD estão no DVD recém lançado, cujo contém mais faixas autorais.

Intimista, tímido, desafiador e completo, Luiz Marques não deixa a desejar no show acústico que fez no Teatro Sesiminas, em Minas Gerais e conseguiu arrancar palmas esfuziantes da plateia que estava visivelmente emocionada. Luiz Marques é um dos cantores da nova geração e sua voz é tão tenra, tão acalentadora, que temos que ouvir e repetir para nos certificarmos de que o músico é brasileiro e a música é de excelente qualidade.

Em meio a tantos arrombos musicais destituídos de nenhuma elegância que se vê esfuziando por aí, Luiz Marques é uma salvação e uma exceção. Sua música ilumina a qualquer um. Suas letras são caprichadas, bem elaboradas e cabem perfeitamente em sua bela voz. Escrever estas linhas após assistir ao DVD foi um grande desafio, pois não há palavras no mundo que possa descrever o tamanho da minha emoção.

Luiz Marques encanta. Luiz Marques é um dos melhores cantores que o Brasil tem na atualidade e o país inteiro tem que descobri-lo a tempo. A sua musicalidade é única e exclusivamente brasileira e isso faz toda a diferença em sua brilhante carreira. O Mais Cultura têm o prazer de revelar a vocês, o sensacional e espetacular cantor Luiz Marques.

 

Mira Certa / Luiz Marques

Nota 10

Marcelo Teixeira

 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Morra, Marcos Feliciano!


 

O deus Feliciano
Peço licença e desculpas ao leitor do Mais Cultura!, mas hoje o assunto não será música. Peço licença e desculpas aos leitores que lerem este artigo, assim como peço licença pelo espaço que tenho para poder expressar a minha indignação contra um pastor. Peço desculpas pelas palavras de baixo calão que poderei usar, mas serão ferramentas necessárias para que a minha expressão seja entendida por muitos. Chega de impunidade. Chega de pastorismos dominando ou tentando dominar o mundo. Chega de Silas Malafaia, Sônia Hernades, Marcos Feliciano. Chega. Estamos cansados de tanta palhaçada de um homem que serve a Deus e estamos exaustos de atitudes infantis de um homem que exerce uma das principais funções dentro do governo. Assim como ele tem suas opiniões, nós temos as nossas e assim como ele a expõe, nós temos também a honra e dignidade em poder expressar as nossas opiniões. A minha vontade era de arranhar a cara de Marcos Feliciano. Puxar seus cabelos e arrastar seu rosto pelo chão. Ver escorrer o sangue de sua face. Quebrar seus dentes. Arrancar suas orelhas. Puxar sua língua e cortar na faca.

Evangélico é igual a mim e a você. Somos irmãos, como eles mesmo falam. Evangélico é tudo igual. Roubam, matam, estrupam. Existe evangélico negro, branco, japonês, sueco. Existe evangélico sagaz, aquele que acredita no seu deus, mas que quando acaba o culto, pensa igual ao Feliciano. Existe evangélico que prega o evangelho no culto, mas enquanto o amigo vizinho esta orando silenciosamente, o evangélico aproveita a oportunidade e apanha seu dinheiro ou qualquer coisa que esteja a sua frente. Se Feliciano pode dizer que negros não é gente e que gay precisa morrer, eu posso fazer as duas coisas ao mesmo tempo: ser gay e negro. Aposto como o meu deus é igual ao deus dele. E eu não preciso de religião nenhuma para provar o quanto estou feliz com minha orientação sexual e com a cor a qual honro e adoro ter.

Pedimos um basta a este evangélico ladrão, assassino de mentes alheias e homossexual não assumido. Marcos Feliciano não é digno da função que exerce e muito menos é ser humano filho de seu deus todo poderoso. O seu deus é um deus falho, um deus desumano e um deus que não existe. Pois se existe um deus para Feliciano, este deus é a mente de satanás, que está presente em seu corpo, sua alma, suas vestes, seus passos, suas danças ridículas em cultos programados e destinados à bestas insanas e incapazes de crer.

Marcos Feliciano é o capeta ladrão do dizimo a qual a beata impiedosamente sã e caridosa deposita sua fé, achando que ele, Feliciano, é o deus aqui na terra. Deus que se sente o Silas Malafaia e a bispa Sônia Hernandez, a rainha do dizimo, do dinheiro, da beleza, dos cremes e do mundo americano. O deus de Silas não é o mesmo deus de Feliciano, assim como não é o mesmo deus de Sônia, nem de Edir Macedo, nem de Waldemiro, mas todos esses elementos da vida privada e reis de igrejas monumentais, entendem que não é preciso ser da mesma congregação. Basta mostrarmos as carteiras recheadas de dinheiro.

Tenho conhecimento de causa para poder dizer isso. Sou negro. Sou gay. Sou trabalhador. Adoro o que faço, amo a quem posso e nunca roubei um centavo do ser humano ao lado, nem nunca preguei uma oração destinada aos fiéis imbecis que ali estão.

Por falar nisso, estou pensando em não ser mais crítico musical e vou virar pastor. Irei gritar enlouquecidamente num palco, fingir fazer orações magistrais, receber o dizimo, pedir cartões de débito e crédito aos meus fiéis, exorcizar corpos em voga e entrar para um governo cristão, que aceite minhas ideologias e, assim, quem sabe, não fico rico ilicitamente?

Mas para isso acontecer, o Marcos Feliciano precisa morrer.

 

Morra, Feliciano!

Marcelo Teixeira

terça-feira, 9 de abril de 2013

Agenda Mais Cultura: De Tom a Tim, show de Nathália Lima em Brasília


 

Bela voz, belo som
Nathália Lima é uma das cantoras brasilienses com grande qualificação artística, voz sedutora, categoria digna do status que merece receber e consegue nos hipnotizar do início ao fim de uma canção. Recentemente gravou Elas Cantam Menescal, ao lado de Márcia Tauil, Sandra Duailibe e Cely Curado, tendo a participação do anfitrião, Roberto Menescal em praticamente todas as faixas. Nathália canta brilhantemente e agora os brasilienses, que já a conhecem, podem reverenciar a cantora mais uma vez. O Agenda Mais Cultura tem a honra de divulgar o mais novo show da cantora, De Tom a Tim, que, assim como a cantora sugere, é uma viagem musical.

O Show De Tom a Tim será uma viagem pela MPB e Pop Nacional. São destaques do repertório canções de: Tom Jobim, Chico Buarque, Dorival Caymmi, Djavan, Vanessa da Mata, Adriana Calcanhotto, Marisa Monte, Zé Ramalho, Tim Maia e muito mais.

Se você está indo à Brasília ou está de passagem pela cidade, nada melhor do que assistir a um bom show, acompanhado de uma boa voz, com um show intimamente brasileiro.

É nesta quinta!

 

Voz: Nathália Lima

Violão: Hugo Coêlho

Percussão: Jorge Macarrão

 

Local: 11.04 no Nosso Mar (115 Norte) Brasília

Horário: 21:30

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Mariene de Castro se transforma em Clara Nunes


 

Homenagem à Guerreira
Homenagear Clara Nunes não é uma das tarefas mais fáceis para uma cantora que é pouco conhecida no cenário musical, ainda mais para a cantora guerreira Mariene de Castro. Considerada por muitos como a nova Clara (título que já foi utilizado por Vanessa da Mata em início de carreira), Mariene segue com total maestria no lançamento de seu DVD em homenagem à grande guerreira maior, a cantora que deu voz e vida ao samba e que abriu caminhos para Alcione, Dona Ivone Lara e Leci Brandão brilharem. Cantar foi uma das maneiras que Clara conseguiu mostras as pessoas toda a sua qualidade e profissionalismo e, de quebra, conseguiu angariar uma legião de fãs espalhados pelos quatro cantos do Brasil, transformando-se num ser de luz, com uma radiação pura e profunda, que talvez nenhuma outra cantora tenha. Sendo uma sabiá (apelido dado com carinho por Vinicius de Moraes), Clara foi uma das maiores cantoras do país e aqui no Mais Cultura, ela alcançou o segundo lugar na seleta lista das trinta maiores cantoras do Brasil.

A consternação vem do subversão entre a vontade e as dificuldades de vida e Clara teve algumas dificuldades na vida. A missão de Clara talvez tenha sido cumprida e ouvir Minha missão, de Paulo César Pinheiro e João Nogueira, trata de uma criação e resignificação da vida pela canção, pelo canto, no cantar. O sujeito canta a própria dor que carrega o mundo e há falta de felicidade: Quando eu canto / É para aliviar meu pranto / E o pranto de quem já / Tanto sofreu, sibila Mariene de Castro (Ser de luz - uma homenagem a Clara Nunes, 2013). O cantar é oferecido, então, como uma garrafada de ervas consumidas –  pois cantar cura.

Canto para anunciar o dia / Canto para amenizar a noite / Canto pra denunciar o açoite / Canto também contra a tirania / Canto porque numa melodia / Acendo no coração do povo / A esperança de um mundo novo / E a luta para se viver em paz, canta Mariene de Castro com a deprimida vitalidade de quem vivencia as ansiedades do súdito da canção. Dor que rima com entrega lúcida à vida. Dor consciente dos prazeres e dos infortúnios de viver. Tudo isso gira na voz quente e épica de Mariene de Castro.

Determinações, nada deterministas, ao contrário, tomadas mesmo como signos do viver, engendram o fazer cancional, por movimentar, organizar e reapresentar sabedorias coletivas e comuns inerentes ao humano. Quando eu canto, a morte me percorre / E eu solto um canto da garganta / Que a cigarra quando canta morre / E a madeira quando morre, canta, diz Clara Nunes. Cantar é, portanto, interferir da dicotomia vida e morte.

Penso que acreditar que apenas a tradição, como se esta não dependesse da traição a si mesma – da inovação – para se reinventar e permanecer como tal (tradição), contém o núcleo luminoso da identidade nacional, é deixar de entender para que se canta: para anunciar o dia / para amenizar a noite / pra denunciar o açoite / também contra a tirania. E as mídias de reprodução têm servido de aliadas da preservação e da afirmação de identidades e culturas, ao revelar e disseminar continuamente o tupi e o alaúde, mitos e essências de brasilidades. Quando eu canto / Estou sentindo a luz de um santo / Estou ajoelhando / Aos pés de Deus, canta Mariene.

O cancionista – a neo-sereia, porque midiatizada – é o médium, a mediação orgânica, das sereias, musas, dos santos, orixás, mitos em complexo signo de rotação, no Brasil. Mariene de Castro apresenta uma voz de timbração forte, de mulher guerreira, sensual e nossa, brasileira, entre a sala e o terreiro, quente. A dicção está cheia de vigor e na própria entoação verificamos uma afirmativa certeza da beleza repleta de fulgor e encanto. A vida pulsa aqui, na voz de quem sabe para que canta: para remelexer a estrutura do nosso instinto caraíba.

Clara Nunes nos deixou em pessoa física. Mariene de Castro a interpretou, apenas. A semelhança entre as duas é existente e cabível de comparações verdadeiras e similares. A luz ainda não se encerrou no fim do túnel e nem a presença de Clara se escondeu no mais profundo breu. Mariene veio para comprovar que ainda temos muito o que saldar a nossa guerreira filha de Ogum com Yansã.

 

Um Ser de Luz (Homenagem a Clara Nunes) / Mariene de Castro

Nota 10

Marcelo Teixeira

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Entrevista com Simone Guimarães - Segunda Parte


Simone Guimarães
É sempre uma grande satisfação conversar ou trocar algumas palavras com a espetacular Simone Guimarães: além de grande cantora e compositora, com discos bem caprichados, duetos com ícones da MPB, como Maria Bethânia e Milton Nascimento, Simone é, também, uma intelectual que pensa e muito nos segmentos do Brasil e na luta a favor da nossa cultura. Nascida em Santa Rosa de Viterbo, interior de São Paulo, hoje a cantora faz parte da efervescência que Brasília produz, estando ao lado de cantoras como Márcia Tauil, Sandra Duailibe, Roberto Menescal, Miúcha e outros, levando muita música de qualidade para os quatro cantos do país. Nesta primeira parte da entrevista, Simone Guimarães nos brinda com sua inteligência e sapiência em ver as coisas mais simples se transformarem em algo valioso. O Mais Cultura! (ou o Espaço Azul, como ela mesma apadrinhou o blog), tem o enorme prazer estar sendo condecorado com suas ricas frases de efeito moral. Hoje publico a segunda parte da entrevista que Simone Guimarães me concedeu com exclusividade.
 
 
MT - Existe a possibilidade de vermos um show seu em São Paulo para este ano de 2013?
SG - Sim. Vários convites já apontados. Minha nova produção caminha no sentido de divulgar o novo trabalho que lançarei ainda este ano em todas as capitais, num elogio rasgado a Bossa nova e aos anos 60. Será trabalhoso, mas valerá a pena. O disco está sendo confeccionado com direção musical de Ocelo Mendonça, grande artista cearense aqui de Brasília.
 
MT - Você participou do CD Pietá, de Milton Nascimento, considerado por muitos uma obra-prima do cantor. Milton é o seu padrinho musical. Já pensou em fazer um CD somente com músicas dele?
SG - Claro que sim, chegará o momento! Esse está na lista dos trabalhos mais eminentes por conta do aniversário do Bituca e do movimento Clube da esquina.
MT - Você dedicou um disco inteiramente ao cancioneiro do compositor Isaac Cândido, no disco Cândidos, pelo selo Independente. De onde nasceu a ideia de fazer esse disco, resgatando e o homenageando?
SG - Eu tenho uma admiração imensa pelo Ceará contemporâneo. Existe muitos artistas e poetas que criam coisas maravilhosas. Isaac é um aglutinador. Se você observar, esse disco traz muitos letristas diferentes e são poetas sublimes de lá. Além de ser o Isaac um ser humano admirável, já venho cantando sua obra há algum tempo. Me chama atenção pelo sentimento desprovido de vaidade na arte.
MT - É sempre difícil uma cantora dizer qual a sua melhor criação, mas pra você, no seu mais intimo pessoal, qual é o seu melhor CD?
SG - Flor de Pão é um disco para mim muito representativo como letrista . Tem nele uma música em parceria com Antonio Carlos Bigonha que eu acho que é minha melhor letra: Confissão gravada por Nana Caymmi em seu disco recente Sem poupar coração e Aguapé como cantora, mas o que eu mais gosto é o que estou fazendo agora. rssss!
MT - Simone Guimarães por Simone Guimarães é?
SG - Meu Bisavô paterno nasceu em Veneza, já o materno em Reminni, os dois na Itália. Tenho um avo português e uma avó afro-decendente da pela morena, sou carioca, paulista e cearense, moro em Brasília e sou brasileira da Gema e as claras, devota de Nossa Senhora de Nazaret. Adoro Belém do Pará e mais recentemente estou apaixonada pelo Sudoeste do plano Piloto de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.
MT – Obrigado, Simone, por conceder esta entrevista.
SG - Eu é que agradeço, Marcelo. Muito obrigada.
 
Entrevista com Simone Guimarães
Por Marcelo Teixeira

terça-feira, 12 de março de 2013

Aos mortos de Santa Maria: que música tocar?


Luto eterno
O Mais Cultura! e, assim como todo o mundo, está de luto pelas mortes por asfixia na boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em Janeiro de 2013. É difícil e, sobretudo, complicado recomeçar a vida sabendo que nunca mais nada será como antes. A notícia pegou a todos de surpresa, pois muitos estavam ali para se divertirem, curtirem a balada, os amigos. Muitos jovens com futuros promissores. Futuros pensadores do País. A presidenta Dilma Rousseff lamentou e até chorou seus mortos. O clima é de descontentamento geral até hoje. Passados vários dias, o estado ainda não conseguiu reverter o clima de tristeza e comoção e as mortes que vieram subsequentemente. Eu que gostaria muito de poder conhecer o Sul no próximo ano, estou arrasado com tamanha voracidade que um crime desta natureza tenha acometido a tantos rostos jovens, bonitos, saudáveis.

Que música tocar? Qual o sentido de ouvir uma bela canção para homenageá-los?  Qual o tom, a melodia, o ritmo a prestar uma justa homenagem àqueles mortos, feridos, parentes e pessoas da região? Estamos ainda de luto. Luto por respostas, luto pelos mortos, luto pelo Estado. Luto por Santa Maria.

Choraremos eternamente sobre as lentes nos computadores e nas lembranças vividas e desumanas. Rostos que o mundo não conheceu, mas que choraram juntos. Música, nesta hora, não há. Não temos uma canção qualquer para designar cada ser morto, cada ser queimado, cada ser ferido. Que a música vaga, inerente e sem sentido nos deixe vagar pelo nosso cérebro, a ponto de nos levar a lugares distantes, longes e calmos. Precisamos ouvir o silêncio neste momento e em todos os momentos quando pensarmos nos mortos de Santa Maria. O silêncio que talvez nos acalantará. O silêncio que talvez nos fará voltarmos à nossa realidade de seguir em frente. O silêncio.

Silêncio!

 

Qual música tocar para os mortos de Santa Maria?

Marcelo Teixeira

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

As 30 Maiores Cantoras do Brasil


Quem será a maior cantora?
Para ser a maior cantora do Brasil ou estar na lista das 30 maiores cantoras do país, não foi tarefa das mais fáceis. Preparei para o Mais Cultura! uma lista com as 30 maiores cantoras do Brasil de todos os tempos e para que isso fosse possível, foi feita uma seletiva e cansativa (porém honrosa) pesquisa. Enviei perguntas a amigos, desconhecidos e até mesmo nas ruas, enquanto comprava algo ou na fila de banco, na fila do cinema, na espera do metrô, na compra do jornal. Ninguém escapou da minha pergunta: qual a maior cantora do Brasil?  Ouvi de tudo um pouco, desde cantoras fulas e fúteis, até cantoras que eu mesmo fiquei surpreso de que receberia tantos votos. Para isso, fiz uma pesquisa geral sobre todas as candidatas e me apoiei em alguns registros históricos de suas passagens e os motivos pelos quais mereciam tal destaque. Algumas cantoras receberam votos a mais e, por este motivo, passaram de algumas veteranas e vice-versa.

Ser a maior cantora do Brasil não é, definitivamente, algo para ser apontado como uma mera brincadeira. A lista que será apresentada a partir de segunda feira, não terá nenhuma cantora que estiveram entre as 20 melhores dos últimos 10 anos. Motivo: coerência. Mas artigos sobre todas as cantoras, desde as 20 melhores até as 30 maiores, receberão, ao longo deste ano, artigos bem elaborados e que cultivam seus respectivos trabalhos.

Para tanto, a partir de segunda, iremos descobrir aos poucos quais são as 30 maiores cantoras do Brasil de todos os tempos.

 

Marcelo Teixeira.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Direitos roubados


Direitos roubados
Chega a ser ridícula a atitude de um site importante como o Google, em proibir que algumas fotos não sejam publicadas em blogs ou usadas para fins comerciais. Isso acontece com o Mais Cultura! que, por meio destes motivos do site de pesquisa, interferiu no blog até na maneira de publicar as fotos para os artigos em uma configuração única que me pegou de surpresa. Tentei inúmeras vezes arrumar um jeito para conseguir acoplar fotos aos artigos, mas este procedimento só é possível com a ajuda de um site chamado Picasa, porém, este site (um agrupamento de fotos) só é possível transportar as fotos que estão agrupadas neste site. Se eu quiser falar hoje sobre uma cantora desconhecida na qual gostaria de expor sua foto ou seu novo disco, este procedimento seria inviável, pois eu não teria suas fotos e, o que pior, o artigo irá ser publicado sem fotos.

Já vi alguns sites (e blogs) com artigos sem fotos e até achei meio engraçado e irrisório e ao mesmo tempo estranho. Com tantos meios de não violar fotos, um site de pesquisa resolve interferir no meu trabalho e no trabalho de muitos, sendo que fotos é o que mais se tira no momento e em qualquer situação, em qualquer eventualidade e em qualquer circunstância.

Este é apenas um parecer de minha parte, explicando que alguns artigos publicados estarão sem fotos.

Lamentável.

 

Marcelo Teixeira

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Encerramento Mais Cultura! de 2012


Hora de ler um bom livro: descanso
Em seu primeiro ano de críticas e elogios ao mundo da música, dos cantores, compositores e discos em geral, o Mais Cultura! se manteve antenado com o que é novo, com o que foi sucesso, com os lançamentos antigos e com os discos que não caíram muito em meu conceito cultural e ainda há muito o que se comentar, resenhar, desdenhar e escrever sobre este amplo mundo da música popular brasileira. Manter um blog não é uma das tarefas mais fáceis, mas a vontade de divulgar a cultura, angariar mais pessoas ao meu redor para que conheça artistas esquecidos, discos com garantia de qualidade e músicas com um sabor de quero mais, falaram mais alto e tenho a certeza de que consegui fazer ao menos um pouco de felicidade tanto para mim quanto para algumas pessoas. Este blog nasceu para dar continuidade na cultura brasileira. Em seu primeiro ano, o Mais Cultura! figurou entre os blogs mais lidos sobre música, segundo os resultados do google e suas pesquisas. O Brasil ainda lidera a visitação, mas vêm seguido por Estados Unidos, Alemanha, Portugal, Hollanda, Equador e China. Fiquei realmente surpreso e maravilhado com esta sequencia de países e isso demonstra que consegui ultrapassar as fronteiras dos meus próprios méritos.

O blog cresceu e quase não tive tempo para escrever meus artigos adequadamente. Por um momento, pensei em escrever dois ou três artigos semanalmente, mas isso seria inviável. Com a coluna As 20 Maiores Cantoras dos Últimos 10 Anos da MPB, o blog teve um dos acessos mais respeitáveis, tendo 90% de acessos diários. Uma unanimidade, tendo em vista que a divulgação em massa do blog ainda não foi nem conquistada e isso está previsto para o primeiro semestre de 2013. E depois vieram outras colunas, pequenas, como o De Olho Neles, e colunas que obtiveram maior êxito, como a lista dos Piores Cantores do Brasil. Ganhei amigos, ganhei inimigos, ganhei honras e méritos e ganhei o acesso restrito de conversar com artistas que nunca pensei que um dia pudesse conversar ou trocar confidências, dar palpites e até sugerir um disco.

Para alguns, sou conhecido como o crítico que detona a Paula Fernandes e que vê em Maria Rita a cópia fiel da mãe, Elis Regina. Para outros, sou o fã da Clara Nunes e de artistas menos conhecidos do grande público e é justamente esta terceira opinião a que me agrada ainda mais, pois a ideia do blog nasceu justamente para isso, para demonstrar a qualidade musical de muitos brasileiros escondidos por este Brasil afora.

Para o ano de 2013, a polêmica começará cedo, com a coluna As 30 Maiores Cantoras de Todos os Tempos e já tenho a lista completa e sei que causará polêmicas pelas cantoras citadas. Outras colunas estão no páreo, como a continuação da lista dos piores cantores que estará ativa e mais novidades surgirão no decorrer do próximo ano.

Me despeço de 2012 com a alegria e satisfação que somente um blog pode me proporcionar, com a grandeza de ilustres da música brasileira lendo meus artigos e tendo o pleno conhecimento de meu trabalho e com a consciência de que ao menos tentei levar um pouco de cultura e musicalidade a quem acompanhou o blog. Com tantos altos e baixos na música num todo, com o aparecimento de novos nomes na MPB, com os valiosos discos lançados por medalhões, com artistas póstumos completando 70 anos e outros vivos com a mesma idade, pude acompanhar os ritmos, as cadencias, as músicas e a perda de quem tanto lutou por uma cultura melhor e digna, como a cantora, apresentadora, atriz e multimídia, Hebe Camargo.

Encerro 2012 com a certeza de que o caminho a seguir para o próximo ano é de muito trabalho, mais conquistas e muito profissionalismo. 2012 foi perfeito. 2013 será mais que perfeito e dedico este ano de Mais Cultura! à todos que estiveram ao meu lado, me apoiando, dando dicas, sugestões valiosas de artigos sensacionais. Amigos e leitores: meu mais profundo obrigado.

O Mais Cultura! e, mais precisamente, o presidente e moderador deste blog, Marcelo Teixeira, deseja à todos um excelente 2013 e que possamos estar juntos divulgando a nossa rica cultura.

Um forte abraço,

Marcelo Teixeira.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A inimiga pessoal do artista: a pirataria


A vitrola de todos nós
Com esta onda de internets, downloads, sites que patrocinam músicas gratuitas para certos tipos de aparelhos de celular, o povo brasileiro (e talvez do mundo), está perdendo um hábito simples e que vem de nossos antepassados: a compra do material vivo, ou seja, a compra do CD e do livro. Com a onda de pirataria, que muitas vezes é impossível detectar, a indústria fonográfica e, principalmente o cantor, é quem sai perdendo nesta batalha boba e criminosa. Hoje, um determinado cantor faz sucesso com uma única e exclusiva música, deixando assim todo o resto do disco a ver navios e é justamente neste espaço de tempo que o consumidor adere à internet para baixar a música, esquecendo-se, assim, do produto por completo. Para um artista que passa meses com um projeto em mente, reformulando, trabalhando, ajustando, nada mais desagradável é saber que seu produto, seu único produto de venda, é fruto de marginais que pirateiam e vendem por míseros reais.

Não sou tão velho assim, mas tenho idade suficiente para carregar na memória os tempos de criança, em que pirataria praticamente não existia, os vinis eram tremendo sucesso e os compactos eram produtos gerados por artistas que vinham apenas com quatro músicas (recentemente Roberto Carlos utilizou deste recurso, mas o artista que veio com esta novidade foi o Chico César, quando trouxe ao mercado o irrequieto Odeio Rodeio, com a participação de Rita Lee). Naquele tempo, nós, crianças, não tínhamos acesso aos vinis de nossos pais, observando apenas de longe. E via nos vinis de papai uma beleza extrema, um plano de fundo inconfundível, um dos melhores lugares de minha casa. Cresci tendo como companheira fiel a vitrola, artigo tão raro hoje em dia, que quase entrou em extinção alguns anos atrás. Para quem acompanha o blog no Facebook, o símbolo da marca Mais Cultura! é representada por uma vitrola.

Sou do tempo da fita cassete, em que praticamente a pirataria passou a ter um pouco de retorno financeiro e como a inflação era gigantesca, muitos aderiram ao esquema. A fita cassete também se instalava e era um artigo de luxo e para poucos. A vitrola ainda era forte, mas com o tempo perdia o espaço para as malditas fitas cassetes, que sempre se enroscam, pulavam, queimavam nos aparelhos. Definitivamente, odiei as fitas cassetes. Com a chegada definitiva dos CDs, a pirataria veio à tona e o mundo pôde participar de um dos crimes mais comuns a quais todos tinham acesso e ninguém intervinha. Confesso que fiquei ainda mais indignado quando vi, no centro de São Paulo, vários camelôs vendendo livros de escritores famosos e CDs de vários cantores nacionais e internacionais.

O cantor Nando Reis fez algo realmente inovador para sair deste círculo chamado por estudiosos pueris como livre acesso para baixar músicas de graça pela internet e criou em seu site um aplicativo para que as pessoas comprem seu novo CD diretamente com ele. Ou seja, a preços populares que variam de semana a semana (às vezes oscila entre 16,00 e 25,00) o consumidor participa ativamente da negociação com o próprio Nando, fazendo deste negócio um lucro rentável, controlando assim a pirataria e os famosos downloads. Parece brincadeira, mas o cantor Nando Reis, depois de sucessos ao lado de Titãs, sucessos ao lado de Cássia Eller, Zélia Duncan e sucessos com Os Infernais, seja obrigado a ser um negociante para driblar a sua inimiga pessoal. Em suas palavras, ele virou um vendedor.

Chega a ser caricato, mas o meu tempo de criança foi perfeito. Hoje eu com 31 anos, tenho orgulho pela falta de tecnologia a qual vivi e a qual carecia de tantas informalidades que hoje penso que estava vivendo em Cuba dentro do próprio Brasil.

 

A inimiga pessoal do artista: a pirataria

Marcelo Teixeira