quinta-feira, 27 de junho de 2013

A elegância musical de Saulo Duarte


Paraense de boa música
Ainda bem que é difícil rotular as canções de Saulo Duarte e a Unidade: com arranjos e letras simples, o compositor nascido no Pará e radicado por aí, hoje morando em São Paulo, não se preocupa com classificações – preocupa-se com a sinceridade de sua expressão musical e poética e com a consistência de sua proposta, todas elas amplificadas e sintetizadas pela banda A Unidade. Com Klaus Sena, no baixo, João Leão, nos teclados e Beto Gibbs, na bateria, além do próprio Saulo, na voz e nas guitarras, a banda potencializa nos arranjos o universo subjetivo de Saulo Duarte, que, na maioria das vezes, compõe as canções no violão. É nas letras do compositor que está o núcleo de sua obra – em sua maioria, elas contêm fragmentos esparsos das experiências pessoais dele, em que as celebrações da vida e as desilusões amorosas se misturam à cidade e aos acontecimentos da ordem do dia. A sensibilidade do compositor o faz permeável a tudo que lhe acontece ao redor, como se ele fosse uma espécie de captador sensível das pessoas e do mundo.

Ele é paraense. Está aqui, ali e acolá. Talentoso, Saulo Duarte chegou para fazer a diferença. A sincronicidade fez com que ele encontrasse outros talentos de diversos cantos do Brasil e essa turma vem causando na noite paulistana, através do selo, coletivo, Cambuci Roots. Natural do Pará e cidadão do Cosmos, canta cheio de energia e sentimento. Suas letras são o retrato da atualidade, do cotidiano. O retrato de suas experiências, das suas roubadas, dos romances, descobertas e desventuras. Na guitarra, rasga os riffs e subverte a normalidade.

 O tipo de som não importa, o rótulo não existe, aliás, como se pudessem encoleirar a irreverência. Não dá. E por isso, Saulo utiliza o que for necessário para dar vida às suas letras. Rock, groove, funk, brega, carimbó, reggae, ska, romântico, blues e aquela psicodélica setentista. Para que essa efervescência funcione, estão presentes Beto Gibbs na bateria, Klaus Sena no baixo e João Leão nos teclados formando a banda A Unidade, além de Saulo na guitarra. Na música Amor de Piração pode-se ter uma idéia. A letra fala da busca, do amor, necessidades, utopias e o arranjo, vai do rock clássico, pitada de blues, pequena referência ao rock grunge de Seattle dos anos 90 e o teclado faz o diferencial em toda faixa.

Seu primeiro disco é uma delícia de som. Saulo Duarte e a Unidade têm um caminho longo pela frente. A estrada é dura e por isso, o sucesso é mais gostoso. Podem esperar, no Brasil inteiro ele irá tocar.

 

Saulo Duarte

Nota 10

Marcelo Teixeira

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