terça-feira, 7 de maio de 2013

O ar retrô de Blubell em ótimo disco


Blubell e o ar retrô do telefone
Sempre tive uma adoração às cantoras desconhecidas ou que o grande público não tem tanto apreço ou conhecimento ou segmento ou qualquer coisa que o valha. Sempre tive preconceito com relação a onomatopeias na música, que são aquelas sílabas repetidas, sem sentido algum, que só fazem a música ruim grudar na cabeça e fazer a gente cantarolar por aí mesmo sem gostar. E há inúmeros exemplos, de lele, tchetche e tchucha, lek lek lek. Porém, as coisas mudam. Os artigos mudam dependendo da cantora ou do cantor resenhado. Essa minha concepção engessada mudou completamente quando ouvi a música Chalala. O que significa chalala? Nada. Não tem significado algum. Nada vezes nada, mas posso garantir que é muito melhor que lelé, tchetche e tchucha e lek lek lek.

Mais uma rima sem sentido, mas que fez com que eu me desse conta das múltiplas formas de expressão da música. E de como este cenário independente brasileiro e por demais de bom como cantoras que pensam e pensam no melhor da música, não importando se ficaremos na deliciosa chalala ou nas delícias provocadas por sua voz.

Seu nome é Blubell, uma cantora fofa de nariz arrebitado e voz fina. O nome do seu segundo disco, lançado em 2011, é Eu sou do tempo em que a gente se telefonava. Meio vintage, não? E como amo tudo o que é vintage, comecei amando o disco já na capa. O ar retrô do álbum se confirma na primeira música, chamada (simplesmente) Música. O som parece vir de um vinil nos versos Então saia do sofá e se toca porque nós somos a música.

A segunda canção do disco é a minha preferida: Chalala, claro. Ela tem clipe, inspirado nos cartazes de clipes de Bob Dylan. Tudo bem. Não é vergonha nenhuma copiar o Dylan, não é? Já a terceira música, 1, 2, 3, 5, tem a participação de Baby do Brasil, a musa dos Novos Baianos, cantando maravilhosamente sem a presença do divino.

Não há como classificar o disco em um gênero, assim como toda boa música. Há um toque de tudo: jazz, pop, MPB, folk. Entre as influências da cantora estão Frank Sinatra, George Gershwin, Chet Baker, Abbey Lincoln e Anita O’Day: cantores internacionais, sim, mas com clima brasileiro e isso faz toda a diferença.

Das 11 músicas do disco, Blubell escreveu todos. Três são parcerias. A produção fica por conta de Maurício Tagliari, que também produziu o disco Azul e Vermelho, de Nina Becker, e Cristalina, de Lulina. Com produções magistrais, o resultado de Eu sou do tempo em que a gente se telefonava não poderia ser melhor.

É um disco espetacular.

 

Eu Sou do Tempo em que a Gente se Telefonava / Blubell

Nota 10

Marcelo Teixeira

Nenhum comentário: