quarta-feira, 20 de março de 2013

O ótimo disco de Anélis Assumpção


A filha do grande Itamar
Anélis Assumpção - que responsa - é filha do inesquecível Itamar Assumpção, o homem que revirou de ponta cabeça a MPB na virada dos anos 70 para os 80. Mas não é que esse DNA todo, nesse caso, só ajudou? Pai e filha tem muita coisa em comum: a poesia concreta/urbana/urgente; a mensagem desafiadora; os arranjos desconstruídos, entre o jazz, o pop e a MPB tradicional. Somam-se a essas atávicas semelhanças, a sua privilegiada vocação vocálica, o dub impassível, a suavidade insuspeita e o distanciamento natural da sua atualidade, que a mantém imune a rótulos absurdos que lançavam maldição às gerações passadas. Da sua geração, só faltava ela lançar disco solo ( as suas ex-companheiras de Dona Zica, Andréia Dias e Iara Rennó já debutaram).

Não falta mais: seu CD/LP Sou Suspeita, Estou Sujeita, Não Sou Santa, está entre os melhores lançamentos a qual posso comentar. A demora em lançar o disco tem justificativas fortes: a compositora maturou suas canções enquanto produzia a antologia definitiva da obra de seu pai, Caixa Preta ( com todos os discos de carreira + dois inéditos). E o destino fez mais. Itamar havia prometido produzir o primeiro disco da filha mais velha, se em contrapartida ela o ajudasse a botar toda a sua discografia em dia. E mesmo com seu falecimento em 2003, tudo aconteceu como prometido: com o dinheiro da Caixa Preta, que o Mais Cultura! fez questão de resenhar em artigo, Anélis conseguiu bancar as gravações e a produção de seu disco - de uma maneira ou de outra, o pai cumpriu seu trato também. E a faixa de abertura é de quem? ele, Itamar Assumpção, claro. Abrindo clareira pra filha, que lança um disco a altura.

 

Sou Suspeita, Estou Sujeita, Não Sou Santa / Anélis Assumpção

Nota 10

Marcelo Teixeira

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