sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Titãs: revigoração ou falta de criatividade ao relançar o clássico Cabeça Dinossauro (1986)?


Titãs hoje: sem criatividade
Desde o início deste ano, como comemoração, os Titãs tocam na íntegra o emblemático disco Cabeça Dinossauro em alguns shows especiais. De 1986 até hoje muita coisa mudou. No mundo e na história deles. Se quase trinta anos depois você ainda não se deu conta, entenda porque este álbum é tão cultuado, foi tão revolucionário e é um dos mais importantes da extensa discografia da banda. Os Titãs já eram consagrados por hits como Sonífera ilha e eram assíduos nos programas das tarde de sábado na TV, entre eles, o Chacrinha. Era, ainda mais naquela época, a banda ideal para agradar a todos os públicos: da família que se reunia na sala para ver televisão, aos new waves que frequentavam as casas noturnas e agitavam a pista com  New Order, Depeche Mode e Kraftwerck. Ou ainda aos punkers que frequentavam os inferninhos, contavam na capital paulista com apoio de bandas locais e espaço escasso para tocar. Essa era uma aventura porque além da falta de estrutura, a banda  enfrentava com o público brigas de gangues e todo tipo de curtição para uma geração que começava, politicamente, a colher os frutos das Diretas Já e sentia um pouco da liberdade que antecedeu marcos históricos como as eleições para presidente, Sarney no poder e a constituição de 88.

A falta de dinheiro, de perspectiva, a violência, cenário político incerto, toda essa mistura de assuntos eram traduzidos em música, em contestação, em revolta, em verborragia. Gravado no estúdio Nas Nuvens (RJ) entre março e abril e lançado em junho de 86, Cabeça Dinossauro é o terceiro álbum de estúdio dos Titãs. Esse disco rendeu algumas estreias para a banda: o início da parceria com o produtor Liminha e o primeiro disco de ouro da carreira conquistado no mesmo ano do lançamento. A formação era ainda a clássica composta por  Arnaldo Antunes (vocal), Branco Mello (vocal), Charles Gavin (bateria e percussão), Marcelo Fromer (guitarra), Nando Reis (baixo e voz), Paulo Miklos (voz, baixo, guitarra), Sérgio Britto (teclados e voz) e Tony Bellotto (guitarra).

Cabeça Dinossauro: um clássico
Em 1985, Tony Bellotto e Arnaldo foram presos por porte de heroína. Juntando o fato com toda a indignação jovem e típica do período, apesar de ter sonoridades diversas, faixas políticas e pops, Cabeça é considerado o disco com mais influência do punk na discografia dos Titãs, no sentido da revolta, da sujeira, das letras curtas e diretas – fato que passou a ser característico das músicas deles a partir de então. Enquanto se revezavam nos vocais, como de costume, principal compositor na época, Arnaldo assina sete das treze faixas em co-autoria com os outros integrantes.

Os Titãs hoje não vendem mais discos como antigamente. Seus melhores integrantes, os cantores e compositores Nando Reis e Arnaldo Antunes, ao saírem da banda para seguirem carreiras solos, deixaram os outros com uma psique intelectual menos agressiva, menos ácida e mais imbecil. Os Titãs mudaram, o Brasil mudou, alguns fãs permaneceram, outros desistiram da ideia de seguirem a banda, muitos novatos por música preferem suas músicas mais antigas. Hoje em dia o grupo não agrada mais e um virou apresentador de TV, outro virou ator, outro descobridor de raridades. Cada um seguindo a sua vida. Mas a bem da verdade, os Titãs só estão relançando o clássico Cabeça Dinossauro por duas fatalidades: 1) são 26 anos de diferença entre aquele Brasil e este de hoje, o que separa 1986 de 2012, incluindo a música de ontem com a de hoje e 2) os Titãs não sobrevivem mais com discos de inéditas.



Cabeça Dinossauro – Titãs

Nota 7

Marcelo Teixeira

Nenhum comentário: