sábado, 12 de agosto de 2017

A volta dos cinquentões Tribalistas


Os cinquentões Marisa, Arnaldo e Carlinhos

Quem não sabia que os Tribalistas voltariam, por favor, que atire a primeira pedra contra a própria cabeça! Estava nítido que o trio Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown voltariam a atuar, mesmo que isso demorasse vinte ou trinta anos. Quinze anos depois de lançarem a explosão musical que uniria os três amigos, eis que eles voltam com um disco de inéditas repleto de sensações e vibrações positivas, com características marcantes e suavidade diferente de seu roteiro inicial. E o disco vem em um momento especial para os três: enquanto Arnaldo completará 57 anos em setembro e Carlinhos 55 em novembro, Marisa completou 50 em julho passado. O trio de cinquentões mudou a concepção de música adquirida em sua primeira incursão e agora conseguem explorar mais as nuances musicais que outrora era impessoal e não reconhecida por eles. O markenting deles é forte: lançar inicialmente 4 músicas no mercado internético para lançarem no final desse mês o disco pronto. A ideia central de reunir Marisa, Arnaldo e Carlinhos é tão simples quanto objetiva: no centro, Marisa, que é amiga e detentora de várias canções de ambos, defende a tese de que amigos são importantes em nossa vida e, por esse motivo, devem ser repatriados numa esfera atemporal, uniforme e sensata. Arnaldo e Carlinhos, díspares de uma mesma sintonia musical musicalizada por Marisa, encontraram em seus versos uma maneira de unir e monopolizar aquilo que ambos jamais poderiam encontrar, que é a voz de Marisa dentro de um mesmo patamar. Carlinhos e Arnaldo conseguem, cada qual ao seu jeito, unificar na voz cristalina de Marisa aquilo que ambos querem transmitir e, sendo assim, conseguem fazê-lo com uma maestria ímpar. Embora seja um trio, cada musico aqui têm uma particularidade diferente: Marisa é a mentora do grupo, enquanto Carlinhos destoa a atmosfera transloucada de versos improvisados, trazendo a africanidade regente em sua verve e Arnaldo, um típico filósofo da atualidade, que consegue mirar em profundas, ricas e pobres vertentes num olhar puro e certeiro. Os Tribalistas são criteriosos e, por isso mesmo, erram e acertam em algumas canções. Se no primeiro disco, cujo fui um crítico ferrenho para tal, transcorridos 15 anos, posso dizer que alguma coisa mudou com relação à música que eles produziram. Agora há uma sonoridade menos populista e mais autoral, mais rude e mais intelectual, o que não aconteceu com o primeiro. Já era dada como certa a volta dos três aventureiros tribais e foi bom que esse hiato de quinze anos tenha ocorrido, pois, assim, a sua música ficou boa, dentro de um limite audível que os Tribalistas propuseram a cantar.

 
 
 

A volta dos Tribalistas
Por Marcelo Teixeira

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