sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Volume 2 (1999) revela o melhor dos Titãs


Sintonia do grupo em alta
Eles não eram oito e sim nove e o nome não era só Titãs e sim Titãs do Iê Iê. A banda nada mais era do que um grupinho de amigos reunidos em torno de uma ideia que ainda não estava em prática e, embora tivessem atitudes, algumas músicas e figurinos eram bastante excêntricas.  Eles estouraram logo que surgiram e a música popular brasileira, mais especificamente o Rock Brasileiro, ganhava sua mais famosa tradução de esperteza, garantia de sucesso e de bons letristas. Os titãs vieram para ficar e marcaram na indústria fonográfica discos inesquecíveis, como Volume 2 , que hoje o Mais Cultura! faz questão de elogiar. O disco Volume 2 (1999 / Sony / 26,99) foi um marco na história da banda, com mais de seiscentos mil cópias vendidas e ganhou ares novos, com roupagens novas e facilitando e muito as músicas inéditas que contem no disco. Abrindo com Sonífera Ilha, a música virou um hino na voz de Paulo Miklos e aqui a nova roupagem ganhou trompete e trombone e ficou mais dançante que na primeira versão.  Outra que ganhou novos ares foi Lugar Comum, que agora ganhou brilho na voz de Branco Mello e a gaita de Flávio Guimarães brinca com a guitarra de Tony Bellto, conversando no intervalo da canção.

Escrever sobre os Titãs é uma coisa rara. Primeiro, sem dúvida, pelo fato de saber que já estamos velhos o suficiente para acompanhar uma banda por 30 anos. Mas digamos que eu não queira falar sobre isso agora. O motivo maior de desconforto tem a ver justamente com a banda em questão, ou ainda, com seus 30 anos de estrada. Ter sobrevivido tanto tempo num universo tão desfavorável ao envelhecimento como essa da música é um sinal de força ou de fraqueza? Estar em cena tanto tempo, muitas vezes sobrevivendo apenas de sucessos de dez ou mesmo de 20 anos atrás, faz sentido?

Por este mesmo motivo e talvez para ter a minha própria resposta, Volume 2 mostra que sim, que faz toda a diferença cantar músicas de outras estações. Fazendo parênteses (eu amo isso!), meu primeiro contato com os integrantes do grupo foi lá pelo início do ano 2000, nos Jardins, na Alameda Lorena (lugar que, por ventura, encontrei outros artistas, como a escritora Patrícia Mello, a cantora Miúcha, a atriz Tônia Carreiro, a cantora Maffalda Minozzi) e com os Titãs não poderia ser diferente.

Volume 2 carrega no brilho e na sofisticação todos os elementos próprios para que o disco seja um dos melhores da banda e da discografia nacional, porque traz a sensação de liberdade de todos ali envolvidos e, de quebra, traz também a jovialidade característica de cada um. Temos aqui ainda o Nando Reis e o Marcelo Frommer, mas não temos a soberania de Arnaldo Antunes fisicamente, embora suas canções estejam no disco.

O disco foi muito bem aceito pela crítica e público e a banda não deixou ninguém na mão. Foi um disco de relembranças de um tempo em que os Titãs eram reconhecidos como a melhor banda dos últimos tempos da última semana e comprovadamente, foi o melhor lançamento de coletâneas de todos os tempos, incluindo aqui as inéditas. Vale a pena ouvir um clássico como Volume 2 pela capacidade incrível que os músicos puderam demonstrar ao longo de suas carreiras e para sentirmos a sensação de que o melhor está aqui, reunido em um único disco, capaz de nos levantar e dizer que a banda é única.

 

Volume 2 / Titãs

Nota 10

Marcelo Teixeira

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