quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A preciosidade de Embalar (2013), de Ná Ozzetti


Um dos melhores de 2013
Sempre há uma expectativa da minha parte para os lançamentos futuros da cantora e compositora Ná Ozzetti. Assim que lança um disco novo na praça, não dando tempo nem desse respirar, já anseio pelo próximo trabalho e fico aguardando frenetica e ansiosamente pelo outro. Ná é uma das poucas cantoras que conseguem fazer isso comigo. Mal lançou Meu Quintal no final de 2011, a cantora vêm com carga total com Embalar, disco que faz uma reviravolta em sua carreira, com participações especiais e dividindo letras com cantoras mais novas. Embalar, antes de mais nada, é um disco de profusões de palavras, característica mais que assídua da cantora e que demonstra uma clareza vocal exuberante. A impressão que passa é que Embalar é uma sequencia magistral de Estopim, lançado em  1999, a começar pela capa, aonde mostra em ambas, Ná dançando balé clássico. As letras de Embalar também nos remetem à Estopim, tanto pela maneira de galgar as palavras quanto pelo estilo musical, que se difere de Meu Quintal. Ná é uma das principais vozes femininas do Brasil e disso não há o que discutir e Embalar comprova, nitidamente, o quanto sua presença é marcante dentro da Música Popular Brasileira. Mantendo um estilo cativo de manter-se inerte em seu mundo, a cantora lança discos sensacionais, não repetitivos, com qualidade, supremacia e, sobretudo, musicalidade. O que Ná talvez não saiba é que a sua música, para poucos, como bem disse na canção Pérolas aos Poucos (José Miguel Wisnik) no CD Voz e Piano (2005) é rica para alguns e misteriosa para outros.

Poucos conhecem Ná Ozzetti. Mas todos deveriam ter a obrigação de conhecer o seu trabalho. Lançando seu décimo álbum, Ná Ozzetti é respeitada por críticos e músicos pela sua voz, pelo seu canto, pela sua música. Ná Ozzetti é a voz principal da Vanguarda Paulista, que teve como padrinho o inesquecível Itamar Assumpção e foi através deste excepcional cantor que tive o prazer de conhecer o trabalho de Ná (e, por consequencia, de Virginia Rosa, Susana Salles, Vânia Bastos). Embalar (2013 / Circus / 24,99) foi produzido pela própria cantora em parceria com o irmão Dante Ozzetti e os amigos Mário Manga, Sérgio Reze e Zé Alexandre Carvalho e já está à disposição nas melhores redes para vendas.

Com 11 faixas, o CD está recheado de participações especiais, como a amiga Mônica Salmaso na faixa Minha Voz e Juçara Marçal em Musa da Música, num trava-língua irresistível. Marcelo Preto divide os vocais com a cantora em Olhos de Camões. A polêmica sobre o lesbianismo surge em Lizete, numa engraçada forma de rimar e Nem Oi é uma parceria entrosada entre Dante Ozzetti e o mineiro Makely Ka.

Surpresa agradável foi a composição entre Ná e Tulipa Ruiz, que fecha o disco com a mambembe Pra Começo de Conversa. Surpresa mais que agradável, tendo em vista que as parcerias, letras, melodias, ritmos e tudo o que completa neste sensacional disco, faz parte agora do cancioneiro da MPB por um todo. Ná é sempre Ná e seu novo disco é um dos favoritos a entrar para a categoria de melhor do ano. Sem papas, choros e velas, o disco é um presente aos fãs da cantora e chega em um bom momento, enquanto só se falam de Rock in Rio, divas americanas, conversas de Anittas e papagaiadas de Ivetes.

Salve, salve dona Ná!


Embalar / Ná Ozzetti
Nota 10
Marcelo Teixeira

 

2 comentários:

Leandro disse...

corrigindo: o mineiro Makely Ka.

Mais Cultura Brasileira! disse...

Corrigido, Leandro! Valeu pela dica!