Os bichos de Cae |
Havia vida inteligente na década de
1970 e Caetano Veloso se destaca ainda mais nessa seara musical que tanto fazia
seus concorrentes a produzirem mais músicas de qualidade. A vasta criatividade intelectual de Caetano
estava tão aflorada em 1977, que seria impossível não produzir um disco
sensacional como Bicho (1977 / Phillips /
21,99) e vale dizer que esse disco trouxe uma das sequências musicais mais
emblemáticas da MPB, pois Odara
possui um ritmo dançante e frenético em seus quase sete minutos de duração e ainda
hoje e já no século vinte e um, a música é referência na discografia do cantor.
Sendo um dos discos menos lembrados da carreira, mas curiosamente, o disco que
tem um festival de canções cantadas por muitos até hoje, Bicho trouxe na
bagagem canções com Um Índio, Tigresa, Gente, Leãozinho. Tigresa
é uma bela homenagem à Sônia Braga e Zezé Motta, duas das inspirações de
Caetano naquela época e que tem belas poesias embaladas por um violão elegante.
Para registrar Bicho, Caetano se cercou
de um time de excelentes músicos que contribuíram para com a estética do disco,
que traz altos arranjos e elaborados artistas. Se hoje vemos Anitta reverenciar
as comunidades cariocas, Caetano já o fazia isso e com muita intelectualidade,
representando uma pegada forte, dançante e atemporal, que era a proposta de Bicho, como a nova favela brasileira,
pois Caetano queria lançar um disco especialmente para as pessoas mais carentes
dos subúrbios. O resultado é um disco extremamente culto, refinado, dançante,
popular e com a cara tanto do rico quanto do pobre. Além das músicas e letras, Caetano também
assina a capa do disco, com a borboleta, o sol, a lua em fundo branco e a
palavra bicho, uma gíria muito comum usada entre os músicos na época. Reitero:
esse é um dos melhores e mais completos discos de Caetano Veloso.
Bicho
(1977) / Caetano Veloso
Nota
10
Por
Marcelo Teixeira
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