sexta-feira, 10 de abril de 2015

A maldição de Ed Motta


Ed: maldição passageira?
Quem me conhece sabe perfeitamente o quanto não suporto o cantor e compositor Ed Motta, mas não suas músicas e muito menos a sua pessoa, mas sim a sua ignorância, a sua maneira de soltar frases com sentido intelectual, mas detonando uma classe minotária particular ou simplória. E mais uma vez o cantor surgiu como uma bomba de efeito moral nas redes sociais com uma notícia bombástica. Obviamente que Ed Motta é um homem culto, de palavras e sons difícieis, sendo considerado por muitos criticos especializados como um dos maiores jazzistas brasileiros de todos os tempos, mas a capacidade de interpretar suas próprias opiniões acabam por dividir a sociedade em várias partes obsoletas, que faz com que essas mentes se fechem a ponto de ridicularizar o cantor. Aqui entra a hermenêutica, palavra pouco conhecida do grande público e que deveria ser mais utilizada por professores e críticos de um modo geral. Ed Motta soltou um texto em sua rede social e logo o público interpretou de uma maneira contrária, áspera e hostil às suas palavras. Portanto, hermenêutica significa a interpretação de textos. Porém, quem leu o texto jorrado por Ed, não conseguiu distinguir o que é moral, o que é certo, o que é errado, o que é nada. Primeiramente, parto de um pressuposto de que nossa música é, sim, um pólo cultural enraizado em mentes pequenas, sendo considerado fora do país como um país do axé, do pagode e do nefasto sertanejo universitário, com seus grupos de oito pagodeiros dançando ridiculamente em um palco em toques sincronizados que nada acrescentam na nossa rotina; seguindo com o sertanejo universitário, que Michel Teló, Luan Santanna e Gustavo Lima cismam em levar como demonstração de música de qualidade para países escandinavos, europeus e americanos, fazendo com que a nossa imagem se priorize dessa característica básica de roupagem musical; terminando com o axé de quinta categoria produzida por Ivete Sangalo, Claúdia Leite, Asa de Águia, Chiclete com Banana, Margareth Menezes, que usam a sensualidade para demonstrarem a banalidade cultural que existe por aqui. Neste quesito, concordo com Ed Motta de que sua música não se iguala a esses rotuladores de qualidade duvidosa. Em outro parâmetro, o que Ed disse em sua rede social nada mais é que o seu show nos Estados Unidos seria apenas um show internacional, portanto, fora de sua terra natal, o Brasil. E que nesse show, não teria nada que lembrasse o Brasil, nem músicas em português e tudo seria falado e cantado em inglês, que é uma língua universal. Todo mundo sabe que fora do Brasil existe um grupo de brasileiros que adoram badernas e se dizem cultos justamente por estarem ali, mas na verdade, esses brasileiros não sabem se comportar perante um show musical feito por brasileiros. Eles, os brasileiros, gritam músicas entre uma canção e outra e isso irrita profundamente o cantor no palco.  Por causa dessa iniciativa, o cantor Ed Motta tomou atitudes mais severas para punir os brasileiros que são formados em ouvir músicas de quilates inferiores. Joyce Moreno, Daúde, Bebel Gilberto, Rosa Passos, Barbara Mendes, Ceumar e outros tantos cantores que não são reconhecidos pelo seu talento em seu país de origem, deveriam fazer o mesmo, mesmo sabendo que cairão na maldição a qual Ed Motta passa atualmente. Podemos observar isso claramente em shows realizados aqui no Brasil (e aqui escrevo direcionado aos meus amigos brasileiros que moram no México, na Espanha e no Japão) de cantores como Adriana Calcanhotto, Chico Buarque, Gal Costa entre outros, que nem bem acaba a música, já gritam uma na qual o cantor fizera muito sucesso ou música muito antiga. Isso, por ventura, acaba tirando a atenção do cantor e este sabe que o público só está ali para ouvir músicas antigas, não prestando atenção, talvez, em seu novo trabalho. Ed Motta foi coerente em sua postura, foi sensato ao ponto ao pedir para que esses brasileiros não gastassem seu dinheiro para irem ao seu show, pura e simplesmente porque não estarão aptos para ouvirem as músicas novas de seu trabalho, AOR, e já evitando um estress maior ainda sabendo que o cantor não cantaria músicas como Manuel. Já pensando em um modo de não haver desgastamento em seu show, Ed Motta pisou em uma poça maior ainda: as palavras de baixo calão que enfrenta nas redes sociais. Se manter sua palavra até o final e não der a miníma bola para o que se fala a seu respeito por aí, Ed Motta poderá considerar sua maldição como bem menor. Mas por enquanto, o cantor vive uma maldição: a maldição de Ed Motta.

 

A maldição de Ed Motta
Marcelo Teixeira

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