terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Cinco cantores brasileiros!


Cinco cantores
Há muitos cantores brasileiros de gabarito personificado dentro da música popular brasileira de todos os tempos e esse mérito foi consagrado aqui mesmo no Mais Cultura Brasileira quando abordei os 10 maiores cantores dos últimos 10 anos dentro deste cenário. Não foi uma tarefa fácil, assim como não foi uma tarefa das mais difíceis, tendo em consideração o que esses cantores representavam (e ainda representam) dentro de um segmento linguístico, de forma representada e não de personalidade dentro de um conceito enquadrado, digno de uma singularidade plena de um estilo qualquer. Há muitos cantores bons, muitos esquecidos e muitos que precisam ser descobertos ainda, mas tive a audácia de selecionar, estudar e catalisar todos os maiores e melhores cantores das últimas décadas para uma seleta lista de dez, caindo para oito e fechando com cinco que, de fato, representam e aprimoram e enriquecem a nossa música nacional em um respeitado estilo musical qualificado por sonoridade, melodias e suas letras autorais. De cara e de olhos fechados, selecionei os cinco cantores, músicos e compositores que maior representatividade me orgulham pelo conjunto da obra e pelos vários discos lançados, cada qual com sua participação efusiva, cada qual com sua maneira de expressar sua arte e tendo uma sonoridade ímpar e autoral que distingue suas músicas dos cantores ditos populares. Nesse amplo caminho, Chico César é o cantor que, sem sombra de dúvidas, revela seu lado mais poético, mais singular e mais atemporal dentro de um sentimentalismo que tem por si só uma mistura de fina flor com arbustos dourados e metálicos em forma de glorificação e a prova disso é seu excelente disco atual, Estado de Poesia (2015). Ah, se todos fossem iguais ao Chico, quanta beleza a terra iria findar numa guloseima de sopa de letras e numa profusão de paródias letrais. Chico César, paraibano, poeta nato, cantor de sentimentos puros, olhar antenado e composição afinada. Alberto Salgado representa a ambiguidade masculina, retratando seu lado mais refinado dentro de um pantaleão de cores e objetos cortantes, que nos revelam notas dissonantes e versos sensacionais de calibre espinhal e arquitetônicos. Ah, Alberto, brasiliense, inquieto, sonhador, compositor dos mais inteligentes da atualidade e com um dos melhores discos de todos os tempos (Além do Quintal, 2014 ) Alberto é aquilo que a música brasileira de fato precisa: com um misto e legitimidade autoral incrível retratando a beleza da paisagem concreta e o dossal entre o singelo pluralismo abstrato em forma de desenho musicado, o cantor mostra o quão importante é a sua música para a atualidade numa forma coloquial, categorial e sincera. E o que dizer de Lenine, pernambucano, brejeiro, pensador sofisticado de palavras suaves, mas enorme salubridade sobre a vida, genioso e arteiro?  Lenine é o artista mais completo dentro de uma consistência musical harmoniosa, geniosa e lírica: sua música transcende aquilo que não possamos alcançar, o inatingível, o abstrato, o irreal que assola nossos poros, nossas artérias e o nosso ar vertical. É quase impossível não termos a sensação de que sua música é aquilo que ele mais nos representa: o homem na sua forma mais plena da sabedoria divina, do escárnio intelectual e da tenebrosa tempestade de versos histriônicos que repelem a uma dissecação de alegoria em forma de poesia. Zeca Baleiro é o cantor que representa a síntese do cantor popular que fala às multidões num gosto acelerado de riqueza nordestina, sendo ele mesmo um nordestino que consegue ater a atenção de todos por um simplório desejo musical. Se Zeca, maranhense, poeta inspirador, é um típico representante da comunidade e tem o poder de juntar gregos e troianos, isso requer dizer experimentar que ele é o fruto proibido entre a música regional e a música de seletivos críticos. De qualquer forma, seus discos nos fazem pensar na característica personalidade que o faz recitar poemas em letras tão melódicas e antissociais. São elementos essenciais para que Zeca componha de uma maneira difícil mas com o pensamento na realidade de todos os tempos. Enquanto todos seguem uma linha tênue entre o lirismo formal e fugindo da atmosfera platônica que envolve o homem e sua magnitude, Luiz Marques nos traz uma musicalidade em que o romantismo convencional ou reservado supere aquilo que falta em muitos (bons, medianos e ótimos) cantores: a do cantor popular sem ser caricato, buscando em suas letras e melodia a satisfação realista de sua beleza autoral, fazendo com que o seu intelectualismo nos permita transitar entre o belo e o cauto, entre Paris e Minas Gerais e entre a solidão masculina e a realização feminina num piscar de olhos. Esses arvoredos de sensações estão representados na maioria de suas belas canções, dentro daquilo que sugiro ser a mais pura forma de demonstrar o quão sensacional é a sua música. Ah, Luiz, mineiro, sonhador, pesquisador da boa música e merecedor de aplausos pelo espetacular CD Noite Azul (2015). Estar nesse patamar da música popular brasileira não é para qualquer cantor: é preciso muito mais que cantar e demonstrar sua arte! É preciso ter disciplina, ética e agarrar o ouvinte pelos ouvidos, pelos poros e pela alma. É ter a certeza de que sua música é fiel, verdadeira e que catalisa as pessoas pelo lado mais puro e doce, pelo lado mais concreto e real, pelo lado mais sereno e merecedor. Estar nessa criteriosa lista é estar entre os melhores da música contemporânea, é estar entre os melhores dos melhores e estar entre aqueles que sempre gosto de colocar: no topo mais alto da música. Alberto Salgado, Chico César, Lenine, Luiz Marques e Zeca Baleiro são os melhores cantores dos últimos anos, sem qualquer ponto de interrogação!

 

Cinco cantores brasileiros!
Por Marcelo Teixeira

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