sábado, 21 de março de 2015

O tempo de Ludmilla é hoje. E amanhã?


Ludmilla hoje, amanhã e...
Reduto especializado principalmente por homens, o funk está sendo tomado pelas mulheres que querem (ou tentam) revolucionar o mercado fonográfico com suas expressões marcantes, seus cabelos volumosos e seus batons florescentes. O tal funk ostentação nunca esteve tão em voga como nos dias atuais e isso se deve a crescente massa adolescente, que encontraram nesta batida (im)perfeita, uma maneira de protestar contra algo, a desculpa esfarrapada de encontrarem os amigos para uma noitada, para beijos furtivos e para a dança, muita dança. Ludmilla entrou neste terreno hostil e está aproveitando todas as mazelas que a música descartável e sem prioridade alguma de crescimento cultural poderia lhe retornar. Lançou um CD que teve uma grande aceitação imediata do público, ofuscou a cantora Anitta, roubou a cena em todos os espetáculos televisivos, ganhou notoriedade do dia para a noite, ficou mais bonita, menos caricata, deixou de ser dublê de uma cantora americana e ganhou madeixas louras, volumosas e junto com tudo isso surgiu a timidez. Ludmilla é hoje o que a Anitta representou no início de sua carreira: uma grande ostentação musical, uma cantora que surgia dos guetos, branca, bonitinha, mas sem conteúdo algum. Ludmilla é o oposto de tudo isso: mesmo sua música sendo distante do verdadeiro funk, a cantora consegue driblar os grupos sensacionalistas e tira de letra sua nova forma de se fazer música: canta como as cantoras negras do passado, não é vulgar em seus passos de dança e suas músicas são agraciadas pelo melhor do funk pop da atualidade. Hoje é o tempo de Ludmilla e esse tempo lhe trouxe responsabilidades futuras, que requer superar o estrondoso sucesso que faz hoje. Se isso não vir a acontecer, a cantora estará fadada a ser marionete do egocentrismo musical, que lhe colocaram na grande roubada de patrocinarem seu sucesso imediato. Mas pelo andar da carruagem, aposto que Ludmilla virá em breve com um novo CD e mais uma vez um novo sucesso. Talvez não arrebatador como o charmosinho Hoje, mas compensdor para sua voz. O tempo, por hora, está favorável à ela. Mas até quando?

 

O tempo de Ludmilla é hoje. E amanhã?
Marcelo Teixeira

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