quarta-feira, 14 de maio de 2014

De Gilberto Gil a João Gilberto: deu samba no encontro de Gilbertos


 

Um disco e tanto
Gilberto Gil devia um disco a altura de João Gilberto. O pai da bossa nova acaba de ganhar um disco em sua homenagem pelo patrono do Tropicalismo e essa junção se deu por conta do lançamento de Gilbertos Samba (2014 / Sony Music / 26,99), um disco mais experimental do ponto de vista crítico do que um disco essencialmente não comercial. Experimental porque Gilberto Gil sempre teve essa vontade de fazer um disco de samba para exprimir seu sentimento para com seu conterrâneo e não comercial pelo fato de não ser um disco simples. A começar pela capa contrastando o vermelho em letras garrafais com o azul quase escuro ao fundo, o ouvinte pode se entediar com as músicas apresentadas já na primeira vista. Mas não se enganem: por mais que o disco traga canções já conhecidas do grande público, Gil dá uma aula de profissionalismo, determinação no ofício de cantar e sabedoria em sua essência.  Aqui a bossa é realmente nova e Gilberto Gil consegue transpassar toda a sua vibração positiva a cada faixa cantada. Ao todo são dez músicas do repertório de João mais duas homenagens, sendo a faixa-título Gilbertos, onde cita outros bambas de sua época, como Dorival Caymmi, Chico Buarque, o amigo Caetano Veloso e a instrumental Um Abraço no João. Gilbertos Samba é um disco em que o cantor e compositor reinterpreta os clássicos gravados por João Gilberto e isso ele o faz com maestria. Se na primeira audição ficamos meio chocados com a onda gritante de pesadas guitarras e calmos violões em algumas faixas, esse susto passa com a segunda chance de poder ouvir as melhores músicas gilbertianas, que tem como parceria Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Carlos Lyra e Caetano Veloso. Quase tudo o que João Gilberto cantou, até mesmo seus primeiros compassos na música universal brasileira, Gil fez questão em poder regravar, incluindo O Pato, Desde que o samba é samba, Você e eu (música de trabalho), Eu vim da Bahia. O disco tem assinatura musical de Moreno Veloso e Bem Gil e está recheado de músicas de sucesso que ficaram ainda mais tocantes, vivas e suaves na voz doce e angelical de Gil. Um presente e tanto de Gilberto para Gilberto e quem ganha com isso é o público, fiél e escudeiro público da boa música popular brasileira.



 
Gilbertos Samba (2014) / Gilberto Gil
Nota 10
Marcelo Teixeira

Um comentário:

Adriana Tunes disse...

Meu rapaz, confesso que não entendo muito do que você escreve. Seus artigos são embebidos de uma falta gritante de conhecimento musical, o que gera uma grande impressão de que suas opiniões nada mais são a não ser uma repetição prolixa e pouco convincente de lugares comuns. Seja no seu (bobo) artigo sobre a Valesca, seja na sua crítica viúva do álbum da Vanessa da Mata, seja em suas outras críticas fracas para os discos da Maria Rita e do Gil.
Entendo que a internet seja um espaço livre e democrático, na qual qualquer pessoa possa dar sua opinião, mas para falar de um assunto tão sério quanto música brasileira, acredito que você deva estudar mais, e não me refiro a estudar jornalismo ou o que o valha, mas sim estudar o assunto tema do qual você está falando. Já a começar por cultura de massa e suas ramificações (para entender do que se trata a música da Valesca Popozuda - a qual você, no alto de seu desconhecimento, dirá não ser música), passando pela música pop (fonte da qual bebe Vanessa da Mata) e das informações corretas sobre os álbuns de Gil e Maria. Eu estou te dizendo isso porque já fui como você, com opiniões pretensas, achando que poderia saber o que é e o que deixa de ser música simplesmente pelo meu gosto de ouvido, mas para você que, ao menos nesse espaço, se pretende crítico, o buraco é mais embaixo. É ouvir de tudo e analisar de acordo com o mercado ao qual se propõe. Não dá pra dizer que Valesca não é cultura. É sim, cultura de massa. E por que cultura de massa é ruim? Porque reflete uma realidade de um país mais pobre e mais medíocre? Oras, então estamos falando de um trabalho muito mais antropológico e social do que jornalístico propriamente dito.
Acredito que você aqui não se pretenda a muita coisa com suas opiniões, mas é perigoso com a quantidade de pessoas que parece ler o que você escreve.
Estude mais e leia gente como o Mauro Ferreira (colunista do jornal carioca O Dia e dono do blog Notas Musicais - http://www.blognotasmusicais.com.br/), Marcus Preto (escreve para revistas, mas é ex crítico da Folha), os críticos do jornal O Globo são ótimos, Bruno Cavalcanti que escreve no portal da jornalista Anna Ramalho, do Jornal do Brasil (http://www.annaramalho.com.br/amigos-da-anna/bruno-cavalcanti/), idem.
E deixe essa pretensão de lado! Você pode até chegar longe, mas só o que fará é contribuir para a tolice dos leitores ao manter artigos tão... baratos.
Boa sorte!