quarta-feira, 26 de março de 2014

Iara por Iara Rennó: sutilezas


Iara: grande disco
Iara Rennó é um nome muito conhecido na mída e entre os artistas e em 2013 fechou o ano apontando uma grande surpresa: o lançamento de seu CD solo, recebendo o carinhoso nome de Iará. Produzido pelo selo Jóia Moderna, cujo o presidente é o DJ Zé Pedro, o álbum vem para enraizar a música de Iara Rennó, dando um mote a mais para a nossa cultura brasileira, mergulhando de vez no universo totalmente particular desta grande cantora. Entre participações, projetos coletivos e a participação na banda Dona Zica, Iará tem uma discografia variada. Assinando solo, a cantora estreou com o conceitual projeto Macunaíma Ópera Tupi em 2008 e só agora lança um disco de estreia, tão aguardado por muitos. É aqui que Iara Rennó se mostra mais Iara Rennó, sem personagens, sem historietas, sem dividir cenas. Entre tantas opções que a música oferece, essa é a mais nova, porém, o seu núcleo. E talvez seja por isso que faz todo o sentido assinar o disco com o seu nome. Criada em ambiente artístico, Iara tem família culta com referências que vão da raiz sertaneja matogrossense até a vanguarda paulista. Sua mãe, Alzira Espíndola e seu pai, o letrista Carlos Rennó, a tia Tetê Espíndola, o tio Jerry Espíndola foram os principais responsáveis pela criação de Iara, sem contar com os amigos próximos que orbitaram esse núcleo bem plural, como o inesquecível Itamar Assumpção, com quem Iara cantou durante quatro anos. Buscando todos os sons possíveis e imagináveis, seria impossível Iara lançar um disco qualquer no mercado. Sendo assim, ela chega em Iara com pompa de grande estrela. A estrela da MPB. Produzido por Moreno Veloso, o disco entrega seu conceito logo na letra da primeira faixa, Já Era, da própria Iara. Uma letra forte, decidida e certeira, que marca a entrada solo definitivamente da cantora dentro da MPB, denotando, aqui, o clima experimental e urbano, com o que lhe foi ensinado pela família de artistas. Roendo as Unhas, um samba magistral de Paulinho da Viola, se transforma num inquietante e metódico sambinha, totalmente adverso ao que Ney Matogrosso viria a regravar em seu disco Atento aos Sinais no final de 2013. Iara tem a sua cara, o seu jeito, o seu conceito, a sua magnitude, o seu temperamento, o seu rigor, o seu vigor, a sua qualidade e a sua brasilidade incomum, se mostrando autêntica, perfeita, plural, cativante, única. Particularmente falando, Iara Rennó trabalha de um jeito bem natural e dessa naturalidade é se que apresenta seu lado particular, que se resume em um disco leve, solto, descontraído. E lindo!

 

Iara (2013) / Iara Rennó
Nota 10
Marcelo Teixeira

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