sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O mediano álbum Partir (2015), de Fabiana Cozza


Fabiana e seu disco novo: fraco
Fabiana Cozza é uma das cantoras mais respeitadas de todos os tempos dentro da música popular brasileira e nas rodas de samba de prestigio e categoria e seu nome hoje está associado às grandes damas da música nacional, estando ao lado de bambas como Clara Nunes, Alcione e Dona Ivone Lara. A cada disco lançado, Cozza tem uma inspiração nova, um motivo que a leve a cantar mais e melhor e com seu novo lançamento não fora diferente. A inspiração desta vez é a Bahia de todos os santos, solo por onde aportaram os primeiros navios negreiros no Brasil. Partir (2015 / Trattore / 29,00) não é o melhor disco de carreira de Fabiana, mas é o CD que mais se aproxima de sua religião, de sua encantadora fé e de sua respeitada vida. São ao todo 14 faixas embaladas por canções de todos os tipos de reza e oferenda e a voz de Cozza impera quase que triunfal por toda a atmosfera que o álbum exige. O álbum faz com que Fabiana transporte o ouvinte da África à Bahia num piscar de olhos, com suas danças, rodas e cantigas que ressalta a levada do Recôncavo Baiano até a nota mais importante de todo o lirismo saudosista que perpetua o disco. Mesmo com o aval de Maria Bethânia saudando o álbum como sendo um disco da maior competência de todos os tempos, tendo uma cantora com a voz lisa e clara, reconheço que há falhas redundantes neste, que poderia ser o melhor disco, de fato, da carreira de Fabiana Cozza (o melhor ainda é Quando o Céu Clarear, lançado em 2009). Buscando na evocação da ancestralidade africana o seu porto seguro (Clara Nunes sempre fizera isso em discos memoráveis), Cozza tentou rebuscar nas canções a sofisticação em um repertório simples para uma causa nobre: errou ao tentar fazer um disco surpreendente e fazendo deste momento um rechaçado canto superior de seu talento. Sem falar na capa, com um misto de tristeza fúnebre com um olhar perdido, olhando o nada, o vazio, o irreconhecível. Partir tem sons sutis, suaves, joviais e talvez esse seja o diferencial na carreira de Fabiana, que já vinha em outros discos explorando mais seu lado teatral com dosagem de uma grande voz. Mesmo não havendo lugares-comuns em algumas canções, Partir merece um pouco de atenção nas faixas Chicala (João Cavalcanti) e Entre o Mangue e o Mar (Alzira E. / Arruda), mas ressalvo: Partir não é o melhor disco de Fabiana Cozza, muito menos entrará na categoria de melhores discos do ano de 2015.


Partir (2015), o novo disco de Fabiana Cozza
Nota 7
Marcelo Teixeira

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