Sandra Duailibe: prestem atenção nela |
Ela
nasceu no Maranhão, foi criada no Pará, mas é em Brasília que Sandra Duailibe
divide seu tempo entre a poesia e a música. Dona de uma voz encantadora, que
potencializa qualquer ambiente e nutre uma energia de bem estar, a cantora
encontrou na musicalidade um vestígio para poder demonstrar o sabor de
diferentes partes do Brasil, em maravilhosos discos lançados no decorrer de sua
carreira e fazendo da música popular um significado ainda maior. Indicada ao
Grammy Latino, o prêmio máximo da Música, Sandra consegue ser uma cantora que
nos encanta a cada faixa de seus maravilhosos álbuns. Inventora de um estilo
que harmoniza entre a bossa nova e o popular, a voz aveludada de Sandra nos
remete aos bons e velhos tempos em que se fazer música era uma variante comum
entre os brasileiros. Sua inquietude é marcante e seus discos não caem na
mesmice e nem tem o tom de ser pejorativo.
Se acaso encontrar outro amor
Deixe a porta aberta pra entrar
Lamento se te incomodou
O meu jeito de amar
Trecho
de Bons Momentos
Hoje apresento neste artigo
o saboroso disco Do Princípio ao Sem-Fim (2006), disco tão virtuoso no quesito
qualidade, que fica impossível não acreditar no talento, na voz, na doçura e no
encantamento que Sandra nos passa. Regravando grandes nomes da MPB, Sandra
Duailibe nos apresenta um disco onde aponta uma versatilidade gigantesca com
sua voz e incita que realmente o país é dominado por vozes femininas.
Abrindo o disco com a bela Fruta Mulher (Vevé Calazans), a música
parece que foi posta no disco para poder provar que realmente Sandra é uma guerreira,
uma batalhadora e que foi diplomada e
contra a maré. Ivan Lins e Vitor Martins são agraciados na inquestionável
canção Doce Presença, uma música
marcada pelo romantismo, pela redescoberta do outro, pelo amor num contexto
geral. Sandra se firma definitivamente como cantora nesta música, sem deixar
rastros de qualquer dúvida.
Fátima Guedes, grande
compositora, aparece com Lua Brasileira,
contagiante música, que soa meio jazz e meio samba, para homenagear a lua, tão
distante e esquecida. Na praticamente inédita Morro de Saudade, Sandra homenageia o cantor e compositor
Gonzaguinha na sua forma mais sublime, destoando sua voz e nos banhando de
emoção. Grande sucesso dos Titãs, Epitáfio,
de Sérgio Britto, já gravada por Gal Costa, surge como uma novidade de todo o disco e fica
impressionante a maneira como Sandra Duailibe dá o tom nesta faixa, deixando
claro e evidente a sensibilidade que a canção transpassa. O regionalismo
aparece na bela Verdadeira Estrada,
de Antenor Bogéa e Simone Guimarães, dando mais uma dimensão do que é o amor e
seus sentimentos aflorados. Do Princípio
ao Sem-Fim fecha o disco com maestria. A faixa de Zé Américo (que produziu
o disco) juntamente com Salgado Maranhão, é de uma beleza incomum, destoando
ali toda a vivacidade de uma grande cantora.
Sandra traz para o disco uma
canção onde junta dois monstros sagrados da música brasileira: Pixinguinha e
Vinicius de Moraes na ótima faixa Mundo
Melhor. Com um disco com tantos nomes fortes na MPB, com a bela
interpretação de uma sensacional cantora, só poderia sair um excelente disco
como este de Sandra Duailibe. O disco é praticamente um hino ao amor e suas
aventuras e desventuras. Prazeroso do começo ao fim, com uma voz aveludada,
Sandra Duailibe nos apresenta uma obra rica em musicalidade, harmonia, técnica
e primor. Que venham outros discos dessa maravilhosa cantora, desta maravilhosa
voz e deste poço de cultura, que se chama Sandra Duailibe.
Faixas
·
Fruta Mulher
·
Bons Momentos
·
Lua Brasileira
·
Doce Presença
·
Morro de Saudade
·
Epitáfio
·
Foi com Você
·
A Vida é uma Canção
·
Refil
·
Meiga Presença
·
Ressurgir
·
Verdadeira Estrada
·
Mundo Melhor
·
Do Princípio ao
Sem-Fim
Do Princípio ao Sem-Fim /
Sandra Duailibe
Nota 10
Marcelo Teixeira
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