A boa música de Rita Ribeiro |
A
música de Rita Ribeiro incomoda, pois reafirma a posição de manter viva a
liberdade de culto e de expressão musical, trazendo uma novidade bem mais
agradável e valiosa. Ao romper o mês de São Jorge, ouvi um disco bastante
interessante! Acredito que a maioria das pessoas não ouvem um repertório, um CD
direito. Talvez as pessoas fiquem restritas pela música de trabalho, mas, com
toda a certeza, o projeto fonográfico de Rita Ribeiro em Tecnomacumba lhe convida
a ouvir o resto. A maranhense que antes já havia gravado preciosidades como Pérola
aos povos de 1999, em que lança a música de Zeca Baleiro Muzak, trouxe um arcabouço rico e
bastante condizente com o nome: tecnomacumba.
Ela acaba de criar, atrevidamente, um gênero, talvez um estilo. Sabendo que
muitos já macumbaram, entre eles,
Caetano, Gil, Bethânia e tantos outros, Rita relê algumas raridades e recria
novas roupagens, fora as novidades que são um show a parte. A concepção de
criação remete-se ao jeito mais faceiro e mais gostoso, que é o lado mais
dançante.
Impossível pensar diferente,
já que a palavra macumba significa
festa e que algumas músicas são chamamentos litúrgicos da umbanda e do
candomblé. Ao pensar em festa, num ritmo mais tocante e que se aproxima dos
toques de percussão, as músicas ganham uma roupagem mais moderna, arrojada e
inesperada: o tecno. Ao começar a ouvir, a impressão é que se pôr alto, aquele
vizinho acostumado em colocar bem alto louvores cristãos de pura apelação de cantores como Regis Danese, grupos como Toque
no Altar e da linda (mas insuportável) Aline Barros irá se assustar já na primeira música. Hoje, parece que
se você colocar bem alto as músicas de Rita Ribeiro você pode ser condenado a
uma censura de seu vizinho, achando-o incomodado.
E Todavia é! A música de
Rita Ribeiro incomoda, pois reafirma a posição de manter viva a liberdade de
culto e de expressão musical, trazendo uma novidade bem mais agradável e
valiosa. No repertório, ainda temos uma música que era desconhecida e que ao
inovar, carimba um formato único e imprescindível. Domingo 23 é de Jorge Ben Jor, e faz parte do disco Ben
de 1972 que inclui, também, o grande sucesso Taj Mahal. Sendo assim, o que era velho, foi possível se
transformar em novo, uma verdadeira alquimia que trouxe outras músicas para uma
batida diferente, entre elas Iansã de
Caetano Veloso e Gilberto Gil, Oração ao
Tempo de Caetano Veloso, Coisa da
Antiga de Wilson Moreira e Ney Lopes, Rainha
do Mar de Dorival Caymmi, Tambor de
Crioula de Junior e Oberdan Oliveira.
Além de criações próprias,
como Saudação (colagens de pontos e
cantos para orixás e guias espirituais) como abertura do CD, Jurema e Canto de Oxalá. E, também, temos outras novidades como a música
lindíssima E d’Oxum de Gerônimo e
Vevé Calazans, já interpretada por Davi Moraes e Maria Bethânia. Sem dúvida,
uma surpresa e, bem se bobear, capaz de virar uma verdadeiro clássico… ah, não,
já é!
Technomacumba
/ Rita Ribeiro
Nota
10
Marcelo
Teixeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário