Baby e o filho, Pedro: a volta |
Baby*
sempre foi do Brasil, mesmo quando assinava Consuelo. Apesar de ter trocado o
nome artístico em meados dos anos 90, a vida inteira misturou toda sorte de
ritmos em seu caldeirão, prevalecendo sempre o sabor tropical, bem brasileiro.
Não é por acaso que ela é a nossa única cantora brasileira que fez sucesso
cantando chorinho depois da fase áurea da rainha do gênero, Ademilde Fonseca e,
também uma das raras a cantar samba de um jeito furioso e esfuziante como outra
de suas referências, Elza Soares. E Baby também sempre fora polêmica. Ora com a
barriga de fora, ora cantando praticamente como se estivesse recebendo um santo
qualquer, Baby reproduziu no Brasil a espécie de uma das cantoras mais
populares e descoladas dos anos 1970.
Quando Baby e Pepeu Gomes (seu
então marido na época) alcançaram o topo das paradas de sucesso, foram
participar imediatamente do Festival da Música em Montreux [1980, Suíça], onde
cada um gravou seu primeiro disco ao vivo. Vale ressaltar que naquela época,
somente os verdadeiros e bons cantores da MPB ou de movimentos ricos de
imaginação e criação, eram convidados a participar do Festival da Suíça. Também
participaram do Rock In Rio [1985,
Rio de Janeiro], onde Baby estava grávida do seu filho caçula. Foi um choque
para a população ver Baby cantando com a barriga de fora, já que isso, na
época, era uma coisa fora do normal. Baby também aparece coberta de metais entortados
por Thomaz Green Morton.
Depois de um tempo afastada
da mídia e dos palcos e sem lançar praticamente nenhum disco, Baby troca o
Consuelo pelo do Brasil e se torna evangélica (o que, para mim, é a mais pura
identidade desprovida de consolidação artística). Encontrou-se única e detentora
de seus direitos através da igreja a qual pertencia e a partir deste momento,
uma nova transformação acontece na vida da cantora. Retornou aos palcos na
década de 90, já casada com o produtor Nando Chagas. O casamento durou 8 anos.
Baby finalmente assume o nome artístico Baby do Brasil. Grava um especial com
os Novos Baianos [Infinito Circular], em 1997. Também lança um livro chamado Peregrina
... Meu Caminho no Caminho, onde conta a sua passagem pelo caminho de
Santiago de Compostela [Espanha].
A verdadeira responsável pela
volta de Baby aos palcos foi da cantora Gal Costa, que, em conversa com Pedro,
filho guitarrista de Baby, propôs a ele a ideia de dirigir a mãe em comemoração
aos seus 60 anos de carreira, a qual ficou denominado Baby Sucessos. Talvez
seja um choque para todos, mais uma vez vinda de uma das cantoras mais loucas da MPB: com uma carreira marcada
por polêmicas e por altos e baixos, igrejas evangélicas, filhas pastoras,
maridos calados, filhos numerosos, musicalidade boa, troca de nomes, cabelos
coloridos, viagens, livros e a comemoração de seus 60 anos. É esperar para ver.
O
retorno de Baby do Brasil
Marcelo
Teixeira
*artigo
idealizado por Diogo Silva, escrito por Marcelo Teixeira.
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