O disco de Luzia: excelente |
A
estreia da cantora paulista Luzia Dvorek, que é casada com o ator Tarcísio
Filho há 11 anos, acontece cercada de expectativas, que são correspondidas à
altura. O álbum homônimo é marcado principalmente pela delicadeza e pela voz
mansa e cristalina da socióloga, filha de artista plástico e diretora teatral,
que chamou atenção ao chegar à semifinal de um festival de música realizado
pela TV Cultura. O talento é inquestionável e já foi devidamente reconhecido
até pelo inglês Sting, que teve o sucesso Fields
of Gold transformado na versão Ouro e
Sal, escrita por Zeca Baleiro e Lui Coimbra, que é uma das faixas mais
contagiantes do disco.
Produzido por Alê Siqueira,
o álbum é bastante diversificado e foi registrado no estúdio Ilha dos Sapos, em
Salvador (BA), pertencente a Carlinhos Brown, que participa de Cantiga de Menina, de Breno Ruiz e Paulo
Cesar Pinheiro ,e que começa com o ruído das ondas do mar. Considerado espécie
de padrinho do trabalho, Brown também é o compositor da faixa seguinte Pestaneja, que remete ao cantar de
artistas como Vanessa da Mata. O universo percussivo nordestino, com
referências ao mar e à ciranda, aparece também em Minha Sorte, de Rafael e Rita Altério.
Há também uma pegada mais
delicada em Ilusão da Casa, de Vitor
Ramil: As imagens descem como folhas/ No
chão da sala/ Folhas que o luar acende/ Folhas que o vento espalha/ ... / Eu
sei/ O tempo é o meu lugar/ O tempo é minha casa/ A casa é onde quero estar.
É o mesmo que se sente na linda regravação De
Amor Eu Morrerei, de Dominguinhos e Anastácia, transformada quase numa
cantiga para ninar, marcada pela sanfona de Marcelo Jeneci, e na romântica Pássaro Solto, de Vicente Barreto e
Paulo César Pinheiro: O que eu sei de
amor não saberia/ Sem um trecho de poesia/ Sem um verso de canção.
Marcelo Jeneci também toca
teclados em Amador, marcada por uma
emocionante veia oriental, graças aos gongos melódicos de Sergio Reze (que toca
bateria em outras faixas), ao koto e shamisen shen de Tamie Kitahara, e o
shakuhachi de Shen Ribeiro. O que comprova a grande preocupação de Luzia com a
musicalidade das canções, cercando-se de ótimos instrumentistas, caso do
arranjador Lincoln Olivetti, do violonista Paulo Dáflin, do percussionista
Boghan Gaboott, do tecladista Bruno Aranha e do flautista Uibitu Smetak, entre
outros.
André Mehmari é outro
convidado como tecladista de Choro das
Águas, que também conta com a participação especial de Ivan Lins, que a
compôs com Vitor Martins: Esse meu choro
não cabe no peito/ Arde por dentro e rola na face/ Molha por fora e estraga o
disfarce/ Lava esse coração. O álbum termina com o forte coro feminino da
graciosa No Colo da Lua Cheia/ Novo Amor,
de Roque Ferreira, Edu Krieger e Paulo Dáfilin, que toca violões: Com a cara e a coragem/ Meu coração foi
embora/ Meu coração coroado/ No colo da lua cheia/ Presa do fogo encantado/ Caiu
no canto de uma sereia.
Nasce uma nova estrela na MPB.
Seu nome é Luzia Dvorek. Ou simplesmente Luzia.
Nota 10
Luzia / Luzia Dvorek
Marcelo Teixeira
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