O disco, lançado em 2010 |
Encontro
de gerações. Essa é a palavra chave do último disco do cantor Milton
Nascimento, “...E a Gente Sonhando (2010 / EMI / 34,99). A ideia surgiu
quando o compositor folheava uma edição especial da revista Billboard sobre música brasileira e
descobriu em suas páginas algumas referências de cantores de sua cidade, Três
Pontas, no sul de Minas Gerais. Isso foi em 2006, e naquele mesmo ano, durante
três dias, o compositor percorreu bares, vendas e fazendas da região, e foi
desta maneira informal que ele se deparou com jovens talentos musicais. Ao todo foram selecionados 25 artistas –
entre cantores, instrumentistas e compositores - com uma abrangência musical
que passava do rock a ritmos regionais. O destaque ficou por conta das três
vozes masculinas que permeiam o disco. Trata-se de Bruno Cabral, 19, Ismael
Tiso Jr., 24 e Paulo Francisco, 27, que não só emprestaram suas vozes, como
também suas composições a essa nova empreitada.
Também estão presentes,
músicas inéditas de autoria do próprio cantor e algumas regravações, como Adivinha o Quê, de Lulu Santos, Resposta ao Tempo, de Cristovão Bastos e
Aldir Blanc e Estrela, Estrela, de
Vitor Ramil. Milton já havia feito um trabalho semelhante com o disco Pietá,
de 2002, quando contou com a participação das então novatas Simone Guimarães,
Marina Machado e Maria Rita.
O título deste novo trabalho
refere-se à segunda música - homônima - que Milton compôs na vida, no ano de
1960, quando ainda era um aspirante a cantor e trabalhava de datilógrafo em um
escritório em Belo Horizonte. Canção esta que permanecia inédita até hoje e que
foi resgatada dos arquivos especialmente para a ocasião. Lançado oficialmente
no dia 11 de setembro em sua cidade durante a 2ª Edição do Festival Música do
Mundo, o álbum chegará para todo o país no final de setembro.
Um ano depois do lançamento
do último trabalho - “Milton Nascimento & Belmondo” -
o cantor e compositor Milton Nascimento reúne um grupo de novos músicos e
cantores da cidade mineira de Três Pontas em seu novo álbum, “...e
a Gente Sonhando”. O disco reúne 16 faixas, entre temas já lançados
anteriormente por outros artistas, como Simone (Rares Maneiras), Lulu Santos (Adivinha
o Quê?) e Jota Quest (“O Sol”) e outros do próprio Milton (“... e a Gente
Sonhando”, “Amor do Céu, Amor do Mar”). A mistura de origens das composições
não soam estranhas quando colocadas lado a lado, graças à unificação que a
interpretação de Milton dá para as músicas e dos arranjos que - no geral - seguem
uma sonoridade jazzística.
Na bonita faixa-título, que
abre o disco, Milton divide os vocais com Bruno Cabral, sobre o piano de Wagner
Tiso que participa das gravações de quase todas as músicas. ...e
a Gente Sonhando não é um disco de altos e baixos. O álbum mantém um
nível intermediário, mas com alguns momentos que merecem especial atenção, como
em Estrela, Estrela, composição do
gaúcho Vitor Ramil, já cantada no primeiro disco de Maria Rita (2003).
A suavidade do instrumental,
da letra e da voz de Milton criam uma obra belíssima. Porém nessa mesma música
é perceptível que a idade deixa marcas na voz de Milton Nascimento. Ainda
marcante e bonita, mas com algumas cicatrizes.
Raras
Maneiras, composição de Tunai e Márcio Borges gravada por Simone
nos anos 80, ganha vida graças ao coro que também participa de outras canções e
ao sax de Widor Santiago. Outra regravação com ótimo resultado é O Sol, música do grupo Tianastácia
regravada pelo Jota Quest. É curioso observar com essa música como uma
composição pode ganhar um espírito tão diferente dependendo quem a canta. Outro
momento mais pop do disco em que Milton parece se soltar mais é no sucesso de
Lulu Santos “Adivinha o Quê?”. Versão
interessante.
...e a Gente Sonhando traz
bonitas canções, mas não parece ser um disco que vai render a Milton clássicos
para o repertório ou outros sucessos comerciais. Não que ele precise, claro,
mas falta algo marcante.
Nota
9
...e
a Gente Sonhando / Milton Nascimento
Marcelo
Teixeira
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