A cantora Marisa Monte |
Desde
Mais
(1991), o segundo disco de Marisa Monte em que ela realmente se mostrou capaz
de ser muito mais do que uma cantora de música americanizada ou supostamente de
jazz como aconteceu com Marisa Monte (1988) que a cantora
veio se mostrando como ela realmente é: Marisa Monte. E sabemos exatamente o
que esperar de cada disco de Marisa Monte: você sabe mais ou menos o que vai
encontrar e ninguém (seja fã ou não) pode dizer que foi ludibriado. Pois Memórias,
Crônicas e Declarações é nada mais (e nada menos) que um disco de
Marisa Monte.
Tem a produção
caprichosa-estilosa de Arto Lindsay (e co-produção de Marisa), um punhado de
canções com Carlinhos Brown e/ou Arnaldo Antunes, um samba das antigas (Gotas de Luar, de Nelson Cavaquinho e Guilherme
de Brito, cantado com toda a reverência de quem produziu um disco da Velha
Guarda da Portela) e alguns corretos resgates da MPB (Para Ver as Meninas, de Paulinho da Viola, e Cinco Minutos, de Jorge Ben). Se há algo curioso a se destacar
neste quinto disco da cantora, já em sua segunda década de carreira, é a
comovente simplicidade de algumas canções – o mais próximo da coesão estética
em que ela chegou até hoje em disco.
Disco de 2000: horrível |
Amor
I Love You (parceria com Carlinhos Brown), Não Vá Embora (com Arnaldo Antunes), O Que Me Importa (música que poderia ter sido gravada pelo Roberto
Carlos do começo dos anos 70, mas o foi por Tim Maia em seu terceiro disco, de
1972) e Não É Fácil (de Marisa,
Arnaldo e Brown) são verdadeiras declarações de amor à música pop-romântica – e
nem precisa ser fã de Marisa para gostar. Só estas músicas revelam a
simplicidade da cantora e em nada se parece com Marisa Monte. São musiquinhas
capengas, horríveis, pobres, nefastas e fúnebres, com um gosto e um apelo
sentimental às breguices encontradas em músicas de cantores capengas,
horríveis, pobres, nefastas e fúnebres.
E isso não acontecia há
muito tempo, desde os excelentes Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão
(1994) e Barulhinho Bom (1996) que Marisa não fazia algo tão
horripilante como essas músicas bregas com apelo para atrair um público mais
emblemático, arrastando asas para o determinado povão e sendo admirada e
aclamada pelos quatro cantos do Brasil. As pessoas até então não compreendiam
suas músicas e ela era considerada uma cantora de elite. Este conceito foi por
água abaixo após o lançamento do pior disco de sua carreira ou talvez o menos
aclamado. Após o sucesso de Amor I Love
You, Marisa ainda nos brinda com o CD ainda mais brega, intitulado Marisa
Monte (2001) sendo um compacto simples contendo a música A Sua.
Talvez pela falta de Nando Reis neste disco fraquissímo tenha dado este resultado horripilante. O passeio sem sobressaltos
pelos pouco mais de 40 minutos de Memórias acaba em um Caetano Veloso
inspirado com a bela canção Sou Seu Sabiá,
nos remetendo aos bons e velhos tempos de Marisa Monte.
Faixas
· 1 - Amor I Love You
· 2 - Não Vá Embora
· 3 - O Que Me Importa
· 4 - Não é Fácil
· 5 - Perdão Você
· 6 - Tema de Amor
· 7 - Abololô
· 8 - Para Ver As Meninas
· 9 - Cinco Minutos
· 10 - Gentileza
· 11 - Água Também é Mar
· 12 - Gotas De Luar
· 13 - Sou Seu Sabiá
Nota
5
Memórias,
Crônicas e Declarações de Amor / Marisa Monte
Marcelo
Teixeira
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