terça-feira, 22 de maio de 2012

A elegância de Juliana Kehl


O primeiro disco de Juliana
Fã de Gal Costa, Chico Buarque e Tom Jobim, Juliana Kehl é uma das cantoras e compositoras mais singelas, mais românticas e mais sensacionais que surgiram nos últimos tempos, estando sempre ao lado de novos talentos, como Tiê, Tulipa Ruiz e Céu.  Na voz, imagine uma mistura de Leila Pinheiro com Elis Regina. A música carrega os tons do samba e do eletrônico, a mistura de tintas, como ela mesma diz. E as letras levam a marca autoral que anuncia Juliana Kehl no hall das novas cantoras brasileiras em que vale a pena ficar de olho.

Por pouco, no entanto, a música perde esse talento. Quando adolescente, Juliana integrou o coral da Escola Rudolf Steiner, que a permitiu se apresentar em Nova York aos 17 anos. Contudo, a garota optou por direcionar a carreira para as artes plásticas, em que se graduou pela FAAP. Não tardou, enfim, para que a paulistana assumisse a veia musical. Anos depois musicou poemas da irmã, a psicanalista Maria Rita Kehl. O resultado é o álbum de estreia independente Juliana Kehl (2009 / Independente / 19,99), com 12 canções -- dez delas de sua autoria - recheadas de poesia e belas histórias.

Enigmas do meio artístico. Antes, um nome com pretensões de estrela teria de estourar até os 25 anos, a indústria não via com bons olhos os retardatários. Hoje, uma cantora como Juliana Kehl pode lançar seu primeiro disco aos 32 e ainda conseguir enxergar uma longa carreira pela frente. Para satisfazer a exigente aquariana, o novo álbum contou com 32 músicos diferentes. Desta maneira, Juliana deu o verniz necessário para que cada faixa fosse pintada com climas e texturas diferenciadas. O processo durou um ano. Das 12 canções, dez delas foram compostas por ela.

O disco chegou da fábrica no começo de 2009, mas quase um ano foi necessário para que fosse lançado. Convites de gravadoras como o da Som Livre brecaram o processo, mas Juliana decidiu lançá-lo de maneira independente. Até na arte do CD ela deu seu pitaco. A foto que estampa a capa é, propositalmente, uma forma de levar o imaginário aos anos 60. Elogiada pela imprensa e alçada a revelação da música nacional, seu disco teve a primeira tiragem de mil cópias rapidamente esgotada.

Juliana já nasceu musicada, envolta pela música, sua base disciplinar já estava estabelecida deste os tempos de coral, aonde chegou a se apresentar no Camegie Hall em Nova Iorque. Completa, a bela jovem formada em artes plásticas empresta às suas composições um pouco do universo artístico que a inspira… Além da música, também são notáveis as nuances da literatura e até da dança no caso da concepção do clipe de “Rede de Varanda” em seu primeiro trabalho autoral.

Delicada e forte, sua música parece romper os estigmas da crítica acostumada com a pastinha das cantoras brasileiras. Um trabalho rico em detalhes rítmicos confundindo a metrópole com o interior e o sul com o norte. Se perder, talvez seja essa a direção da música dessa jovem.

Para nos perder, ou para nos encontrar entre ritmos, sons e poesia.



Faixas

·       01. Rede de Varanda

·       02. Ele Não Sabe Sambar (Pedrarias, Prata e Pó)

·       03. Oiê

·       04. Viação Cometa

·       05. A Música Mais Bonita

·       06. Sinhô do Tempo

·       07. Outras Mulheres

·       08. A Ciranda e a Moça

·       09. Tá Perdido, Nego

·       10. Diadorim, o Sertão é do Lado de Dentro

·       11. Vinheta Carnação

·       12. Carruagem





Nota 10



Juliana Kehl / Juliana Kehl



Marcelo Teixeira

Nenhum comentário: