O primeiro disco de Juliana |
Fã de
Gal Costa, Chico Buarque e Tom Jobim, Juliana Kehl é uma das cantoras e
compositoras mais singelas, mais românticas e mais sensacionais que surgiram
nos últimos tempos, estando sempre ao lado de novos talentos, como Tiê, Tulipa
Ruiz e Céu. Na voz, imagine uma mistura
de Leila Pinheiro com Elis Regina. A música carrega os tons do samba e do eletrônico,
a mistura de tintas, como ela mesma
diz. E as letras levam a marca autoral que anuncia Juliana Kehl no hall das
novas cantoras brasileiras em que vale a pena ficar de olho.
Por pouco, no entanto, a
música perde esse talento. Quando adolescente, Juliana integrou o coral da
Escola Rudolf Steiner, que a permitiu se apresentar em Nova York aos 17 anos.
Contudo, a garota optou por direcionar a carreira para as artes plásticas, em
que se graduou pela FAAP. Não tardou, enfim, para que a paulistana assumisse a
veia musical. Anos depois musicou poemas da irmã, a psicanalista Maria Rita
Kehl. O resultado é o álbum de estreia independente Juliana Kehl (2009 / Independente
/ 19,99), com 12 canções -- dez delas de sua autoria - recheadas de poesia e
belas histórias.
Enigmas do meio artístico.
Antes, um nome com pretensões de estrela teria de estourar até os 25 anos, a
indústria não via com bons olhos os retardatários. Hoje, uma cantora como
Juliana Kehl pode lançar seu primeiro disco aos 32 e ainda conseguir enxergar
uma longa carreira pela frente. Para satisfazer a exigente aquariana, o novo
álbum contou com 32 músicos diferentes. Desta maneira, Juliana deu o verniz
necessário para que cada faixa fosse pintada com climas e texturas
diferenciadas. O processo durou um ano. Das 12 canções, dez delas foram
compostas por ela.
O disco chegou da fábrica no
começo de 2009, mas quase um ano foi necessário para que fosse lançado.
Convites de gravadoras como o da Som Livre brecaram o processo, mas Juliana
decidiu lançá-lo de maneira independente. Até na arte do CD ela deu seu pitaco.
A foto que estampa a capa é, propositalmente, uma forma de levar o imaginário
aos anos 60. Elogiada pela imprensa e alçada a revelação da música nacional, seu
disco teve a primeira tiragem de mil cópias rapidamente esgotada.
Juliana já nasceu musicada,
envolta pela música, sua base disciplinar já estava estabelecida deste os
tempos de coral, aonde chegou a se apresentar no Camegie Hall em Nova Iorque.
Completa, a bela jovem formada em artes plásticas empresta às suas composições
um pouco do universo artístico que a inspira… Além da música, também são
notáveis as nuances da literatura e até da dança no caso da concepção do clipe
de “Rede de Varanda” em seu primeiro trabalho autoral.
Delicada e forte, sua música
parece romper os estigmas da crítica acostumada com a pastinha das cantoras
brasileiras. Um trabalho rico em detalhes rítmicos confundindo a metrópole com
o interior e o sul com o norte. Se perder, talvez seja essa a direção da música
dessa jovem.
Para nos perder, ou para nos
encontrar entre ritmos, sons e poesia.
Faixas
·
01. Rede
de Varanda
·
02.
Ele Não Sabe Sambar (Pedrarias, Prata e Pó)
·
03.
Oiê
·
04.
Viação Cometa
·
05.
A Música Mais Bonita
·
06.
Sinhô do Tempo
·
07.
Outras Mulheres
·
08.
A Ciranda e a Moça
·
09.
Tá Perdido, Nego
·
10.
Diadorim, o Sertão é do Lado de Dentro
·
11.
Vinheta Carnação
·
12.
Carruagem
Nota 10
Juliana Kehl / Juliana Kehl
Marcelo Teixeira
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