Essa Mulher: o melhor de Elis está aqui |
Em
1979, Elis Regina entraria para a história da música popular brasileira com
mais um disco arrebatador: Essa Mulher. Com direito a uma
pintura a óleo da cantora na contracapa e com flores espalhadas pelo encarte do
disco, Elis apresentou uma seleção de dez músicas ditas das melhores de sua
carreira, com muita técnica vocal, postura, brilho e sofisticação. Claro que o
álbum viria a se tornar um marco na carreira da brilhante cantora e hoje esse
mesmo álbum está fadado a ser classificado como Best Sellers em muitas estantes por onde passo. Recentemente, tenho
ouvido muito este disco, graças às dicas e palpitações e citações de meu amigo
carioca, Jaime Santana, que é apaixonado pela diva e, como ele frisa, a melhor
cantora do Mundo.
De João Nogueira a João
Bosco, passando por Cartola e Sérgio Natureza, Elis soube pincelar as melhores
músicas dos melhores compositores da época. Mas o disco é inteiramente
feminino, a começar pelo título, Essa Mulher, pontada,
principalmente, por aquele brilho de sofrimento que as mulheres carregavam nos
anos 1970 e hoje em dia algumas ainda carregam. Um misto de feminilidade com
politicagem, Essa Mulher nos envolve pela desenvoltura da escolha de um
repertorio fantástico e esmagatório com relação à obra da artista e até mesmo sobre
seu disco anterior, Transversal do Tempo, em que a política e a carga pesada de
Elis, as revoltas, o governo, o ódio e o rancor afloravam a cada canção. E
talvez seja esta a fascinante magia que Elis nos deixa de lição: a de não ser a
mesma sempre. Transversal do Tempo é um disco ao vivo, político, pesado,
grandioso. Essa Mulher é um disco feminino e com uma pincelada política (O Bêbado e a Equilibrista).
Com participação
especialíssima de Cauby Peixoto na belíssima música Bolero de Satã, temos dois grandes ícones da música em um disco
repleto de emoção. A curiosidade talvez ficasse por conta de um disco ser
feminino, contar apenas com a participação de duas compositoras, Ana Terra, que
deu o título ao disco e Sueli Costa, que nos apresenta Altos e Baixos em uma interpretação perfeita e nítida.
Do engraçado Cai dentro, a política O Bêbado e a Equilibrista, da feminina Essa Mulher, da dor de cotovelo de
Cartola (e seu grande clássico) Basta de
Clamares Inocência, da sensualíssima Beguine
Dodói, da malandragem de Eu Hein Rosa,
do sentimental Altos e Baixos, da
explosiva Bolero de Satã, da volta
por cima da mulher abatida e humilhada em Pé
Sem Cabeça e fechando com a emocionante As
Aparências Enganam, Elis nos transporta para o melhor de seu repertório,
com a certeza total e absoluta de saber que é a maior cantora do Brasil.
Faixas
01.
Cai dentro (Baden Powell - Paulo César Pinheiro) (2:41)
02.
O bêbado e a equilibrista (Aldir Blanc - João Bosco) (3:49)
03.
Essa mulher (Ana Terra - Joyce) (3:50)
04.
Basta de clamares inocência (Cartola) (3:42)
05.
Beguine dodói (Cláudio Tolomei - Aldir Blanc - João Bosco) (2:15)
06.
Eu hein Rosa! (Paulo César Pinheiro - João Nogueira) (3:36)
07.
Altos e baixos (Aldir Blanc - Sueli Costa) (3:28)
08.
Bolero de Satã (Guinga - Paulo César Pinheiro) (3:31)
09.
Pé sem cabeça (Ana Terra - Danilo Caymmi) (2:57)
10.
As aparências enganam (Sergio Natureza - Tunai) (4:08)
Essa
Mulher / Elis Regina
Nota
10
Marcelo
Teixeira
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