Luciana Mello surpreende |
Doses generosas de samba, baladas envolvidas em sonoridades delicadas, uma pitada de jazz e um repertório que parece ter sido escolhido à dedo. Assim é (resumidamente claro!) 6º Solo mais recente trabalho da cantora Luciana Mello lançado nos últimos meses de 2011. O álbum expõe uma brasilidade musical madura com arranjos feitos na dose certa para a voz firme da moça. Luciana buscou pérolas nos trabalhos de gente tarimbada da MPB para criar um ambiente cheio de nuances, sem medo de colocar no mesmo caldeirão os diferentes temperos da nossa música. Frescor e atemporalidade andam de mãos dadas por todo o álbum. O repertório traz o poder de fogo dos versos de Gonzaguinha na faixa Recado, a força das raízes africanas em Áfrico de Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro e a levada cheia de swing do irmão Jairzinho Oliveira em Tchau. Isso sem falar na elegância de Couleur Café de Serge Gainsbourg que tem a participação do alemão-franco-canadense Cornelle e do samba de primeira Mentira, onde Luciana divide os vocais com o paizão cheio de categoria Jair Rodrigues. Tudo isso na produção bem conduzida de Otávio de Moraes, que com muita sensibilidade captou perfeitamente o que Luciana queria dizer.
6º Solo deixa Luciana Mello confortável para buscar na diversidade sonora todas suas influências e raízes e à partir daí ampliar seu território sonoro. Já fazia quatro anos que Luciana Mello não lançava um disco seu. Com 6º Solo, a cantora mostra que o tempo foi importante para que conseguisse colocar em prática antigos desejos. Um deles foi o de gravar com a banda tocando ao vivo, no estúdio.
O apego ao natural vem no embalo da paixão pela música brasileira. Em 6º Solo, Luciana deixa o soul um pouco de lado para experimentar também ritmos que têm a ver com sua origem. Ela cresceu com a oportunidade de ouvir MPB dentro de casa, ao lado do pai e dos amigos deste. Esse disco mostra toda essa influência brasileira, que é do seu pai, do seu irmão, dos músicos que conheceu.
O pai, Jair Rodrigues, participa na música Mentira e ninguém melhor que ele para chamar do que o cara que lhe apresentou o samba. O músico canadense Cornelle divide a canção “Couleur Café” com Luciana. O disco abre com Chico César (Descolada) e Tchau (Jair Oliveira). O repertório traz também a bela Se For Pra Mentir, de Arnaldo Antunes.
6º Solo – Luciana Mello
Nota 10
Marcelo Teixeira
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