A melhor voz do Brasil |
Brasília, a capital do Brasil,
produz um seleiro de cantoras dignas de respeitabilidade mútua perante o mundo.
É difícil não depararmos ao menos com uma cantora que não tenha estado em
Brasília, passado um tempo em Brasília ou, melhor, ter nascido em Brasília. A
efervescência da música aconteceu (e ainda acontece) em Brasília. No final dos
anos 1970, predominavam os ritmos regionais como o forró e a música sertaneja e
já nesta época, despontava no grupo Secos e Molhados o cantor Ney Matogrosso,
que fora profissional da área de saúde na capital federal. No começo dos anos
1980, surgiram várias bandas de rock vindas de Brasília que despontaram no
cenário nacional, como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, todas com
influência punk. Na mesma época, um carioca criado em Minas Gerais, Oswaldo
Montenegro, se tornava conhecido na cidade, montando espetáculos de cujo elenco
fazia parte Cássia Eller, que seria, anos mais tarde, uma das maiores cantoras
do Brasil.
Nesta
mesma época surgiu, paralelamente ao cenário do rock, o reggae de Renato Matos
e outros movimentos culturais que criaram o Projeto
Cabeças, de onde surgiram vários artistas de Brasília. Na década seguinte,
despontaram o hard core dos Raimundos e o reggae do Natiruts. Alguns músicos e
cantores que moraram em Brasília durante esse período foram Ney Matogrosso,
Zélia Duncan e membros da Legião Urbana e dos Paralamas do Sucesso.
Brasília
produz muita música de qualidade, muitas cantoras respeitadas e admiradas. Mais
recentemente, o choro vem ganhando adeptos em Brasília, resultando na criação
de clubes de choro, como o Clube de Choro de Brasília. A capital do Brasil
também é adepta da bossa nova e por lá vive o grande Roberto Menescal que,
juntamente com cantoras do naipe de Márcia Tauil, Sandra Duailibe, Emília
Monteiro, Cely Curado e Nathália Lima, fazem de Brasília uma das efervescências
mais abundantes e sedutoras que já vi.
Conheci
o trabalho e a voz doce de Nathália Lima ao ouvir o disco Ela Cantam Menescal,
o que eu apelidei de As Quatro Vozes, por se tratarem de quatro grandes vozes
para homenagear um grande compositor. E confesso que me apaixonei por essa
cantora, doce, meiga e encantadoramente divina. Nathália Lima tem o dom de
exprimir suas qualidades artísticas como quem sabe o que quer, mas também como
quem não sabe o tamanho de sua grandeza.
Prestes
a lançar um novo disco, Nathália Lima vêm ultimamente se apresentado em shows
por Brasília cantando Gonzaguinha e para quem não está na capital brasiliense
vale a pena conferir os ensaios que existem pelas redes sociais. Nathália Lima
canta interiormente e tentamos descobrir como pensa, sente e age em suas
interpretações. Singela, a cantora norteia um repertório com sensibilidade e
astúcia e nocauteia-nos com uma voz cristalina. Revela-nos o íntimo da alma, o
seu eu interior, suas esperanças,
sonhos, ideais, suas motivações: a música. Às vezes é possível que percebamos
essa manifestação em sua voz, esse brilho em seu cantar, esse magnetismo
sensível que nos passa a emoção maior de sua música e assim não estamos reprimindo
os nossos sentimentos e impulsos, pois a música que Nathália Lima canta passa a
ser única.
Nathália
Lima canta com a feminilidade brasileira que talvez a música exija e consegue
com a compreensão e a descoberta de um novo som nos passar algo valioso,
atuando como força positiva todo o ambiente em que está. É o prazer em cantar
que está presente todas as suas manifestações, em todos os seus poros e em
todos os seus trejeitos singulares e mansos. A serenidade de Nathália Lima faz
a efervescência cultural de Brasília ser mais rica e dinâmica.
A voz doce de Nathália
Lima
Marcelo Teixeira
Um comentário:
Que lindo artigo sobre Nathália Lima!
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