Virgínia Rosa: a entrevistada |
Não
é fácil ser Virgínia
Rosa¹: além de dar vida à papéis importantes tanto na TV como no
teatro, a cantora conseguiu uma brecha em sua agenda para receber o Mais Cultura
Brasileira e nos brindar com sua simpatia e cordialidade para nos falar
sobre sua história musical e seus planos futuros. Seus trabalhos são
expressivos e marcantes, como a Dora, a mãe protetora da personagem de Camilia
Pitanga na novela Babilônia – 2015; uma
das mulheres retratadas em música na peça Palavra
de Mulher – 2011 até o momento; faz uma bela homenagem à Carmen Miranda no
musical Na Batucada da Vida – 2009 até
o momento e Dona Zica em Cartola, O Mundo
é um Moinho – 2016. Cantou Monsueto com brilhantismo total, dividiu vocal
com inúmeros artistas conceituados e hoje reina absoluta com uma carreira
sólida que conquistou aos poucos. De Itamar Assumpção passando por Cartola e
Clara Nunes, a cantora nos conta suas
preferências, suas inspirações e sua paixão musical. Elogiada por dez entre dez
estrelas do nosso cenário artístico, Virgínia é uma artista humilde, que tem
sempre o sorriso largo no rosto e que nos cativa com seu canto, seu olhar e sua
voz poderosa, impactante e emocionante. Nestes cinco anos de escrita homérica
sobre a música nacional, tenho o prazer e a felicidade de poder entrevistar uma
das cantoras que estava namorando
para este momento desde 2012.
¹foto de Gal
Oppido (acervo Virgínia Rosa)
Marcelo Teixeira - A sua relação com Itamar
Assumpão era muito forte e vibrante e o próprio Itamar deixava a todos no palco
inquietos com suas provocações musicais. O que você herdou de Itamar e o que
você mais guarda de lembrança dele?
Virgínia Rosa - Tenho uma lembrança
muito boa e instigante. Itamar foi um artista genial e extremamente exigente que
às vezes era até difícil conviver, mas que me passou essa inquietação boa que
nos deixava na corda bamba e nos empurrava para frente a todo momento, não tinha
acomodação. Tudo era novidade pra mim naquele tempo, a estética musical muito
diferente do que eu já tinha ouvido, as
pessoas... Mas como papai em casa já me mostrava coisas novas como os Secos
& Molhados, The Beatles e etc, essa curiosidade e abertura para o novo já
começava no meu lar através do Sr. João,
quando recebi o convite para estar na Banda Isca de Polícia. Aceitei, mesmo não
sabendo muito bem onde chegaria com esse novo som. Meu pai me disse: Vá, minha
filha, quem sabe abrem umas portas para você? E eu fui!
MT -
Em Cartola – O Mundo é Um Moínho (2016),
você interpretou um ícone dos bastidores
do samba e foi uma responsabilidade enorme,
que te trouxe o grande reconhecimento do público e da mídia. Como foi a
sensação de poder ser Dona Zica no teatro?
VR - Foi um presente, um convite, uma
oportunidade de mergulhar em um personagem que existiu e que traz em sua
trajetória de vida toda a força de superação, ternura e amor ao ser humano, à
vida! A construção da minha Dona Zica não existiria sem as indicações generosas
de sua neta Nilcemar Nogueira, toda cumplicidade com Flavio Bauraqui e a
confiança de Roberto Lage e Jô Santana que viram em mim essa possibilidade. No
mais segui a minha intuição pedindo licença à Dona Zica e que ela me abençoasse.
MT
– Você fez uma linda homenagem à Clara Nunes no disco Virginia Rosa Canta Clara
(2015). De onde veio a inspiração para poder homenagear uma das maiores
cantoras do Brasil?
VR - Ouvi Clara Nunes dentro do meu lar,
minha mãe já cantarolava. Depois já cantora profissional, precisamente em 2004,
participei de um show em homenagem aos ABC do samba, Alcione, Bete Carvalho e
Clara Nunes juntamente com outras cantoras. Nesse show escolhi 6 canções do repertório da Clara, entre elas Canto das Três Raças e cantando essas
músicas e especialmente o CANTO DAS TRÊS
RAÇAS me comoveu muito e também percebi a emoção tomar conta da plateia. E
essa emoção me levou a um lugar que eu nunca tinha estado antes que é o
encontro com a nossa ancestralidade e essa sensação me levou à vontade de
cantar mais Clara, conhecer mais o seu repertório e sobre ela. Daí comecei a
fazer os shows por São Paulo e algumas outras cidades. Como era um show já
pronto fui propor um circuito de shows pelo SESC e como resposta recebi um
convite através do professor Danilo Miranda para gravar um CD sobre esse
trabalho para minha surpresa.
MT – Um disco?
VR - Canção do Amor Demais (Elizeth Cardoso)
MT
– Um cantor e uma cantora.
VR
- Luiz Melodia e Concha Buika.
MT – Quais
foram suas influências musicais?
VR –
Muitas. Vou citar algumas cantoras que passearam por mim, entre elas: Clara Nunes,
Elizeth Cardoso, Elis Regina, Edith Piaf, Clementina de Jesus, Maria Callas,
Billie Holiday, Meredith Monk, Laurie Anderson, Marisa Monte, Cássia Eller,
Amália Rodrigues, Madonna e assim vai... Quanto aos músicos, as influências
foram Astor Piazzolla e Bill Evans.
MT
– Vírginia Rosa por Vírginia Rosa.
VR - Uma pessoa em busca. Inquieta e calma
ao mesmo tempo. E essa busca é algo que dê sentido a nossa existência tão
efêmera e o que podemos fazer para valer o tempo que passamos nesse mundo. Busco
isso no meu dia-a dia e através da minha arte. Essa sou seu.
MT
– O que te inspira a cantar?
VR - Uma vontade enorme de fazer uma coisa
bonita, no caso, cantar e ver a reação de prazer que isso me causa e também nas
pessoas que me ouvem. A emoção sempre está nos meus shows e isso é
transformador para mim e para a platéia.
MT
– Televisão, teatro, música... o que podemos esperar de Virginia Rosa para
2017?
VR - Ainda não sei, mas estou aí, viva e
atenta aos sinais e convites que possam vir (risos) Concreto: A temporada do musical Cartola no Rio de janeiro
entre março, abril e maio e devemos
fazer algumas capitais também. Continuarei a fazer shows de lançamento do CD
Virgínia Rosa Canta Clara pelos SESCs, os projetos especias também devem
continuar, Palavra de Mulher, Na Batucada da Vida... E começarei a trabalhar o
novo disco.
MT -
Música é...?
VR - Um bálsamo para humanidade.
O
Mais
Cultura Brasileira e eu, ensaísta e crítico musical deste blog, assim
como os inúmeros leitores, agradecemos à você, Virgínia, por este momento
único. Muito obrigado e sucesso sempre!
Entrevista
com Virgínia Rosa
Por
Marcelo Teixeira
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