Virgínia Rosa: uma voz espetacular |
A elegância, a sofisticação, a
naturalidade de sua voz e o respeito para com seu público são marcas
registradas da cantora e atriz Virgínia Rosa,
que acabou de fazer uma das temporadas teatrais mais emocionante do ano ao
interpretar Dona Zica em Cartola – O Mundo é um Moinho, no teatro Sérgio
Cardoso, fora a sua magistral interpretação em Palavras de Mulher, ao lado de Lucinha Lins e Tânia Alves, que rodou o Brasil inteiro cantando as músicas de Chico Buarque. Os resquísitos básicos de uma grande diva da música são estes citados
acima, mas para Virgínia é preciso muito mais adjetivos para poder
contempletá-la. As nuances de sua voz assim como as possibilidades de perfeição
que alcança com as notas lançadas dão o frescor de sua garra como cantora e nos
levam ao delírio máximo de êxtase absoluto. Enquanto os elementos mais
alienados da música popular brasileira usam de todos os meios possíveis para se
promover e agir, a cantora segue por uma linha que beira a bonança e o triunfo
por chegar em um momento sublime da carreira sem desprezar ninguém. Virgínia
trabalhou com Itamar Assumpção, o louco maldito
da música vanguarda dos anos 1980 e desse experimento surgiu uma mulher
completa na cultura brasileira, sendo capaz de nos hipnotizar com seu carisma e
nos brindar com sua categoria postural e brilhante. Virgínia canta com emoção, com sentimento,
alma e são essas energias que a fazem brilhar cada dia mais. A questão da
música popular brasileira vir sofrendo uma dependência quimíca abstrata nos
tempos atuais faz com que a qualidade musical seja cada vez mais banida de uma
esfera de categoria que engloba a resolução de uma resposta imediata para a
massa que necessita ouvir boas coisas, mas Virgínia impera absoluta neste campo
e consegue transmitir seu recado sem a necessidade de se perder ou se expor de
forma contrária. É preciso ouvir Virgínia Rosa porque ela representa a alma
lírica da música popular, traduzindo sua fidelidade e comunicação com o povo
brasileiro, pois quem a ouve entende perfeitamente sua química, seu
encantamento, sua beleza e seu resultado gratificante. Ouçamos mais Virgínia
Rosa pela astúcia de seu trabalho, pelo vigor de sua responsabilidade cultural,
pelo seu talento descomunal e pela conservação de seu canto. Ouçamos Virgínia
Rosa pela densidade de sua categoria exemplar, pela fibra que carrega, pela
disposição de seu carinho. Ouçamos Virgínia Rosa e isso será um ato de respeito
à nossa própria cultura.
Por
que devemos ouvir Virgínia Rosa?
Por
Marcelo Teixeira
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