Homenagem e tédio sobre Tom Jobim |
Se Tom Jobim estivesse vivo, na
certa estaria triste e chateado em qualquer canto do Rio de Janeiro ou tentando
dizer onde foi que eu errei? Mas Tom
está morto e na certa ele está se revirando lá no céu com Vinicius de Moraes,
numa conversa demasiadamente risonha, tentando mandar uma carta telepática para
seus fãs, ressaltando para ficarmos calmos, pois esta fajuta homenagem que a
dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó fizeram será passageira. E assim espero. O
pai e tio de Sandy e Júnior fizeram questão de estragar a incrível obra de Tom
Jobim, colocando por terra abaixo todo o prestígio e sabor de cada nota, cada
respiração, cada sensação e cada sílaba cantada em verso. Se não bastasse, a
dupla resolveu colocar no título o estranho nome de Tom
do Sertão, sabendo todos que Tom Jobim nunca pisou em searas
sertanejas. Sim, Chitãozinho e Xororó erraram ao homenagear um dos maiores
compositores deste Brasil, erraram ao abordar músicas como Águas de Março e Eu Sei que
vou Te Amar e erraram em escolher capas horrendas com teor caipira. Tom
Jobim era muito mais que isso: era a essência de uma qualidade musical muito
superior a de seu tempo, tendo a capacidade incrível de ser um dos pais da
Bossa Nova, tendo a originalidade de lançar cantoras magistrais e fazer com
elas duetos sensacionais. A busca incessante de Chitão e Xororó por novas
tendências musicais revela o quão a dupla está inepta a novas musicalidades de
seu próprio cancioneiro. E resolveram mastigar e triturar a obra de Tom,
artista que não combina com a musicalidade da dupla sertaneja. Deterioraram a
obra de Tom, arranharam notas, pisaram em falso sobre músicas já imortalizadas
por grandes vozes e fizeram deste álbum, Tom do Sertão
(2015 / 27,99), ser o pior lançamento do ano. Quando um determinado
cantor não conhece a obra do homenageado, resulta nisso: um disco fraco, sem
qualidade, feito às pressas, sem condição de notas inspiradoras e sem a essência
exigida por amantes da verdadeira música popular brasileira. Sim, Chitãozinho e
Xororó pisaram em ovos, pensando eles que esses ovos eram inquebráveis.
Tom do Sertão /
Chitãozinho e Xororó
Nota 3
Marcelo Teixeira
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