O óbvio do mesmo |
É sempre assim: Ney lança um disco
de inéditas, aguarda a aceitação e a degustação do público e em seguida lança o
mesmo disco em versão ao vivo. Isso já vem acontecendo na carreira do cantor há
um bom tempo, sempre com grande repercussão e sendo maior ainda que o disco de
origem gravado em estúdio. Talvez a mais bem sobrevinda aceitação seja o disco Ao Vivo, gravado em 1999, após o mega
sucesso Olhos de Farol explodir e
trazer de volta um Ney Matogrosso escondido no seu tempo. Depois dessa data, a
vida musical de Ney tomou um novo rumo e a sequencia de discos em estúdio e
logo em seguida um registro ao vivo tornaram-se marcas registradas de sua
discografia. Assim como Beijo Bandido
Ao Vivo e Vagabundo Ao
Vivo, que tinham lá seus atrativos para que o registro ficasse
diferente do disco de estúdio, Atento Aos
Sinais Ao Vivo (2014 / Som Livre / 26,90) não repete o mesmo feito:
Ney trouxe novas capas, novas luzes, novas malemôlencias, novas tendências, mas
o que se vê aqui é uma cópia fiel do disco em estúdio, porque não há uma
divisão do original para o disco ao vivo. Ou seja, Ney reportou todo o segmento
de Atento aos Sinais para o disco Ao Vivo, não tendo a criatividade de ao
menos embaralhar, misturar, confundir ou surpreender ao público que ali estava
no momento da gravação ou até mesmo os que posteriormente comprariam seu disco.
Há, sim, um jogo de sensualidade em algumas faixas do disco, mostrando que Ney,
no auge de sua carreira e de sua idade, ainda persiste em se mostrar o quão
articuloso e sensual é. Mas de nada adiantou tudo isso, pois o disco ficou
parecido (e muito) com a do primeiro grande registro de 1999. Seu lado político
floresceu e Vida Louca Vida, de
Bernardo Vilhena e um certo Lobão faz pouca diferença sobre o álbum, assim como
as versões canhestras de Two Naira Fifty
Kobo (Caetano Veloso) e Ex – Amor
(Martinho da Vila). A impressão que se passa, é que o disco foi feito arrastado
e às pressas, tendo em vista que a música Tupi
Fusão (excelente por sinal) foi cantada de forma rápida e rasteira. Mas a
criatividade de Ney vai além de tudo isso e, para tanto, incluiu Astronauta Lírico (Vitor Ramil), fazendo
aqui um diferencial extraordinário em todo o disco. Mesmo assim, o disco não
merece destaque algum pela simples forma de não trazer ao público a sensação de
novidade, da explosão de Ney no palco, da testosterona que existe dentro de si
e nem a magnitude de um senhor com mais de 70 anos transvestido no palco. Tudo
se repete. E Atento Aos Sinais Ao Vivo
se repetiu a versão do óbvio.
Ney Matogrosso
não empolga em disco ao vivo / Ney Matogrosso
Nota 5
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