terça-feira, 28 de maio de 2013

Os voos de Mônica Salmaso em Voadeira

  
Voadeira: o melhor de Mônica
Nascida em São Paulo, Mônica Salmaso começou sua carreira na peça O Concílio do Amor dirigida pelo premiado diretor Gabriel Villela em 1989. Em 1995, gravou o CD Afro-Sambas, um duo de voz e violão arranjado e produzido pelo violonista Paulo Bellinati, contendo todos os afro-sambas compostos por Baden Powell e Vinícius de Moraes. Foi indicada para o Prêmio Sharp – 1997 como Revelação na categoria MPB. Foi vencedora do Segundo Prêmio Visa MPB – Edição Vocal, pelo juri e aclamação popular em 1999. Foi ganhadora do prestigioso Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) de 1999, e o CD Voadeira recebeu os mais rasgados elogios, sendo considerado pela crítica como um dos dez melhores lançamentos do ano. Na edição do dia 4 de fevereiro de 2002 do The New York Times, o crítico Jon Pareles coloca Mônica Salmaso como um dos principais nomes surgidos recentemente na música popular brasileira.

Classifico o CD como uma lindeza pura de uma brasilidade única. Mônica fascina a cada sílada cantada, a cada verso cantado e a cada disco lançado. Sua beleza cantada é favorecida a uma grande interpretação e uma grande voz, diferenciada de outras cantoras. Em Voadeira, Mônica Salmaso equilibra gêneros distintos da música brasileira como o samba, a valsa, o baião, o xote e a modinha, revelando sua visão distinta e elegante a cada interpretação e leitura musical.

Em Voadeira, Mônica Salmaso equilibra gêneros distintos da música brasileira como o samba, a valsa, o baião, o xote e a modinha, revelando sua visão distinta e elegante a cada interpretação e leitura musical. Tudo aqui é encantador, mágico, belo, espontaneo e brasileiro. A cantora Mônica Salmaso é apontada por músicos e críticos como uma das grandes revelações dos últimos tempos e até mesmo por setentões como Chico Buarque e a queridinha dos japoneses, como a cantora Joyce Moreno. Sendo seu terceiro (e ótimo) disco de carreira, Voadeira sela sua maturidade e maior liberdade artística.

Em um mercado pródigo em vozes femininas estridentes e exaltadas, o Brasil ainda carece de grande cartazes que façam ecoar mundo afora e Mônica Salmaso se destaca pela sutileza. Há tons melancólicos em algumas faixas que flui de seu timbre de contralto e permeia todo o repertório, dando mais qualidade e resistência ao seu talento.

O CD é equilibrado por músicas inéditas de Mário Gil, Ná Ozzetti e Itamar Assumpção e Joyce Moreno se misturando com obras-primas de Chico Buarque, na excelente Valsinha, que foi uma parceria com Vinicius de Moraes. Chama a atenção a arrepiante O Vento, de Dorival Caymmi.

A coerência impede que a diversidade de ritmos – samba, modinha, valsa e xote – se converta em tiroteiro de balas extremamente perdidas. Voadeira tem instrumentação mínima, o que valoriza as qualidades da cantora e a textura das canções escolhidas com critério. Os arranjos são impressionantes em Beradêro, música de Chico César, que conta apenas com o contrabaixo de Rodolfo Stroeter. O samba Ilu Ayê (Terra da Vida) é reconstruído sobre a pontuação ritímica dos pandeiros e das cuícas de Marcos Suzano.

O título do disco sugere altos voos. Voadeira é um barco que sobe o Rio São Franciso, como cita a música de Chico Buarque e tem um sentido de assistir à vida e navegar contra a corrente. E tudo se parece com água, que nada sem parar e tem uma fluência emocional que é dificil explicar.


Voadeira – Mônica Salmaso
Nota 10
Marcelo Teixeira

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