A dama Sandra Duailibe |
O cenário musical da MPB está cheio de ótimas cantoras com influências das mais diversas possíveis, que vão do chorinho a bossa nova, passando pelo rock e até o folk. De nomes como Emília Monteiro e Olívia Gênesi surgem vozes que tem ganhado cada vez mais espaço e importância na música nacional. Outras, como Karina Buhr e Bárbara Eugênia, se destacam já no álbum de estreia sendo grandes promessas. Mas, como as novidades nesse meio não param, surgem surpresas muito boas e que merecem toda a nossa atenção, como é o caso da cantora Sandra Duailibe, que já está na estrada há um tempo e que me surpreende toda a vez em que a ouço cantar. Sandra é uma dessas cantoras que nos agarram logo no primeiro minuto e mesmo sem ter que cantar, sua fisionomia é impactante, nos hipnotiza e nos acalma de uma tamanha forma, que fica impossível não se apaixonar por ela. E Brasília, a capital do país, tem me deixado muito realizado e feliz com as cantoras lá residentes, como já venho retratando aqui no Mais Cultura Brasileira! com nomes como Cely Curado, Nathália Lima e Márcia Tauil.
A música de Sandra Duailibe foi feita para cantar o amor e todos os seus adjetivos — que de certo não existia ainda quando os primeiros homens cantaram. A envolvente voz dessa cantora nos remete a lembrarmos do quanto a vida é única e bela e do quanto a música popular brasileira é viva, real e sublime. Sandra canta com a necessidade de celebrar magnificamente os deuses e a natureza, e de conservarmos na memória, pela sedução de seu cantar, as leis da felicidade. A poesia estende-se sempre por um fio condutor, e tenderá constantemente a aproximarmos, nos conceitos mais puros, mais belos e mais concisos, as ideias que estão nos interessando e nos conduzindo ao ouvir sua voz. Acessando o site da cantora (www.sandraduailibe.com.br), você terá todas as informações sobre shows, lançamentos de discos e outras coisas boas.
A dimensão de Sandra Duailibe não se traduz apenas pela doçura da sua voz, mas também pela intensidade com que vive cada uma das músicas que interpreta e que representam não só a sua forma de ser e de estar, mas que mostram a realidade do povo brasileiro, amantes da boa música popular brasileira. Mulher de grandes viagens, Sandra já cantou de Chico Buarque a Lenine com a maestria digna das grandes damas dos palcos e deixando as melodias ainda mais deliciosas.
A receita do sucesso não tem mistério nenhum: uma produção bem caprichada, no estilo banquinho, voz e violão fazem parte de quase todos os seus discos. Sandra apresenta algumas canções da forma como elas foram criadas, mas na maioria das vezes, a desconstrução das melodias fazem toda a diferença, como o caso de Tatuagem, de Chico Buarque e Ruy Guerra, gravada no disco Voz e Piano (2011), cantada com sutileza de detalhes acompanhada do piano de Leandro Braga ou no caso de Morro de Saudade, de Gonzaguinha, canção quase esquecida do filho do Gonzagão, gravada no disco Do Princípio ao Sem-Fim (2006).
É com essa liberdade que Sandra Duailibe transita por diversos estilos musicais. Nascida em São Luís, no Maranhão, a cantora hoje reside em Brasília e é uma das cantoras que conseguem administrar bem sua carreira, traçando sua própria musicalidade com um trato íntimo com a harmonia. Sandra canta bem e é sempre um convite para ouvi-la mais e mais. Quatro discos lançados, sendo o último em homenagem à Roberto Menescal, chamado Elas Cantam Menescal (2012), um dos patronos da Bossa Nova, Sandra tem um repertório variado que vale a pena escolher, permitir, sem faltar espaço para esquecê-la, tampouco desanimar. O importante é deixar a música penetrar em seus poros e ouvidos e descobrir cada nova sensação a cada música ouvida. Seja qual for o jeito escolhido, ouvir Sandra Duailibe se conjuga com todas as formas variantes de se ouvir uma boa música.
Pautada na leveza de sua melodia, a cantora já flutua alto e faz shows em Paris, Brasília e aonde sua música a levar. Sandra Duailibe fala com um mundo inteiro como quem traça mesmo um plano para ser ouvida. Mas não faz de sua carreira como esses matemáticos e calculados, com pressa ou com medos. Sem restrição nenhuma, a cantora optou pelo amor para contar, em cada uma das músicas, as histórias que gosta de pensar.
A grande dama dos palcos: Sandra Duailibe
Marcelo Teixeira
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