Silvestre: surpresa mineira |
A música de Minas Gerais sempre esteve em alta. De lá saíram cantores como Luiz Marques, João Bosco e foi pra lá que Milton Nascimento resolveu desenvolver sua carreira artistíca, se tornando um dos maiores cantores do Brasil. Atualmente, um dos destaques é o cantor José Augusto Silvestre, que trás em seu disco Tempo Breve uma levada caprichosa, com músicas gostosas de ouvir e uma sonoridade rica. Se a ideia é conhecer um pouco mais do que se tem feito de bom e de qualidade em terras mineiras, em termos de música em Minas Gerais, a dica é ouvir do começo ao fim as belíssimas canções que norteiam Tempo Breve. José Augusto Silvestre têm uma coisa moderna, que nos remetem à MPB dos anos 1970. É a canção, o encontro de uma voz calma e serena de um cantor e compositor que já têm estrada em Belo Horizonte. Seu disco é um trabalho intimista e sofisticado.
Tempo Breve traz todo o engenho, a arte e a diferenciada harmonia de Minas, num disco para ouvir com atenção. O violão e a voz de José Augusto combinam harmoniosamente com a bela voz de Marina Machado, grande descoberta de Milton Nascimento que reúne aqui um dos mais belos duetos feitos dentro da MPB atualmente, com arranjos em que os cantores se revezam em acompanhamentos e inspirações. Vale a pena ouvir o duelo de vozes em Doce Paisagem. O belo e o novo. O inovador e a sensação de bem estar aos ouvidos e a alma. O cantor e a cantora.
Para qualquer artista, o processo de criação de uma obra está intimamente ligado a isto: insipirações. Jogar a tinta em uma aquarela e ordená-la de uma forma lógica (ou não). Rabiscar, mudar palavras, rasgar pedaços e inutilizar páginas de um escrito. Tudo é cortado, colado, mutilado, refeito, reinventado. A música de José Augusto Silvestre requer uma atenção ambigua de tudo o que ele produz e tenta nos passar. Sua música é magistral e universal e o que me agrada ainda mais em sua musicalidade, é que José Augusto é um compositor contemporâneo e autoral. Nada aqui é regravado. Tudo se exprime através de algo inovador, novo, caracterizado por uma voz ordenada com os estilos e com o tempo.
Quando ouvimos músicas como Sol da Manhã, que nos deixa cantarolando por horas ou Doce Preguiça e sua letra sublime, é de se perguntar os reais motivos do porque a grande mídia não dá espaço a artistas maravilhosos escondidos neste Brasil enorme. José Augusto Silvestre tem em sua melodia uma mineirice caprichosa, deliciosa e espetacular. Já na abertura do disco temos todos os motivos para escutarmos e apreciarmos este grande músico. A levada rock está presente em Edital, carregadas nas sutilezas de versos em prosas.
O exercício constante da produção artística é uma tentativa de se imprimir à obra um caráter novo, ainda que ele passe pelo velho. Na música, isso fica mais evidente. O compositor, o cantor, o violonista, todos que habitam a obra de José Augusto Silvestre usam suas sensibilidades a favor da reinvenção e, ao mesmo tempo em que pisam numa areia movediça de sentimentos, amadurecem neste processo, enxergando o cipó cada vez mais próximo. A sensibilidade poética que faltava na música popular brasileira está presente, de corpo e alma, na boa música que José Augusto Silvestre nos propõe. O tempo de José Agusto Silvestre é hoje e seu tempo nunca será breve.
Contatos: www.joseagustustosilvestre.wordpress.com
Fone: (31) 8815 8774
Contatos: www.joseagustustosilvestre.wordpress.com
Fone: (31) 8815 8774
Tempo Breve – José Augusto Silvestre
Nota 10
Marcelo Teixeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário