O melhor disco de Vanessa |
A primeira imagem que vem é de Marisa Monte. Para quem não está habituado com a sonoridade do primeiro disco de Vanessa da Mata, estranhará a sua voz logo no primeiro som. Vanessa da Mata não esconde em seu CD de estreia os vários pontos de semelhança com a colega mais velha. Parte dos mesmos princípios de Marisa, da compositora razoável/boa cantora/artista decidida. Para dar o salto próprio, chega em parte contaminada, como também acontecera com Marisa no final dos anos 80. Parece já haver gente à beça a seu redor. Levada pela multidão, ela já chegou ultrapassando as origens próprias, que poderiam colocá-la entre a aguda timidez mato-grossense de Tetê Espíndola e a audácia pop cosmopolita de Marisa Monte. Cercada de novas influências, viaja também ao suingue de Jorge Ben (em Não Me Deixe Só e Viagem), ao samba estilizado em pop (Alegria, de Assis Valente), às orquestrações caetânicas de Jaques Morelenbaum.
Interiorana cosmopolita, abriga esse furacão de referências nos caracóis dos enormes cabelos revoltos. Mirando talvez alvos populares, vem embalada em uma capa deliciosa de disco, que faz pensar em Clara Nunes, cantora que a própria Vanessa adora e se inspira. Mas o que ela é? Quem é Vanessa da Mata para uma época em que não havia cantoras com tanta determinação e ousadia e, por que não, diferenciada? Ainda não era possível saber, não no primeiro disco lançado em 2002, pois a neblina era intensa. Mas em Vanessa da Mata (hoje disco raro) já vem a primeiro plano um esforço pautado pela palavra que a moça mais repete ao longo das canções: delicadeza. Sua voz, sempre afinada, é frágil, chegando a permitir que seu primeiro grito de guerra (Não Me Deixe Só) seja uma doce confissão de insegurança e ousadia.
Interiorana cosmopolita, abriga esse furacão de referências nos caracóis dos enormes cabelos revoltos. Mirando talvez alvos populares, vem embalada em uma capa deliciosa de disco, que faz pensar em Clara Nunes, cantora que a própria Vanessa adora e se inspira. Mas o que ela é? Quem é Vanessa da Mata para uma época em que não havia cantoras com tanta determinação e ousadia e, por que não, diferenciada? Ainda não era possível saber, não no primeiro disco lançado em 2002, pois a neblina era intensa. Mas em Vanessa da Mata (hoje disco raro) já vem a primeiro plano um esforço pautado pela palavra que a moça mais repete ao longo das canções: delicadeza. Sua voz, sempre afinada, é frágil, chegando a permitir que seu primeiro grito de guerra (Não Me Deixe Só) seja uma doce confissão de insegurança e ousadia.
O ano de 2002 era da Vanessa da Mata. Tem gente que, além de esforço pessoal, tem uma baita estrela que a acompanha. Mesmo assim, tem trajetória maior e melhor que muita gente que tem mais de um trabalho registrado em disco. Maria Bethânia já gravou música sua A força que nunca seca, dela e Chico César e para ganhar ainda mais prestígio, virou nome de CD da cantora baiana. Vanessa também cantou ao lado de Bethânia e de Caetano Veloso e Milton Nascimento a conheceu num jantar em São Paulo. Ouviu suas músicas e, na primeira oportunidade, quando apresentava o show Crooner na capital paulista, convidou-a para uma participação ao seu lado. Tem mais: Vanessa já se apresentou com Baden Powell e Daniela Mercury, que também gravou música sua. Tem parcerias com Lokua Kanza e Ana Carolina, além de Chico César.
Confessar-se frágil torna-se elemento constituinte de sua crença na delicadeza. E daí nasceria (será?), a força que nunca seca que revela e conduzira Vanessa para um todo além do horizonte. Na voz quente, não há insegurança. Por trás do pandemônio, há personalidade. Vanessa conseguiu, já ao fim do disco, após ouvir com exatidão, voar de vez para longe das comparações com Marisa Monte e se tornou uma das maiores cantoras do Brasil, alcançando, inclusive, o 2º lugar na categoria das 30 Maiores Cantoras do Brasil de todos os tempos.
Vanessa da Mata – Vanessa da Mata
Nota 10
Marcelo Teixeira
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