quinta-feira, 18 de abril de 2013

Nos Horizontes de Leila Pinheiro


Um dos melhores de Leila
Leila Pinheiro é muito conhecida como uma bossa-novista que não esteve naquele tempo áureo de Tom Jobim ou Vinicius de Moraes, mas teve o aval e apadrinhamento do primeiro para poder cantar toda a discografia precisa do maior compositor brasileiro de todos os tempos. Mesmo com discos muito além da bossa nova, Leila Pinheiro conseguiu imprimir em sua discografia, discos quase autorais, como Na Ponta da Língua e Nos Horizontes da Vida, hoje retratado aqui no Mais Cultura. E Leila teve muito o que celebrar em 2005, ano do lançamento do disco, pela Universal. Contratada pela Biscoito Fino no ano seguinte, a cantora lançou um de seus melhores discos, Nos Horizontes do Mundo - o primeiro gravado com autonomia desde 1998, ano em que apresentou o delicioso CD Na Ponta da Língua (já resenhado aqui no blog).

Sem obstinação, Leila arriscou na disparidade e estimulou a nova onda de parcerias como Joyce com Luiz Tatit na saborosa Deu no que Deu, Marcos Valle com Jorge Vercilo, na dançante Pela Ciclovia e, sobretudo, Chico Buarque com Ivan Lins - na inquietante, Renata Maria). Leila gravou ainda soberbas inéditas de Fátima Guedes (A Vida que a Gente Leva) e Francis Hime, com participação de John Donne e Geraldo Carneiro (Gozos da Alma), além de ter recriado de forma sublime a triste canção Onde Deus Possa me Ouvir, do mineiro Vander Lee, em registro que superou (e muito) a gravação feita por Gal Costa em 2002, em Gal Tropical.

Tiranizar, de Caetano Veloso e César Mendes, foi um dos achados de Leila para compor o novo disco, porque a música ficou muito deliciosa de ouvir e dá aquela sensação de quero mais. Assim como O Amor e Eu, um sambinha genioso de Eduardo Gudin, outro grande amigo de Leila. Nuestro Juramento é um bolerão dos bons do porto-riquenho Benito de Jesus e ...E Muito Mais é uma boa embolada que somente os irmãos João Donato e Lysias Ênio sabem fazer.

Mas não são todos que conseguem gravar Minha Alma, do grupo O Rappa com tamanha maestria. Vânia Abreu o fez em seu disco Eu Sou a Multidão e o resultado ficou bacana. Aqui, Leila Pinheiro utiliza a música Juízo Final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares), com voz de Nelson, como incidental tanto no início como no fim da canção. Ficou boa, mas poderia ser melhor e nem por isso tira o mérito de todo o álbum.

A faceta de compositora aparece em Delicadeza tocada apenas ao piano e a parceria com Renato Russo surge em Hoje, uma música calcada no sentimento puro e sincero sobre a vida. Simone Guimarães a presenteia com Vem, Amada, uma canção leve, que trata sobre o amor e suas singelezas perdidas. Encerrando (assim como Na Ponta da Língua) com Walter Franco, grande amiga da cantora, A 60 Minutos Por Hora revela que sessenta minutos por hora não precisa ter pressa para chegar a lugar nenhum.

Nos Horizontes do Mundo (letra de Paulinho da Viola) repousa Leila Pinheiro no primeiro time de cantoras nacionais, depois de muito caminhar com discos a sombra da bossa nova.

 
Nos Horizontes do Mundo / Leila Pinheiro

Nota 10

Marcelo Teixeira

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