Um dos melhores de Leila |
Leila
Pinheiro é muito conhecida como uma bossa-novista que não esteve naquele tempo
áureo de Tom Jobim ou Vinicius de Moraes, mas teve o aval e apadrinhamento do
primeiro para poder cantar toda a discografia precisa do maior compositor
brasileiro de todos os tempos. Mesmo com discos muito além da bossa nova, Leila
Pinheiro conseguiu imprimir em sua discografia, discos quase autorais, como Na
Ponta da Língua e Nos Horizontes da Vida, hoje
retratado aqui no Mais Cultura.
E Leila teve muito o que celebrar em 2005, ano do lançamento do disco, pela
Universal. Contratada pela Biscoito Fino no ano seguinte, a cantora lançou um
de seus melhores discos, Nos Horizontes do Mundo - o primeiro
gravado com autonomia desde 1998, ano em que apresentou o delicioso CD Na
Ponta da Língua (já resenhado aqui no blog).
Sem obstinação, Leila arriscou
na disparidade e estimulou a nova onda de parcerias como Joyce com Luiz Tatit
na saborosa Deu no que Deu, Marcos
Valle com Jorge Vercilo, na dançante Pela
Ciclovia e, sobretudo, Chico Buarque com Ivan Lins - na inquietante, Renata Maria). Leila gravou ainda soberbas
inéditas de Fátima Guedes (A Vida que a
Gente Leva) e Francis Hime, com participação de John Donne e Geraldo
Carneiro (Gozos da Alma), além de ter
recriado de forma sublime a triste canção Onde
Deus Possa me Ouvir, do mineiro Vander Lee, em registro que superou (e
muito) a gravação feita por Gal Costa em 2002, em Gal Tropical.
Tiranizar, de
Caetano Veloso e César Mendes, foi um dos achados de Leila para compor o novo
disco, porque a música ficou muito deliciosa de ouvir e dá aquela sensação de
quero mais. Assim como O Amor e Eu,
um sambinha genioso de Eduardo Gudin, outro grande amigo de Leila. Nuestro Juramento é um bolerão dos bons
do porto-riquenho Benito de Jesus e ...E
Muito Mais é uma boa embolada que somente os irmãos João Donato e Lysias
Ênio sabem fazer.
Mas não são todos que
conseguem gravar Minha Alma, do grupo
O Rappa com tamanha maestria. Vânia Abreu o fez em seu disco Eu Sou a Multidão
e o resultado ficou bacana. Aqui, Leila Pinheiro utiliza a música Juízo Final
(Nelson Cavaquinho e Élcio Soares), com voz de Nelson, como incidental tanto no
início como no fim da canção. Ficou boa, mas poderia ser melhor e nem por isso
tira o mérito de todo o álbum.
A faceta de compositora aparece
em Delicadeza tocada apenas ao piano
e a parceria com Renato Russo surge em Hoje,
uma música calcada no sentimento puro e sincero sobre a vida. Simone Guimarães
a presenteia com Vem, Amada, uma
canção leve, que trata sobre o amor e suas singelezas perdidas. Encerrando
(assim como Na Ponta da Língua) com Walter Franco, grande amiga da cantora,
A 60 Minutos Por Hora revela que sessenta minutos por hora não precisa ter
pressa para chegar a lugar nenhum.
Nos Horizontes do Mundo (letra
de Paulinho da Viola) repousa Leila Pinheiro no primeiro time de cantoras
nacionais, depois de muito caminhar com discos a sombra da bossa nova.
Nos
Horizontes do Mundo / Leila Pinheiro
Nota
10
Marcelo
Teixeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário