A filha do grande Itamar |
Anélis
Assumpção - que responsa - é filha do inesquecível Itamar Assumpção, o homem
que revirou de ponta cabeça a MPB na virada dos anos 70 para os 80. Mas não é
que esse DNA todo, nesse caso, só ajudou? Pai e filha tem muita coisa em comum:
a poesia concreta/urbana/urgente; a mensagem desafiadora; os arranjos
desconstruídos, entre o jazz, o pop e a MPB tradicional. Somam-se a essas
atávicas semelhanças, a sua privilegiada vocação vocálica, o dub impassível, a
suavidade insuspeita e o distanciamento natural da sua atualidade, que a mantém
imune a rótulos absurdos que lançavam maldição às gerações passadas. Da sua
geração, só faltava ela lançar disco solo ( as suas ex-companheiras de Dona
Zica, Andréia Dias e Iara Rennó já debutaram).
Não falta mais: seu CD/LP Sou
Suspeita, Estou Sujeita, Não Sou Santa, está entre os melhores
lançamentos a qual posso comentar. A demora em lançar o disco tem
justificativas fortes: a compositora maturou suas canções enquanto produzia a
antologia definitiva da obra de seu pai, Caixa Preta ( com todos os discos de
carreira + dois inéditos). E o destino fez mais. Itamar havia prometido
produzir o primeiro disco da filha mais velha, se em contrapartida ela o
ajudasse a botar toda a sua discografia em dia. E mesmo com seu falecimento em
2003, tudo aconteceu como prometido: com o dinheiro da Caixa Preta, que o Mais
Cultura! fez questão de resenhar em artigo, Anélis conseguiu bancar as
gravações e a produção de seu disco - de uma maneira ou de outra, o pai cumpriu
seu trato também. E a faixa de abertura é de quem? ele, Itamar Assumpção,
claro. Abrindo clareira pra filha, que lança um disco a altura.
Sou
Suspeita, Estou Sujeita, Não Sou Santa / Anélis Assumpção
Nota
10
Marcelo
Teixeira
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